(*) Rainer Daehnhardt
Quando é que se passa a certidão de óbito a uma nação?
Será quando ela tiver sido invadida por vontade alheia que se impôs?
Será quando deixa de cunhar moeda própria e se submete à finança alheia?
Será quando pontas de flecha de interesses estrangeiros a governam?
Será quando deixar de acreditar em si e nas suas capacidades?
Será quando prefere sujeitar-se para não emagrecer?
Será quando se deturpam as verdades históricas?
Será quando o futebol interessar mais do que a identidade nacional?
Será quando já não soubermos pescar ou cultivar?
Será quando ficarmos a olhar com vergonha para os quadros dos nossos antepassados?
Nas
minhas últimas trocas de opinião com o Prof. Agostinho da Silva e
Rafael Monteiro (o ermida do Castelo de Sesimbra), ambos entretanto
falecidos, tocou-se muito na pergunta sobre se Portugal ainda existe,
ou, se o que existe, ainda é Portugal!?
Na opinião de
Agostinho da Silva, tínhamos de ver Portugal mais no campo espiritual e
fortalecer este, visto no terreno já se ter afastado de mais.
Na
opinião de Rafael Monteiro, Portugal já morreu! Estamos, simplesmente, a
assistir ao banquete dos vermes que se digladiam pelos melhores bocados
do cadáver!
Na minha opinião, todos os que ainda sentem algo por
Portugal vão ter de entrar na clandestinidade, porque serão atacados e
afastados como “bairristas retrógrados”, simplesmente por amarem a sua
pátria.
Neste contexto convém ficar a saber que nas
reuniões dos coordenadores do ensino em Portugal, nos últimos anos,
foram dadas as seguintes directrizes (como sendo directrizes de
Bruxelas, mas isto é mentira, Bruxelas não se meteu nisto; as
directrizes vêm de organizações que pretendem a destruição das nações,
por fora, através da sua anexação por organizações internacionalistas,
e, por dentro, através de excessivas regionalizações):
1.ª – Já não se ensina a História de Portugal, mas a História da Europa! Cabe a cada professor decidir o grau de importância que neste contexto ainda querem dar a Portugal.
2.ª – Já não se ensinam os Descobrimentos Portugueses, mas sim (imagine-se) a Expansão Ibérica!
O que significa que toda a atitude dos conquistadores espanhóis com o
genocídio dos aztecas, dos incas e dos guanches é metida no mesmo
caldeirão das atitudes de Vasco da Gama, Bartolomeu Dias, e de tantos
outros dos nossos grandes navegadores, que em grande maioria, eram
cavaleiros iniciados escolhidos a dedo, com um pensamento ético e moral
inqualificavelmente superior ao dos castelhanos.
A fim de
acordar a nossa juventude para a realidade do nosso passado, resolvi
escrever “Homens, Espadas e Tomates” e outros livros relacionados com o
tema, cumprindo assim a parte que me cabe, no campo da minha
especialização, para que futuras gerações possam ter acesso à identidade
portuguesa.
(*) Rainer Daehnhardt, é o
Presidente da Sociedade Portuguesa de Armas Antigas – Portuguese
Academy of Antique Arms – cargo homologado pelo governo em 1972,
mantém-se nessas funções, representando Portugal em congressos
internacionais e dando conferências em muitas instituições europeias,
americanas e asiáticas.
É autor de dezenas de livros e centenas de
artigos, na sua maioria ligados à armaria antiga, à História de Portugal
ou à preocupação com a evolução da Humanidade.
Nota 1: Este artigo foi publicado no O Diabo a 18 de Junho de 1996. Permito-me hoje completá-lo com algumas perguntas que abrem este capítulo. Nota do autor.
Nota 2: É aqui transcrito com a devida vénia e autorização do autor.
Nota 3: Os negritos e itálicos são da nossa responsabilidade.
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