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27.3.13
26.3.13
ESCÓCIA E O MARTELO PRÉ - HISTÓRICO DE KINGOODIE
Fóssil de martelo com 400 Milhões de anos ? !
Enigmático no mínimo tudo o que se poderá pensar acerca deste objecto.
Quem o utilizaria há mais de 240 milhões de anos ?
Afinal a fazer fé no que por aí se escreve acerca de tão absorvente assunto o martelo em causa nem é contemporâneo dos dinossauros pois, estes, nem sequer existiam.
O instrumento descoberto em MyInfield na Escócia pelo físico David Brewster em 1844 ficou conhecido por " Martelo de Kingoodie ".
A ciência moderna não se refere ao assunto com clareza, o que leva a todo o tipo de conjecturas e especulações.
Kingoodie Quary em Kingoodie era um local já conhecido em 1844 entre a comunidade paleontológica por ali se encontrarem vestígios fossilizados.
Foi numa dessas buscas a tais " livros do passado " que Sir David Brewster encontrou uma rocha de arenito com algo estranho incrustado.
O estranho achado, na sua aparência um martelo pré- histórico, logo lhe despertou o desejo de compartilhar com a comunidade cientifica tal raridade.
Teria ( e tem ) cerca de 12,5 cm .
Levou a rocha com o seu conteúdo para a British Association.
Análises daqui e dacolá e lá se chegou a um consenso quanto à origem pré-histórica da pedra e do conteúdo ( ??? ).
Esquecida ( !!??? ) da ciência ficou a mesma até que, em 1985, o Dr: A.W. Medd do centro Britânico de Pesquisas Geológicas voltou a interessar-se pelo estranho caso.
Novas e rigorosas análises vieram a revelar um resultado mais que inesperado
.
O bloco de arenito no qual o martelo está incrustado foi datado de um período entre 360 a 408 milhões de anos atrás!
Incrível se considerar-mos que data de antes dos dinossauros que surgiram no Triássico.
Quem fez o martelo ?
Segundo é oficialmente reconhecido apenas insectos, plantas e animais aquáticos povoavam o Planeta nesses tempos ancestrais.
Estou em crer que o silêncio em redor deste caso é muito conveniente.
Seria e será muito difícil explicar história e religião caso se prove a presença de seres inteligentes em períodos tão recuados do Mundo.
Mais a mais não estou a ver tão iminente cientista por em causa a sua reputação caso não acreditasse no que permitiu divulgar!
Os seus estudos conduziram à descoberta do princípio do caleidoscópio em 1816.
Embora elaborado como uma ferramenta científica, a descoberta foi vendida rapidamente como um brinquedo.
Criou também o estereoscópio, instrumento para produzir uma imagem tridimensional através de uma imagem bidimensional, consequência da sua dedicação ao estudo avançado da fotografia.
Brewster realizou trabalhos importantes em piroeletricidade, sendo que o termo "piroeletricidade" pode ser atribuído a ele, tendo também estabelecido uma grande lista de cristais termoelétricos.
MARTELO DE KINGOODIE |
Enigmático no mínimo tudo o que se poderá pensar acerca deste objecto.
Quem o utilizaria há mais de 240 milhões de anos ?
Afinal a fazer fé no que por aí se escreve acerca de tão absorvente assunto o martelo em causa nem é contemporâneo dos dinossauros pois, estes, nem sequer existiam.
O instrumento descoberto em MyInfield na Escócia pelo físico David Brewster em 1844 ficou conhecido por " Martelo de Kingoodie ".
ESCÓCIA |
Kingoodie Quary em Kingoodie era um local já conhecido em 1844 entre a comunidade paleontológica por ali se encontrarem vestígios fossilizados.
Foi numa dessas buscas a tais " livros do passado " que Sir David Brewster encontrou uma rocha de arenito com algo estranho incrustado.
O estranho achado, na sua aparência um martelo pré- histórico, logo lhe despertou o desejo de compartilhar com a comunidade cientifica tal raridade.
Teria ( e tem ) cerca de 12,5 cm .
Levou a rocha com o seu conteúdo para a British Association.
Análises daqui e dacolá e lá se chegou a um consenso quanto à origem pré-histórica da pedra e do conteúdo ( ??? ).
Esquecida ( !!??? ) da ciência ficou a mesma até que, em 1985, o Dr: A.W. Medd do centro Britânico de Pesquisas Geológicas voltou a interessar-se pelo estranho caso.
