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22.12.20

QUINTA DA TORRE BELA.

 

Azambuja: ministro retira licença de caça à quinta onde foram mortos 540 animais e avança com queixa no MP



O ministro do Ambiente deu ordem de revogação imediata da licença de caça turística da Quinta da Torrebela, na Azambuja, onde foram mortos 540 veados e javalis, tendo anunciado que vai avançar com uma queixa no Ministério Público por indícios de crime contra a preservação da fauna.

Em comunicado, o Ministério do Ambiente e da Ação Climática informou que, em articulação com o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), "procederá de imediato a uma participação junto do Ministério Público sobre os acontecimentos na Herdade da Torrebela, no concelho da Azambuja."

"No processo de averiguação realizado pelo ICNF, no qual está a ser coadjuvado por uma brigada da GNR/SEPNA, foram recolhidos fortes indícios de prática de crime contra a preservação da fauna durante uma montaria realizada a 17 e 18 de dezembro, na qual terão participado 16 caçadores. Em simultâneo, o ICNF irá proceder à suspensão imediata da licença da Zona de Caça Turística de Torrebela (nº 2491-ICNF), no seguimento do abate de 540 animais naquela herdade cercada. As averiguações realizadas pelo ICNF permitiram recolher fortes indícios de incumprimento por parte da entidade concessionária da zona de caça, designadamente as respeitantes ao fomento e gestão sustentável da fauna, entre outros incumprimentos", acrescenta a mesma nota. 

O Ministério do Ambiente revela ainda que, no início do ano, irá convocar o Conselho Nacional da Caça para "se realizar uma reflexão sobre a prática de montarias em Portugal. É entendimento do Ministério que são necessárias alterações à lei para impedir que os vis acontecimentos relatados se repitam".

A tutela de João Pedro Matos Fernandes realça ainda que "entende que as denúncias e notícias sobre o abate indiscriminado de animais na Herdade da Torrebela nada tem a ver com a atividade cinegética, entendida como uma prática que pode contribuir para a manutenção da biodiversidade e dos ecossistemas".

O Instituto da Conservação da Natureza tinha revelado ontem, segunda-feira, que abrira um processo para averiguar junto da Zona de Caça Turística de Torrebela “os factos ocorridos e eventuais ilícitos” relacionados com o abate de 540 animais numa montaria na Azambuja.

Numa nota enviada à comunicação social, o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) referia que não tivera "conhecimento prévio desta ação”, que ocorreu numa zona de caça concessionada como Zona de Caça Turística (ZTC) de Torre Bela à Sociedade Agrícola da Quinta da Visitação, SAG, Lda.

O caso provocou críticas maiores também porque está em avaliação a possibilidade de se instalar na zona um parque de paineis fotovoltaicos.  A montaria teve um segundo objetivo.?


O que levou à autorização desta montaria, numa zona de grande sensibilidade ecológica, envolta em polémica, onde inclusivamente está prevista a instalação de uma central fotovoltaica com 775 hectares e cujo Estudo de Impacte Ambiental (EIA) encontra-se em ase de consulta pública até 20 de janeiro de 2021”, lia-se numa partilha nas redes sociais.

 

Federação de caça diz que caçada na Azambuja terá ocorrido por causa de central fotovoltaica


  A Federação Portuguesa de Caça (FENCAÇA) repudiou hoje o abate de 540 animais na Herdade Torre Bela, no concelho da Azambuja, adiantando que a caçada terá ocorrido para poder ser construída uma central fotovoltaica no local.

De acordo com a FENCAÇA, existe um projeto de uma "mega central fotovoltaica" com mais de 750 hectares (ha) para aquele local, no distrito de Lisboa, que se encontra em processo de consulta pública.

"Tomámos conhecimento pelas redes sociais e pela comunicação social de que este fim de semana teriam sido realizadas caçadas na Herdade da Torre Bela, concelho da Azambuja, onde teriam sido abatidos cerca de 540 exemplares de caça maior, naquilo que foi apresentado como um `extermínio`, para alegadamente dar lugar a uma central fotovoltaica", avançou a entidade em comunicado.

Alertando para a polémica em torno do projeto, a FENCAÇA adiantou que a empreitada obrigaria também ao abate de um número elevado de sobreiros, espécie florestal que possuí estatuto de proteção, e pediu ao Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) para investigar esta caçada.

"Importa assim que o ICNF averigue urgentemente as circunstâncias em que este abate ocorreu na Herdade da Torre Bela e se o mesmo foi uma ação de gestão da população, devidamente programada e nos termos previstos na lei, necessariamente com caráter sustentável; ou se, pelo contrário, ocorreu um abate massivo de animais tendo em vista o seu `extermínio`, aniquilando o património cinegético aí existente [...]", indicou a federação.

Segundo a FENCAÇA, os princípios da caça terão sido violados, bem como os princípios gerais da Lei de Bases Gerais da Caça.

"Apesar de a Herdade da Torre Bela ser uma propriedade murada, nunca aí poderia ocorrer um `extermínio` das populações de caça maior (como noticiado por vários órgãos de comunicação social), exceto no caso de se tratar de uma impreterível medida de emergência sanitária, designadamente para contenção de um surto, o que teria de ser previamente decretado pelo ICNF em conjunto com a DGAV [Direção-Geral de Alimentação e Veterinária], o que não terá sido o caso", acusou.

Sobre as imagens divulgadas nas redes sociais, a FENCAÇA considerou que as mesmas indiciam que poderão ter sido "violadas algumas disposições legais e procedimentos, desde logo uma deficiente utilização de selos para marcação de exemplares abatidos".

De acordo com a organização, os selos devem ser adquiridos previamente aos atos de caça.

"A FENCAÇA solicita que o ICNF averigue cabalmente a situação ocorrida no passado fim de semana, tendo em vista a apurar se houve violação da legislação vigente e, caso se confirme que tal ocorreu, a sancionar os responsáveis de forma consonante", precisou.

A Federação Portuguesa da Caça lamenta ainda a forma como os organizadores do evento reagiram nas redes sociais, que se terão vangloriado do "abate massivo, contrariando todos os princípios éticos que devem estar subjacentes ao nobre ato de caçar".

Entretanto, o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) já fez saber que vai suspender a licença da Zona de Caça de Torre Bela, com efeitos imediatos, e que apresentou ao Ministério Público uma participação de crime contra a preservação da fauna.

