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30.9.20

MORREU QUINO CRIADOR DE " MAFALDA "

 Uma notícia de hoje que não posso deixar de comentar. Quino e a sua Mafalda foram e serão sempre recordados com respeito e carinho. Por minha parte deixo aqui um sentimento de profundo pesar.


Filho de espanhóis, nascido em 1932, Joaquín Salvador Lavado desenhou e publicou vários livros de desenho gráfico para um público mais adulto, nos quais predomina um humor corrosivo e negro sobre a realidade social e política.

Ficou célebre, porém, por uma personagem que se tornou numa das mais improváveis comentadoras políticas da atualidade, Mafalda, uma menina que detestava sopa, adorava os Beatles e tinha monólogos preocupados e existencialistas, em frente a um globo terrestre.

Quino imaginou Mafalda para um anúncio publicitário a uma marca de eletrodomésticos, para o qual lhe pediram que desenhasse a história de uma família típica da classe média.

A banda desenhada não chegou a ser publicada, mas Quino recuperou a personagem Mafalda quando o convidaram para publicar no Primera Plana, na altura um jornal que procurava fazer uma reflexão crítica da atualidade argentina e internacional. Foi a 29 de setembro de 1964 que Mafalda surgiu.

Das tiras de Quino saíam comentários sobre a ordem do mundo, a luta de classes, o capitalismo e o comunismo, mas também, de forma mais subtil, sobre a situação política e social argentina.

Quino deixou de desenhar Mafalda em 1973, admitindo ter ficado extenuado, e continuou a desenhar e a publicar outros desenhos de humor, compilados em diversos álbuns, mas foi a criança contestatária que mais fez espalhar o seu nome e o seu trabalho pelo mundo.

Em 2014, o Festival Internacional de Banda Desenhada de Angoulême, em França, e o AmadoraBD dedicaram exposições a Quino, a propósito dos 50 anos da criação de Mafalda.

O diário El País descreve-o como "o cartunista mais internacional e mais traduzido em língua espanhola, e talvez o mais cativante", com centenas de tiras publicadas na imprensa de todo o mundo, e recorda que, em 2014, Quino foi distinguido com o Prémio Príncipe das Astúrias de Comunicação e Humanidades.

Hoje, o jornal espanhol recorda ainda a resposta de Quino quando lhe perguntaram como seria Mafalda, na atualidade. Segundo o El País, Quino contrapôs que provavelmente essa "menina sábia" estaria morta, porque seria um dos desaparecidos da ditadura militar argentina (1976-1983).

Em 2016, numa entrevista à agência Efe, por ocasião da Feira do Livro de Buenos Aires, Quino afirmava que o mundo atual seria para a personagem Mafalda "um desastre e uma vergonha".

"Olhando as coisas que fiz todos estes anos, percebo que digo sempre as mesmas coisas e que continuam atuais. É terrível... não?", referiu Quino, a propósito dos seus temas de sempre: "A morte, a velhice, os médicos e outras coisas", como as injustiças sociais, a pobreza.

Profundamente tímido e reservado, Quino reconheceu na mesma entrevista que gostaria de ser recordado como "alguém que fez pensar as pessoas sobre as coisas que acontecem".

 

Quino em Paris em 2004
Nome completo Joaquín Salvador Lavado Tejón
Nascimento 17 de julho de 1932
Mendoza, Argentina
Morte 30 de setembro de 2020 (88 anos)
Buenos Aires, Argentina
Nacionalidade argentino e espanhol
(dupla nacionalidade desde 1980)[1]
Ocupação Cartunista
Principais trabalhos Mafalda
Prêmios B'nai B'rith (1998)
Religião ateísmo
Assinatura
FirmaQuino.png
Página oficial
www.quino.com.ar

 

Mafalda

Mafalda
 
 
Mafalda foi uma tira escrita e desenhada pelo cartunista argentino Quino. As histórias, apresentando uma menina preocupada com a Humanidade e a paz mundial que se rebela com o estado atual do mundo, apareceram de 1964 a 1973, usufruindo de uma altíssima popularidade na América Latina e Europa.