Novas e rigorosas análises vieram a revelar um resultado mais que inesperado
.
O bloco de arenito no qual o martelo está incrustado foi datado de um período entre 360 a 408 milhões de anos atrás!
Incrível se considerar-mos que data de antes dos dinossauros que surgiram no Triássico.
Quem fez o martelo ?
Segundo é oficialmente reconhecido apenas insectos, plantas e animais aquáticos povoavam o Planeta nesses tempos ancestrais.
Estou em crer que o silêncio em redor deste caso é muito conveniente.
Seria e será muito difícil explicar história e religião caso se prove a presença de seres inteligentes em períodos tão recuados do Mundo.
Mais a mais não estou a ver tão iminente cientista por em causa a sua reputação caso não acreditasse no que permitiu divulgar!
David Brewster |
Biografia
Estudou teologia na Universidade de Edimburgo, mas lá se voltou para a ciência. As suas principais experiências eram sobre a teoria da luz, algumas propriedades da luz e as suas aplicações. Adaptou e melhorou instrumentos técnicos existentes para usar em suas pesquisas, desenvolvendo novas ferramentas.
Os seus estudos conduziram à descoberta do princípio do caleidoscópio em 1816.
Embora elaborado como uma ferramenta científica, a descoberta foi vendida rapidamente como um brinquedo.
Criou também o estereoscópio, instrumento para produzir uma imagem tridimensional através de uma imagem bidimensional, consequência da sua dedicação ao estudo avançado da fotografia.
Brewster realizou trabalhos importantes em piroeletricidade, sendo que o termo "piroeletricidade" pode ser atribuído a ele, tendo também estabelecido uma grande lista de cristais termoelétricos.
Artefato de Kingoodie
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
A haste foi descoberta quando a argila foi clareada sobre a pedra. Com cerca de meia polegada (12,7 mm) da peça se projetando para fora, e o restante da haste encontra-se dentro da pedra. Não se sabe a partir de qual parte da pedreira esta peça veio, ela foi tratada pelo menos quatro ou cinco vezes desde que foi encontrada na pedreira.[1]
Há, no entanto, poucas referências a esse objeto, e os mistérios que cercam sua descoberta eram típicos para o século XIX.
Mas tais mistérios foram resolvidos pelo século XX.[2]
Algumas investigações apontam que o prego tenha sido inserido na pedra através de um furo. Se 25 mm foram, na verdade, embutido na pedra, não se sabemos em que proporção ele tinha fora dela. Outro maior problema para análises, é que não é possível encontrar qualquer fotografias dele: o seu estado real não está resolvido, mas cai em um padrão bem documentado de relatórios científicos em meados do século XIX.
Artefatos de metal feitos de ferro são oxidados em contato com o ar, mesmo enterrado em um curto período de tempo.
Os artefatos metálicos encontrados em escavações não mantém o seu aspecto original, normalmente, na maioria dos casos, eles são cobertos com uma camada de ferrugem vermelha, que deixa manchas na terra que o rodeia.
Uma das principais questões é, como ele NÃO continua a mostrar sinais de oxidação mesmo depois de 400 milhões de anos.
Referências
- Brewster, Sir David (1845). «Queries and Statements concerning a Nail found imbedded in a Block of Sandstone obtained from Kingoodie (Mylnfield) Quarry, North Britain». London: John Murray. Report of the Fourteenth Meeting of the British Association for the Advancement of Science. 51 páginas. Consultado em 3 de fevereiro de 2008
24.3.13
CASCAIS E A SUA FLORA E FAUNA
" As aves migratórias primam pela ausência estes últimos anos " escrevia eu há uns tempos.
Pois neste momento estamos no início da Primavera e aqui na região era comum observar as andorinhas nos seus voos típicos.
Também elas desapareceram quase que na totalidade.
As últimas que observei foi há cerca de duas semanas.
Outra realidade igualmente triste tem a ver com a flora dos nossos campos.
Os lírios amarelos ( iris lusitanica ) que povoavam a paisagem surgindo por esta altura entre a vegetação bravia desses campos, são pura e simplesmente retirados ao seu meio natural em quantidades tais que não fora a sua origem provir de bolbos há muito que se teriam extinto.
E para quê?
LÍRIO AMARELO ( IRIS LUSITANICA ) ( Foto de J.P.L. Março de 2013 ) |
Para os venderem junto à estrada do Guincho a automobilistas e afins.
Isto apesar de ser uma planta dita protegida.