"O ICNF irá proceder à suspensão imediata da licença da Zona de Caça Turística de Torre Bela (n.º 2491-ICNF), no seguimento do abate de 540 animais naquela herdade cercada. As averiguações realizadas pelo ICNF permitiram recolher fortes indícios de incumprimento por parte da entidade concessionária da zona de caça, designadamente as respeitantes ao fomento e gestão sustentável da fauna, entre outros incumprimentos", pode ler-se num comunicado divulgado pelo Ministério do Ambiente e da Ação Climática.

A tutela refere que, em articulação com o ICNF, "procederá de imediato a uma participação junto do Ministério Público sobre os acontecimentos na Herdade da Torre Bela", no distrito de Lisboa.

Na segunda-feira, o Instituto da Conservação da Natureza abriu um processo para averiguar junto da Zona de Caça Turística de Torre Bela, concessionada à Sociedade Agrícola da Quinta da Visitação, SAG, Lda., "os factos ocorridos e eventuais ilícitos" relacionados com estes abates.

O jornal `online` O Fundamental divulgou no domingo que 540 animais, a maioria veados e javalis, foram abatidos numa montaria nos últimos dias.

O abate, segundo o jornal, será sido "publicitado" nas redes sociais "por alguns dos 16 `caçadores` que terão participado" na iniciativa.

 

26.11.20

JOSÉ MANUEL PRISTA ( Meteorologista ) )

 Foi com um sentimento de pesar que recebi esta notícia. Não conhecia o senhor pessoalmente, mas como alguns outros que pela televisão " convivem " connosco tinha por ele admiração. Repouse em paz.

Faleceu José Manuel Prista

José Manuel Prista2020-11-20 (IPMA)

O IPMA lamenta informar do falecimento de José Manuel Prista, vítima de doença prolongada. Parte assim do nosso convívio mais um meteorologista que, ao longo de décadas, informou, esclareceu e divulgou a meteorologia e o clima e foi uma das caras mais conhecidas e acarinhadas da meteorologia portuguesa, contribuindo para a construção da moderna meteorologia portuguesa.

Apaixonado desde sempre pela meteorologia, conhecedor profundo dos fenómenos meteorológicos e climáticos, José Manuel Geoffroy Prista, nascido a 21 de março de 1940, foi previsor meteorológico durante toda a vida profissional, chefiando na divisão de informação a apresentação televisiva do "estado do tempo", e supervisionando a Meteorologia em Macau e nos Açores, entre a década de 70 e meados dos anos 2000, interessando-se em particular pelo papel da atmosfera no desencadeamento e propagação de incêndios rurais.

Tornou-se conhecido dos portugueses através das apresentações que fez na televisão ao longo de décadas, onde sempre combinou a grande capacidade de comunicador com a interpretação científica dos processos atmosféricos.

Até ao fim dos seus dias, foi um apaixonado pela meteorologia, colecionando adágios e provérbios populares relacionados com o tempo e os fenómenos atmosféricos, fotografando cataventos pelo país fora e, nos últimos tempos, efetuando pequenas previsões domésticas a partir de uma pequena estação meteorológica montada num terreno junto à sua casa.

O IPMA endereça à família e amigos as mais sinceras e sentidas condolências.

14.11.20

D.G.SAÚDE.

Estudo arrasa dados da DGS sobre Covid-19 usados em análises científicas

Mortos que desaparecem, infeções a mais ou a menos que não batem certo com os números divulgados publicamente pela própria DGS e milhares de casos mal preenchidos no Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica.

Um estudo assinado por 12 investigadores da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, acabado de publicar numa revista científica internacional, conclui que as bases de dados do Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica (SINAVE) que têm sido fornecidas à comunidade científica, nos últimos meses, sobre os casos de Covid-19, têm uma qualidade baixa, erros, inconsistências e muita informação em falta.

Mais grave: os problemas anteriores têm levado outros estudos, feitos com base nesses dados, a apresentar conclusões que podem não estar corretas, nomeadamente no maior ou menor risco de determinados doentes, com doenças crónicas já existentes, terem mais complicações se contraírem o novo coronavírus.

O artigo a que a TSF teve acesso prévio avisa que desta forma os dados disponibilizados pela Direção-Geral da Saúde (DGS) aos investigadores das academias apenas podem ter usos muito limitados e pouco úteis para ajudar a travar a pandemia.

A lista de falhas é longa e inclui detalhes caricaturais e outros que revelam problemas mais estruturais na parte da base de dados do SINAVE - aquela que é preenchida pelos médicos - que foi a única que a DGS aceitou enviar aos investigadores.

Por exemplo, casos de um doente com 134 anos e três homens classificados como 'grávidos', bem como 19 doentes que supostamente teriam tido a doença antes do primeiro caso que se sabe que foi diagnosticado em Portugal.

Há ainda meses com muito menos doentes do que os revelados nos boletins diários da DGS e outros meses com mais... mas também meses (maio) com metade dos mortos publicamente conhecidos e outros (junho) com zero vítimas - quando se sabe, pelos boletins diários, que nesse mês a pandemia matou 155 pessoas.

Por outro lado, 90% dos casos da base de dados fornecida pela DGS não apresenta a data do teste positivo e uma grande parte não diz se o infetado teve ou não necessidade de ir para os cuidados intensivos.

Entre as duas bases de dados enviadas aos investigadores, uma em abril e outra em agosto, existiam muitas informações diferentes, para os mesmos doentes, em milhares de casos, nomeadamente nas doenças preexistentes (8.902 casos).

Na primeira base de dados, 40% dos infetados estavam identificados como não tendo doenças crónicas prévias, mas, na segunda, as mesmas pessoas já surgiam como não se sabendo se essas doenças existiam.

Cristina Costa Santos, uma das 12 investigadoras do Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde (CINTESIS) e do Departamento Medicina da Comunidade da Universidade do Porto, explica que mais preocupados ficaram quando descobriram que há pelo menos três artigos científicos já publicados que usam os dados fornecidos pela DGS, sendo que em pelo menos um deles os resultados acabaram por ficar claramente "enviesados pela fraca qualidade de dados".


A investigadora compreende que a DGS tenha decidido enviar à comunidade académica dados de apenas uma das bases de dados com informação sobre infetados e doentes com Covid-19, mas isso não explica tantas falhas, numa preocupação que se agrava, tendo em conta, como recorda, que é este tipo de estudos que, com frequência, ajuda os decisores políticos a avançarem com decisões para controlar a pandemia.

Se os dados forem analisados "sem ter em conta a qualidade dos dados, isso é perigoso e pode produzir, como já tem acontecido, artigos científicos enviesados, mas é muito pior que isso pois são estes estudos que levam a tomar decisões sobre como gerir a pandemia", refere Cristina Costa Santos.

 

8.11.20

COVID 19. ESTADO DE EMERGÊNCIA

 

RESTRIÇÕES EM PORTUGAL

 O Governo aprovou no sábado as medidas do estado de emergência que vai vigorar entre segunda-feira e 23 de novembro, prevendo o recolher obrigatório nos 121 concelhos de maior risco de contágio, entre outras medidas.

Nestes 121 municípios, onde há "risco elevado de transmissão da covid-19", abrangendo 70% da população residente, ou seja, 7,1 milhões de habitantes em Portugal, incluindo todos os concelhos das Áreas Metropolitanas de Lisboa e do Porto, a estará limitada nos próximos dois fins de semana entre as 13:00 de sábado e as 05:00 de domingo e as 13:00 de domingo e as 05:00 de segunda-feira.

O executivo aprovou, ainda, outras medidas que se aplicam a Portugal Continental, como a possibilidade da medição de temperatura corporal por meios não invasivos e a possibilidade de exigir testes de diagnóstico para a covid-19.

Na semana passada, o Governo já tinha aprovado outras medidas para conter a pandemia de covid-19.

Conheça, então, as novas medidas do estado de emergência:

 
  • Portugal continental

- Grupos em restaurantes limitados a seis pessoas, salvo se pertencerem ao mesmo agregado familiar;

- Possibilidade de realizar medições de temperatura corporal por meios não invasivos, no acesso a locais de trabalho, estabelecimentos de ensino, meios de transporte, espaços comerciais, culturais e desportivos. No caso da recusa de medição de temperatura corporal ou nos casos em que a temperatura corporal for igual ou superior a 38.º C pode determinar-se o impedimento no acesso aos locais mencionados. A medição de temperatura corporal não prejudica o direito à proteção individual de dados;

- Possibilidade de exigir testes de diagnóstico para a covid-19 em estabelecimentos de saúde, estruturas residenciais, estabelecimentos de ensino, à entrada e à saída de território nacional, por via aérea ou marítima, em estabelecimentos Prisionais e em outros locais, por determinação da Direção-Geral da Saúde;

- Possibilidade de requisitar recursos, meios e estabelecimentos de saúde dos setores privado e social, após tentativa de acordo e mediante justa compensação;

- Mobilização de recursos humanos para reforço da capacidade de rastreamento, como a realização de inquéritos epidemiológicos, rastreio de contactos, seguimento de pessoas sob vigilância ativa, a trabalhadores em isolamento profilático, trabalhadores de grupos de risco, professores sem componente letiva, militares das Forças Armadas.

 
  • Concelhos com risco elevado

Há 121 concelhos de Portugal Continental que estão em confinamento parcial desde a semana passada, seguindo o critério de terem “mais de 240 casos por 100 mil habitantes nos últimos 14 dias” ou em função da proximidade com um outro município nessa situação.

A lista de concelhos será atualizada a cada 15 dias. A próxima revisão será realizada na quinta-feira.

Medidas para os 121 concelhos:

- Dever de permanência no domicílio, exceto para o conjunto de deslocações já previamente autorizadas;

- Estabelecimentos de comércio encerram até às 22:00;

- Restaurantes têm de encerrar às 22:30;

- Presidentes das câmaras municipais podem fixar um horário de encerramento inferior ao limite máximo estabelecido, mediante parecer favorável da autoridade local de saúde e das forças de segurança;

- Proibidos eventos e celebrações com mais de cinco pessoas, salvo se pertencerem ao mesmo agregado familiar;

- Presidentes das câmaras municipais decidem sobre a realização de feiras e mercados de levante;

- Permitidas cerimónias religiosas e espetáculos de acordo com as regras da Direção-Geral da Saúde;

- Obrigatoriedade do teletrabalho sempre que as funções em causa o permitam, salvo impedimento do trabalhador;

- Regime excecional e transitório de reorganização do trabalho aplicável às empresas com locais de trabalho com 50 ou mais trabalhadores;

- Proibição de circulação na via pública entre as 23:00 e as 05:00 em dias de semana e nos fins de semana de 14 e 15 de novembro e 21 e 22 de novembro a partir das 13:00 e até às 05:00, de sábado para domingo e de domingo para segunda-feira (estão previstas exceções como deslocações a trabalho, regresso ao domicilio, situações de emergência ou o passeio de animais de estimação, entre outras);

 Pressione esta etiqueta amarela  aqui  e saiba quais os 121 concelhos em restrição.

 Estas medidas, sublinhe-se, entram em vigor a partir das 00h00 desta segunda-feira, dia 9 de novembro, até às 23h59 de dia 23 deste mês.


7.11.20

AS COUTADAS REAIS NOS SÉCULOS XVIII - XIX

Em finais do século XVIII era frequente a Família Real e a Corte ocuparem grande parte do ano em jornadas de caça, que aconteciam mesmo em Lisboa, na Ajuda, em Alcântara e em Belém. Porém, na maior parte dos casos, deslocavam-se “Suas Majestades” a Salvaterra, Samora Correia, Queluz, Mafra, Óbidos ou Vila Viçosa. “A Rainha-mãe ocupou algum tempo na caça, em que matou muitas reses”, em Vila Viçosa; “El Rei N. Senhor se emprega frequentemente no exercício da caça”, em Salvaterra – estes eram relatos corriqueiros da Gazeta de Lisboa, entre 1778 e 1800. Esta frequente actividade era levada a efeito em zonas privilegiadas, as Coutadas Reais. 
 Em traços gerais, no final do século XVIII as coutadas reais ocupavam uma área em torno de Lisboa e na região Centro Litoral do país, que se estendia de Cantanhede a Alcácer do Sal, passando por Coimbra, Tomar, Abrantes, Ponte de Sor, Coruche e Montemor-o-Novo. Existiam depois outras zonas coutadas, como Vila Viçosa, frequentemente visitadas por D. Maria I e pelo príncipe D. João, futuro D. João VI, bem como por outros monarcas.



 Durante os séculos XVIII-XIX a caça deteve um estatuto relevante como actividade da monarquia nacional. Conheça como estava regulamentada a constituição e usufruto das coutadas e as suas implicações na subsistência das populações locais.

 Foram estabelecidos dois tipos distintos de coutadas, as de caça e as de mata. As primeiras existiam enquanto espaço régio exclusivo dedicado àquela actividade. As segundas tinham como objectivo primordial o abastecimento de madeiras para a armada e arsenais da coroa. Se, por um lado, o regime de coutada e toda a legislação a ele ligada constituíram, desde a Idade Média até ao século XIX, um sistema de protecção e conservação dos recursos naturais, cinegéticos e florestais, em amplas áreas geográficas do país, por outro, resultaram num privilégio dos monarcas e da alta nobreza que entrava, frequentemente, em conflito com os interesses das comunidades locais.

A par deste sistema legislativo especial, durante todo o Antigo Regime (séc. XVI-XIX), manteve-se também o regime jurídico geral. Este adoptava o princípio de res nulius, do direito romano, que, no que diz respeito à regulamentação da caça, estabelecia que o proprietário de determinado terreno não era proprietário dos animais bravios que aí circulavam livremente. O direito de propriedade sobre as espécies cinegéticas só era, então, adquirido pelo caçador no momento em que as perseguia, feria ou matava.

Por sua vez, o regime de coutada atribuía o exclusivo da propriedade das espécies cinegéticas e, também, da exploração dos recursos florestais, no caso das coutadas de mata, ao proprietário da base fundiária, excluindo moradores, rendeiros e foreiros. Era, assim, um sistema de privilégio, que competia em exclusivo ao monarca gerir, uma vez que só ele, desde o tempo de D. João I e até ao final do Antigo Regime, tinha o direito de instituir uma coutada.

 O direito cinegético e florestal do regime geral, nos finais do século XVIII e princípios do XIX, encontrava-se estabelecido, essencialmente, nas Ordenações do Reino. Estas atribuíam às autoridades locais (câmaras) e regionais (corregedores) a obrigatoriedade de promover, fomentar e mesmo executar o plantio de árvores para produção de madeira e frutos. O corte de árvores de fruto, ou de árvores que estavam destinadas a produzir madeira para as armadas reais, era punido com a pena de açoites e de dois anos de degredo. Eram igualmente interditos os fogos florestais, sendo os incendiários castigados com “açoites, baraço e pregão pelas vilas” e com o pagamento de multas aos proprietários. As zonas queimadas por fogos de origem criminosa eram interditas ao pastoreio por um período até dois anos.

Em relação à caça, a que era feita a animais de pequeno porte, como o coelho e a lebre era, no geral, permitida, com a excepção das comarcas da Estremadura, Alentejo e Guadiana, nas quais só podia caçar aqueles animais quem tivesse “aquele grau de nobreza civil”. Em Lisboa só o rei podia usar matilhas de galgos para caçar lebres e era proibida a caça “com munição” a qualquer tipo de aves. A caça só era permitida aos animais no estado adulto e não durante o período de reprodução.

Era igualmente definida uma protecção para o proprietário das terras, sendo interdita a entrada de caçadores e dos seus cães em terrenos utilizados para o cultivo. Era sancionada a invasão de propriedade por parte dos caçadores “contra vontade dos seus respectivos donos”, podendo os mesmos prender de imediato os invasores. Se estes entrassem armados e ferissem alguém ficavam sujeitos a uma pena de dez anos nas galés, se fossem peões, ou de degredo em Angola, se fossem nobres.


Em relação ao exercício à caça maior parece não terem existido restrições à sua prática fora das coutadas, ressalvando-se as épocas de caça. No que diz respeito aos predadores, em especial aos lobos, as batidas não eram proibidas no período de reprodução e eram mesmo incentivadas, sendo atribuídos prémios monetários a quem os matasse.

O regime jurídico das coutadas encontrava-se definido, essencialmente, em Regimentos particulares, destacando-se os de 1605 e de 1800, e em alguma legislação dispersa. Para gerir e defender as coutadas tinha sido criado, em 1521, o cargo de Monteiro-mor do Reino, exclusivamente para membros da alta nobreza portuguesa. A ele competia administrar as áreas coutadas, dispondo para isso de um corpo militarizado e de um conjunto de magistrados próprios que constituíam a Montaria-mor. Tinha como objectivos principais vigiar as coutadas de mata e caça, mas também garantir um correcto ordenamento florestal e gestão cinegética. Assim, ao abate de árvores deveria seguir-se uma florestação sistemática. Mesmo o abate nas áreas abrangidas pelo regimento das coutadas só podia efectuar-se mediante autorização expressa do rei. Não era permitida a recolha de matos, madeiras ou frutos por parte das populações locais. Era igualmente proibido o pastoreio, chegando este a ser punido com “perpétuo degredo para Angola”.

Nas coutadas de caça o rei tinha o exclusivo da caça maior, nomeadamente, veado e javali. Em relação à caça menor, só ele podia usar armas de fogo na caça às perdizes e em algumas coutadas era proibida a utilização de cães. Este exclusivo na caça às perdizes, actividade muito apreciada pelos monarcas, levou mesmo a situações curiosas. Aquando das Invasões Francesas, entre 1807 e 1812, a família real refugiou-se no Brasil. Para não perder contacto com o seu desporto favorito, D. João VI exigiu ao Monteiro-mor do Reino uma remessa anual de 68 perdizes para o Rio de Janeiro.

 As penas para quem fosse apanhado a caçar nas coutadas sem a devida autorização régia eram pesadas, chegando, a partir de 1733, a definir-se pena de morte para aqueles apanhados em flagrante “delito de caça” e que resistissem à prisão.

Como é óbvio, este regime especial entrava em conflito com as populações que viviam nas áreas sujeitas a coutada, ou próximo das mesmas. Viam-se, assim, privadas do acesso aos recursos florestais e ao exercício da caça que constituíam, por vezes, um complemento essencial da sua subsistência. Esta situação levou a permanentes litígios e a uma constante transgressão das normas e leis estabelecidas para aqueles espaços, definidos como espaços de lazer para a monarquia. Eram constantes os fogos postos, a caça furtiva e o contrabando neste período de final do Antigo Regime. Crimes praticados pelas populações locais, mas também, por vezes, pelos próprios funcionários da Montaria ou com a conivência dos mesmos.

 
 No caso das madeiras, por exemplo, o “mestre dos cortes” marcava mais árvores para abate do que as que eram definidas por ordem do Monteiro-mor; os restantes funcionários responsáveis pela fiscalização fechavam os olhos e o “mestre dos barcos” “não se importava” de levar uma carrada a mais no transporte para Lisboa.

Os fogos eram postos com o intuito de abrir pastagens, mas também para fazer sair os animais dos seus esconderijos e, assim, facilitar a sua caça. Para além deste esquema, os caçadores furtivos não se coibiam de utilizar outros mais expeditos, como a utilização do nome dos oficiais da Montaria para conseguir contornar as patrulhas que vigiavam as coutadas, uma vez que estas não tinham, na maior parte das vezes, possibilidade de confirmar no momento a veracidade das informações.

Era um verdadeiro jogo do gato e do rato. Por um lado a Montaria-mor a procurar preservar o património florestal e cinegético das coutadas e, simultaneamente, o privilégio régio de utilização e usufruto do mesmo com fins económicos e de lazer; por outro as populações procurando subtrair-se a mais esta forma de opressão senhorial e utilizando de forma furtiva os recursos naturais importantes para a sua subsistência.

Com a Revolução Liberal procurou-se acabar com o sistema de coutadas, tendo mesmo sido promulgado um decreto que extinguia o cargo de Monteiro-mor, em 18 de Agosto de 1821. Porém, este fervor revolucionário foi interrompido logo em 1823 e no ano seguinte tudo tinha voltado à situação inicial. Só em 1834, após a vitória do Liberalismo, é extinta definitivamente a Montaria-mor do Reino, depois de mais de 300 anos de história.

TEXTO.  Cristina Joanaz de Melo (2000). Coutadas Reais (1777-1824). Privilégio, Poder, Gestão e Conflito. Lisboa, Montepio Geral.

28.10.20

FOTOGRAFIAS

 A FOTOGRAFIA constitui a essência de toda acultura visual dos últimos dois séculos e um dos mais relevantes instrumentos de criação artística, construção de conhecimento  e de memória colectiva. 

 Portugal tem um singular e muito vasto património fotográfico, na sua maioria ainda desconhecido. A defesa e valorização do património fotográfico foi e é, em muitos países, há decadas, um dos eixox fundamentais de actuação das políticas culturais. Actualmente, o maior arquivo de colecções fotográficas históricas nacionais está dividido entre o Arquivo Nacional Torre do Tombo e o Centro Português de Fotografia, ambos dependentes da Direcção Geral do Livro, Arquivos e Bibliotecas, não existindo nenhuma componente museológica e de investigação sistemática agregada à gestão deste fulcral acervo.

UM DIA DE OUTONO NO VALE TRAVESSO  ( Foto de J.P.L. )



22.10.20

QUE VÍRUS, PORTUGAL

 Proibido circular entre concelhos de 30 de outubro a 3 de novembro

 O Governo adotou hoje, 22 -10 -2020 , novas medidas de combate à pandemia de Covid-19, entre elas a proibição de circulação entre concelhos da meia noite do dia 30 de outubro às 23h59 do dia 3 de novembro.

 OUTRA .

 Acresce que os sr:s deputados também entendem que não temos capacidade de decidir sobre a nossa própria vida, caso queiramos ter um final digno da mesma se por hipótese e em consciência, nos debater-mos com alguma doença ou outra situação que seja previsivelmente fatal e, sobretudo, dolorosa fisicamente para nós e, quiçá, moralmente para os que nos acompanham.

 Assim aqueles imbecis, armados em " paladinos " do nosso bem estar, decidiram chumbar um referendo nacional à eutanásia. A Indústria farmacêutica fica-lhes grata.

 MAS HÁ MAIS.  MUITO MAIS !

  Creio que foi D. Carlos que um dia disse.

  " Portugal é um país de bananas governado por Sacanas ". 

Esta política  do " quero posso e mando " com tomadas de posição e iniciativas deste calibre fazem com que o meu estado de espírito em relação à forma como são implementadas considere-as verdadeiramente abusivas num estado dito de direito. 

 

Para grandes males
Se algo dá fadiga social e, no limite, revolta, são as políticas iô-iô, ziguezagueantes e contraditórias. Primeiro máscaras e testes são falsa sensação de segurança. Depois testagem em barda e máscara obrigatória. 

"Nos aviões não é necessário distanciamento porque as pessoas só olham para a frente." chegou a dizer Graça Freitas. Tentativa de apps obrigatórias ou restrições à mobilidade sem passar pelo Parlamento mas exigência de total adaptabilidade permanente dos cidadãos a regras voláteis. 

Autocarros a abarrotar mas milhares impedidos de velar os seus entes queridos nos cemitérios. Fórmula 1 cheia a par do Estado de Calamidade. Repensar o Natal simultâneo a turistas sem limitações na sua liberdade de movimentos. 

Hoje confina, amanhã desconfina até ao hoje confia, amanhã desconfia. 

SNS sem os necessários reforços, dados errados, pouca informação, infantilização. Decisões mais políticas do que epidemiológicas. 

O resultado medra: cansaço, uns são filhos, outros enteados. 

Ah, mas noutros países é igual, diz-se... Nem é verdade (nuns sim, noutros não) e com o mal dos outros podemos nós. 

É velha a relação entre grandes homens e grandes catástrofes. Há uns que se agigantam. Outros apequenam-se. Este último é o caso de António Costa. Tragédia a dobrar. Que vírus, Portugal. 

Joana Amaral Dias

17.10.20

PARIS. RECOLHER OBRIGATÓRIO

 

9.10.20

CERTIDÃO DE ÓBITO A PORTUGAL. QUANDO ?



(*) Rainer Daehnhardt

Quando é que se passa a certidão de óbito a uma nação?

Será quando ela tiver sido invadida por vontade alheia que se impôs?
Será quando deixa de cunhar moeda própria e se submete à finança alheia?
Será quando pontas de flecha de interesses estrangeiros a governam?
Será quando deixar de acreditar em si e nas suas capacidades?
Será quando prefere sujeitar-se para não emagrecer?
Será quando se deturpam as verdades históricas?
Será quando o futebol interessar mais do que a identidade nacional?
Será quando já não soubermos pescar ou cultivar?
Será quando ficarmos a olhar com vergonha para os quadros dos nossos antepassados?

Nas minhas últimas trocas de opinião com o Prof. Agostinho da Silva e Rafael Monteiro (o ermida do Castelo de Sesimbra), ambos entretanto falecidos, tocou-se muito na pergunta sobre se Portugal ainda existe, ou, se o que existe, ainda é Portugal!?

Na opinião de Agostinho da Silva, tínhamos de ver Portugal mais no campo espiritual e fortalecer este, visto no terreno já se ter afastado de mais.

Na opinião de Rafael Monteiro, Portugal já morreu! Estamos, simplesmente, a assistir ao banquete dos vermes que se digladiam pelos melhores bocados do cadáver!

Na minha opinião, todos os que ainda sentem algo por Portugal vão ter de entrar na clandestinidade, porque serão atacados e afastados como “bairristas retrógrados”, simplesmente por amarem a sua pátria.

Neste contexto convém ficar a saber que nas reuniões dos coordenadores do ensino em Portugal, nos últimos anos, foram dadas as seguintes directrizes (como sendo directrizes de Bruxelas, mas isto é mentira, Bruxelas não se meteu nisto; as directrizes vêm de organizações que pretendem a destruição das nações, por fora, através da sua anexação por organizações internacionalistas, e, por dentro, através de excessivas regionalizações):

1.ª – Já não se ensina a História de Portugal, mas a História da Europa! Cabe a cada professor decidir o grau de importância que neste contexto ainda querem dar a Portugal.

2.ª – Já não se ensinam os Descobrimentos Portugueses, mas sim (imagine-se) a Expansão Ibérica! O que significa que toda a atitude dos conquistadores espanhóis com o genocídio dos aztecas, dos incas e dos guanches é metida no mesmo caldeirão das atitudes de Vasco da Gama, Bartolomeu Dias, e de tantos outros dos nossos grandes navegadores, que em grande maioria, eram cavaleiros iniciados escolhidos a dedo, com um pensamento ético e moral inqualificavelmente superior ao dos castelhanos.

A fim de acordar a nossa juventude para a realidade do nosso passado, resolvi escrever “Homens, Espadas e Tomates” e outros livros relacionados com o tema, cumprindo assim a parte que me cabe, no campo da minha especialização, para que futuras gerações possam ter acesso à identidade portuguesa.

(*) Rainer Daehnhardt, é o Presidente da Sociedade Portuguesa de Armas Antigas – Portuguese Academy of Antique Arms – cargo homologado pelo governo em 1972, mantém-se nessas funções, representando Portugal em congressos internacionais e dando conferências em muitas instituições europeias, americanas e asiáticas.
É autor de dezenas de livros e centenas de artigos, na sua maioria ligados à armaria antiga, à História de Portugal ou à preocupação com a evolução da Humanidade.

Nota 1: Este artigo foi publicado no O Diabo a 18 de Junho de 1996. Permito-me hoje completá-lo com algumas perguntas que abrem este capítulo. Nota do autor.
Nota 2: É aqui transcrito com a devida vénia e autorização do autor.
Nota 3: Os negritos e itálicos são da nossa responsabilidade.

  http://senadonews.blogspot.com/

 

8.10.20

VELUTINA OU VESPA ASIÁTICA.

 

Sabe identificar uma vespa asiática e o seu ninho?

 E sabe o que fazer?

Guarda Nacional Republicana explica-lhe o que fazer no caso de encontrar um ninho de vespa asiática.

 

Sendo cada vez mais frequente as vespas asiáticas em Portugal, a Guarda Nacional Republicana explica o que fazer perante um 'encontro' com estes insetos e/os respetivos ninhos. 

Primeiramente, é preciso saber identificar uma vespa  velutina (asiática) e o ninho. Para tirar todas as dúvidas, basta aceder à informação do Instituto de Conservação da Natureza e Florestas. Sobre o aspeto da vespa asiática leia aqui. Sobre o aspeto dos ninhos aqui.

A deteção ou a suspeita de existência de ninho ou de exemplares de vespa asiática deverão ser comunicadas através ou do contacto com a GNR, ou através da linha SOS Ambiente e Território (808 200 520).

Neste caso, ao contactar com estas entidades será informado/a do procedimento a seguir para a efetiva comunicação da suspeita, que passará pela inserção/georreferenciação online do ninho ou dos exemplares de vespa e preenchimento online de um formulário com informação sobre os mesmos, disponível no portal www.sosvespa.pt. Depois de  preencher o formulário, deverá enviá-lo para a Câmara Municipal da área onde ocorreu a abservação.

Segundo a GNR, poderá também solicitar a colaboração da junta de freguesia mais próxima do local de deteção/suspeita para o preenchimento do formulário. Deverá, sempre que possível, ser anexada fotografia da vespa ou do ninho, para possibilitar a sua identificação.

A vespa velutina é uma espécie asiática característica de regiões tropicais e subtropicais do norte da Índia ao leste da China, Indochina e ao arquipélago da Indonésia, sendo a sua existência reportada desde 2011 na região norte de Portugal.A velutina distingue-se da espécie europeia Vespa crabro pela coloração do abdómen, que é predominantemente de cor preta, ao contrário da europeia, onde prevalece a cor amarela.

O Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas tem alertado para os efeitos da presença desta espécie não indígena, sobretudo na apicultura, por se tratar de uma espécie carnívora e predadora das abelhas.

A vespa asiática constitui também uma ameaça para a saúde pública, reagindo modo bastante agressivo quando tem os ninhos ameaçados, "incluindo perseguições até algumas centenas de metros". O ano passado, as mortes de quatro pessoas em Portugal foram associadas a picadelas deste inseto.

6.10.20

MEDITAÇÃO


 
A meditação é uma maneira simples, eficaz e conveniente para acalmar a mente ocupada, relaxar o corpo, tranquilizar-se e encontrar a paz interior no meio do caos da vida no dia-a-dia.
 Os recém-chegados à meditação muitas vezes  sentem-se intimidados.

2.10.20

A DOLOROSA TRAGÉDIA

https://espectivas.files.wordpress.com/2013/05/bandeira-de-portugal-126-png-web.png


 Os políticos, sempre desorganizados, em vez de se unirem numa atitude patriótica em defesa do novo Rei, procurando encaminhá-lo e auxilia-lo na Sua inexperiência das coisas da vida reinante e orientá-lo sobre as altas funções que ia desempenhar,reparando desse modo as cótas partes de responsabilidade moral havida na dolorosa tragédia,mais e mais se acirraram e se desligaram do Jovem Soberano até que, sem consciência e sem remorsos, presenciaram,impávidos, a vitória dos inimigos no dia 5 de Outubro de 1910.
    Desde então, a grande asa negra, anátema de maldição não mais deixou de pairar sobre nós.

 In- Trindade Baptista   " Feixe de Saudades "
Lisboa 1933 


1.10.20

O MOINHO DA ALMOSQUIA

MOINHO DA ALMOSQUIA ( Foto de J.P.L. Abril de 2011 )

   A apresentação de um estudo sobre a vivência rural das comunidades cascalenses terá, logo à partida, de ter como base um reconhecimento sócio-geográfico da sua componente urbana. Tal situação, que poderia parecer paradoxal é, no entanto,extremamente importante, pois a totalidade dos núcleos urbanos da freguesia de Cascais, foram até épocas muito recentes,meras aldeias rurais,onde as actividades agrícolas e piscatórias representavam um papel de grande importância.
   Se tal situação assume um posicionamento imensamente lógico, quando mencionamos os casos de Birre, Torre, Areia, Charneca ou Aldeia de Juzo, torna-se eventualmente difícil de compreender quando estudamos a vila de Cascais, ou os lugares do Cobre, da Marinha, da Pampilheira e das Fontainhas, pois o tipicismo da sua ruralidade, fruto de muitos anos de incúria e de desinteresse, está hoje muito descaracterizado e sumido. No entanto, e sem medo de pecar por excesso, podemos afirmar peremptoriamente ser rural a génese de todos os locais apontados, ou mesmo, como acontece com Cascais, uma mistura de uma vivência agrícola com outra de carácter piscatório, mas onde a complementaridade ocupacional não permite distinguir as duas comunidades. (...).


In: João Anibal Henriques.
Subsídios  Monográficos para uma História Rural Cascalense.
Edicão da junta de Freguesia de Cascais.

30.9.20

MORREU QUINO CRIADOR DE " MAFALDA "

 Uma notícia de hoje que não posso deixar de comentar. Quino e a sua Mafalda foram e serão sempre recordados com respeito e carinho. Por minha parte deixo aqui um sentimento de profundo pesar.


Filho de espanhóis, nascido em 1932, Joaquín Salvador Lavado desenhou e publicou vários livros de desenho gráfico para um público mais adulto, nos quais predomina um humor corrosivo e negro sobre a realidade social e política.

Ficou célebre, porém, por uma personagem que se tornou numa das mais improváveis comentadoras políticas da atualidade, Mafalda, uma menina que detestava sopa, adorava os Beatles e tinha monólogos preocupados e existencialistas, em frente a um globo terrestre.

Quino imaginou Mafalda para um anúncio publicitário a uma marca de eletrodomésticos, para o qual lhe pediram que desenhasse a história de uma família típica da classe média.

A banda desenhada não chegou a ser publicada, mas Quino recuperou a personagem Mafalda quando o convidaram para publicar no Primera Plana, na altura um jornal que procurava fazer uma reflexão crítica da atualidade argentina e internacional. Foi a 29 de setembro de 1964 que Mafalda surgiu.

Das tiras de Quino saíam comentários sobre a ordem do mundo, a luta de classes, o capitalismo e o comunismo, mas também, de forma mais subtil, sobre a situação política e social argentina.

Quino deixou de desenhar Mafalda em 1973, admitindo ter ficado extenuado, e continuou a desenhar e a publicar outros desenhos de humor, compilados em diversos álbuns, mas foi a criança contestatária que mais fez espalhar o seu nome e o seu trabalho pelo mundo.

Em 2014, o Festival Internacional de Banda Desenhada de Angoulême, em França, e o AmadoraBD dedicaram exposições a Quino, a propósito dos 50 anos da criação de Mafalda.

O diário El País descreve-o como "o cartunista mais internacional e mais traduzido em língua espanhola, e talvez o mais cativante", com centenas de tiras publicadas na imprensa de todo o mundo, e recorda que, em 2014, Quino foi distinguido com o Prémio Príncipe das Astúrias de Comunicação e Humanidades.

Hoje, o jornal espanhol recorda ainda a resposta de Quino quando lhe perguntaram como seria Mafalda, na atualidade. Segundo o El País, Quino contrapôs que provavelmente essa "menina sábia" estaria morta, porque seria um dos desaparecidos da ditadura militar argentina (1976-1983).

Em 2016, numa entrevista à agência Efe, por ocasião da Feira do Livro de Buenos Aires, Quino afirmava que o mundo atual seria para a personagem Mafalda "um desastre e uma vergonha".

"Olhando as coisas que fiz todos estes anos, percebo que digo sempre as mesmas coisas e que continuam atuais. É terrível... não?", referiu Quino, a propósito dos seus temas de sempre: "A morte, a velhice, os médicos e outras coisas", como as injustiças sociais, a pobreza.

Profundamente tímido e reservado, Quino reconheceu na mesma entrevista que gostaria de ser recordado como "alguém que fez pensar as pessoas sobre as coisas que acontecem".

 

Quino em Paris em 2004
Nome completo Joaquín Salvador Lavado Tejón
Nascimento 17 de julho de 1932
Mendoza, Argentina
Morte 30 de setembro de 2020 (88 anos)
Buenos Aires, Argentina
Nacionalidade argentino e espanhol
(dupla nacionalidade desde 1980)
Ocupação Cartunista
Principais trabalhos Mafalda
Prêmios B'nai B'rith (1998)
Religião ateísmo
Assinatura
FirmaQuino.png
Página oficial
www.quino.com.ar

 

29.9.20

IR AO CINEMA

Há cerca de 50 anos servia de mote a uma campanha publicitária cujo slogan, se bem me lembro, era     "Venha passar o Abril em Portugal ".


  Não me recordo se o turismo, especialmente o estrangeiro, tirava proveito do clima. O que recordo é a doçura desses verdes anos, os campos deste cantinho de então. As pessoas solidárias e fraternas. Mais recentemente talvez pelos anos sessenta e setenta as autênticas festas que constituíam para a minha geração uma simples ida ao cinema S. José ou ao Académico então os únicos em Cascais.

PRAIA DO PEIXE  ou da  RIBEIRA

 Que bom era no intervalo tomar um cafézinho e fumar um cigarro no bar que estas casas tinham. Era um acto social, reconheço-o hoje, de rara beleza.A diferença que era estar na plateia.Ou no 1º ou 2º balcão. " Ir ao cinema " implicava vestir um pouco melhor" e, se o filme era para maiores de dezoito anos então sentíamo-nos « alguém » entre a restante rapaziada.
Tudo mudou.  Acabaram-se estas casas e muito mais. O  Abril em Portugal esse agora é bem mais tristonho. E não culpo o clima.     
     

28.9.20

PINTO DE PORTUGAL

 

ORIGEM DO NOME PINTO

É deveras sabido que o apelido de família PINTO deriva de uma alcunha medieval colocada, fixada e transmitida numa linhagem portuguesa, desde o século XII. Consultando os dicionários, estes apresentam para o mesmo significante vários significados para o nome PINTO:

1º- Como nome comum: pinto = frango recém-nascido. No Brasil, “pinto” designa também o órgão sexual masculino!

2º-Como adjectivo: pinto = pintado, deriva do latim pinctus, por pictus, particípio passado de pingere, “pintar”.Como adjectivo, pinto significa então “que tem cores diversas”. Já numa cantiga de escárnio e maldizer do século XIII, aparece “dentes pintos come dados”.

Qual deles, nome ou adjectivo terá dado origem ao apelido PINTO?

Tudo aponta para que seja o adjectivo pinto = pintado. Alguns autores antigos dizem que este “apelido deriva de uma alcunha motivada por um cavaleiro regressado de uma batalha com a sua armadura e o resto da indumentária salpicados com pingos de sangue”.

A reforçar esta origem temos a heráldica desta família, “cinco crescentes vermelhos” , uma alusão clara a batalhas contra os mouros.

Aqui jaz quem nos perigos
Das guerras, em que se achou
As Armas sempre pintou
Com sangue dos inimigos
E hum gran Rey que me estimava
Vendome de sangue tinto
Quis que me chamasse Pinto
Porque tam bem me pintava.

Manuscrito da Armaria nº 1652 da Torre do Tombo, sobre os “Pintos”.

Sobre a explicação da heráldica da família Pinto, a obra anónima “Pintos de Riba-Bestança”, editada em 1856, na pág. 7 refere:

“ A mesma construcção das armas dos Pintos mostra a excellencia desta família. São cinco crescentes de luas vermelhas, com um crescente na espadoa. As luas vermelhas designam batalhas ganhadas a mouros: as aspas, batalhas ganhadas em dia de Santo André: e o leopardo, vigor e força. "

A QUESTÃO DA HERÁLDICA

Normalmente a heráldica das famílias nobres medievais com apelidos retirados do reino animal são falantes, ou seja no escudo ou no timbre existe uma representação do referido animal, indicativo da origem do apelido.
Por exemplo a família Aranha, tem aranhas no escudo, a família Lobo, lobos, a família Bezerra, bezerros, a família Coelho, coelhos, a família Cabral, cabras, Carneiro, carneiros, Cordeiro, cordeiros, Corvacho, corvos, Falcão (um falcão no timbre), Gama (uma gama no timbre), Gato, gatos, Gavião, gaviões, Lagarto, lagartos, Lebrão, lebres, Leitão (um leitão no timbre), Sardinha, sardinhas, etc.

Dois apelidos de família parecem não derivar do reino animal, a família PINTO pelas razões já referidas na sua interpretação heráldica e a família BARATA, cujo nome parece provir da alcunha de coisa barata, baratar (em Portugal, barata, era um antigo título de dívida, contrato, permuta). Ora, esta família não apresenta no brasão baratas, mas sim três mãos que podem ser interpretadas como indicativa da profissão da prática de um negocio. 


25.9.20

SACANAS

As vicissitudes da vida de alguns de nós levam a que a capacidade de resistência de um indivíduo se esgote.


O desgastar progressivamente conduz a um esgotamento psíquico. Estes estados depressivos tem a ver com o esgotamento, com o stress em grau excessivo.


Sente-se vazia,fatigada,sem energia.

Nada interessa já à pessoa assim agredida.

 Não se consegue mais pensar ou concentrar mesmo em actividades simples. Sobrevem então ideias algo demolidoras do ego.


O risco é máximo no momento em que elas tomam consciência de que foram sacaneadas e que nada lhes permitirá serem reconhecidas.

 Como era de seu direito.


 O, ou os agressores, procedem de maneira a parecer todo- poderoso, dando a ver rigor moral e sabedoria.
 

 A desilusão para a vítima crédula, é por isso muito maior.

De maneira geral, entre os acontecimentos da vida susceptíveis de desencadear um estado depressivo, não encontramos apenas experiências de luto ou separação, mas também a perda  de um ideal.

 Daí resulta um sentimento de inutilidade, de impotência, de derrota. 

Mais do que uma situação difícil ou perigosa, é a experiência de derrota e de impotência, a sensação  de ser humilhado e apanhado na armadilha que pode ser o elemento desencadeador de um episódio depressivo.


A vitima destes agressores, sejam empresas ou familiares, sente então surgirem em alguns casos, úlceras do estômago doenças cardiovasculares, doenças da pele...

 


Algumas emagrecem,enfraquecem, exprimindo através do seu corpo uma afecção psíquica de que elas não tomam consciência e que pode ir até à destruição da sua identidade.


A resposta , comportamental, temperamental, resulta directamente da provocação perversa.

In- LE HARCÈLEMENT MORAL
      La violence perverse au quotidien
      Syros, Paris, 1998.
     

Significado de Sacana

adj.m. e adj.f.
n.m. e n.f.
1. (Popular) Pessoa desonesta ou ardilosa;
2. (Popular) Indivíduo velhaco ou manhoso.
(Etm. de origem obscura)

 

24.9.20

DOM CARLOS À CAÇA ÀS ROLAS EM CASCAIS

  Entre a cavaqueira atraente do Soberano e as constantes olhadelas para os lados do Cabo da    Roca,ponto de assômo das aves migrantes, se passou cerca de meia hora.

    Ás oito horas,o desânimo fez-se sentir; perdia-se a esperança de fazer o - gosto ao dedo - como é uso dizer-se em linguagem de caçadores.
 
   Dom Carlos, para entreter o tempo,metia, vagarosamente,metade do seu aguila imperial numa boquilha de cerejeira, e eu, numa impaciência nervosa,acendia, uns nos outros, os meus magríços paivantes.
 
   Vou molhar a boca, disse El-Rei, pedindo, ao criado que o acompanhava, um copo com agua,liquido que bebia com manifesto prazer.
 
   Assim se ia consumindo o tempo quando, lá para os lados do lugar da Areia, ouvimos um cerrado tiroteio.
 
   Alerta! exclamou Dom Carlos com um sorriso de intimo regozijo.
 
   Separámo-nos, e, de olhos bem atentos no intervalo que distava do cume dos pinheiros ao infinito, esperámos a passagem das bandadas.
 
   Não se fizeram esperar as desejadas aves. Os bandos sucediam-se uns após outros, e o tiroteio foi ininterrupto desde a praia do Guincho ao farol da Guia.
 
   Houve, depois, um longo intervalo. Já nos persuadiamos de que nenhum bando mais passaria. quando,lá oa longe, avistámos uma mancha escura no horizonte. Era mais um bando de retardatárias.
 
   Vinha alta, muito alta a bandada, devido ao tiroteio ou á falta de vento. Voava em linha recta ao nosso pouso quando, já próxima, El- Rei exclamou:
 
  -Olha um pombo no meio das rolas; Vou alvejá-lo.
 
  Realmente: no meio do bando vinha, o que muitas vezes sucede,um pombo escuro.
 
 Segui com interesse os movimentos do rei. 
 
Á distância de tiro, apontou com destresa,a destresa e 
sangue frio do caçador habituado a fixar instantâneamente o alvo, dando ao gatilho.
 
   Quase simultâneamente, ouvi a detonação do tiro e vi, qual farrapo a remoinhar no espaço,a peça de caça alvejada.
 
 Era um pombo torcaz.




In - Trindade Baptista
   "  Preito á memória d,El-Rei Dom Carlos I "
      " fragmentos históricos biográficos e desportivos "
Lisboa 1933.




* ( Foto de J.P.L. Ano 2011 )