Qualquer pessoa que dê uma volta pelos arredores agora, em Abril ou Maio, verá os famigerados recolectores ( e não são crianças ) na sua tarefa predadora.
Infelizmente muito mais irá desaparecer.
Eu pela minha parte sempre que se me deparava uma situação destas quando nas minhas voltas em b.t.t. as lobrigava tentava sensibilizar as pessoas.
Parco sucesso tive.
Outro problema igualmente grave prende-se com as inúmeras armadilhas de arame com que um ou outro energúmeno captura aves junto à ribeira das Vinhas por alturas de Setembro / Outubro.
VÍTIMAS DA ESTUPIDEZ ( Imagem youtube ) |
Estão ali há vista de todos, junto aos caminhos do Vale Travesso por ex:
Nem uma só acção de fiscalização ali vi fazer uma só vez que fosse.
VALE TRAVESSO OU PENHAS DO MARMELEIRO Foto obtida no blogue. http://link2greenway.blogspot.com |
Nisto e em tudo o mais bem que as agências do Ambiente que aqui por Cascais se esforçam em acções decerto meritórias, noutras vertentes, se poderiam também debruçar.
15.3.13
PORTUGAL MEDIEVAL
" Um vasto matagal entresachado ", assim definiu o historiador Costa Lobo o Portugal do século XV. Outro tanto se poderia afirmar para as épocas anteriores. Florestas e brenhas cobriam grande parte do País, convertendo-se em óptimo refúgio de feras e de animais bravios.
Aqui e além vislumbrava-se um montículo de casas, centro periférico de alguns campos arroteados que lhe sustentavam a população.
É verdade que o Minho, a Estremadura ou certas zonas litorais nortenhas escapavam um pouco a esse panorama desolador. Aí existia dispersão de povoamento, aldeias ainda mais pequenas mas casais espalhados pelos vales, pelas faldas das montanhas e pelas raras planícies.
A população era escassa; um milhão de habitantes ou pouco mais, distribuindo-se irregularmente de norte a sul, atingindo máximos e mínimos de densidade onde ainda hoje os atinge, não excedendo na média os onze habitantes por quilómetro quadrado. Houve, é certo, subidas e descidas ao longo dos três séculos do Portugal medieval.
O milhão de base pode ter sido suplantado entre os meados do século XIII e os meados do século XIV, quando a paz e a prosperidade do reino se sucederam aos tempos árduos da Reconquista; mas baixou também desde a Peste Negra de 1348, ou mesmo antes, para só recompor uma centúria mais tarde. (... ) Neste Portugal vivia um milhão de pessoas hierarquizadas em classes, subclasses, grupos e subgrupos. Havia a nobreza, o clero e o povo. (...)
Toda esta gente vivia de maneira diversa da nossa.
Alimentava-se, vestia-se, divertia-se segundo outros padrões.
Habitava em casas diferentes.
Tinha outro nível de vida e outra forma de passar o tempo.
Nem sequer o concebia, de resto como nós hoje.
O tempo era mais impreciso, menos necessário numa contagem rigorosa, menos nítido nos seus contornos e na sua utilidade.
O tempo era o sol e era a treva.
Não havia relógios mecânicos. As divisões básicas do dia e da noite correspondiam apenas a cerca de um terço das que hoje existem.
(...) Os anos de 1422 a 1460 foram vividos e contados duas vezes; a primeira quando ainda vigorava a era de César; a segunda, quando passou a vigorar a era de Cristo.
Gostariamos de saber como esta gente se comportava perante uma alegria ou uma tristeza; qual a expressão normal dos sentimentos; quais as possíveis diferenças sociais e económicas que os condicionavam.
Vida e morte, tratamento de uma e prevenção da outra, atitude frente ao sobrenatural, interesse pelo próximo, individualismo e colectivismo, código moral, tudo são aspectos do quotidiano em regra omitidos pelos historiadores das estruturas e dos acontecimentos. ( ...) 1
1- Do livro " A Sociedade Medieval Portuguesa
Autor. A.H.de Oliveira Marques
Livraria. Sá Da Costa. Editora. 2ª Edição. 1971
Imagem de; medievalist
Aqui e além vislumbrava-se um montículo de casas, centro periférico de alguns campos arroteados que lhe sustentavam a população.
É verdade que o Minho, a Estremadura ou certas zonas litorais nortenhas escapavam um pouco a esse panorama desolador. Aí existia dispersão de povoamento, aldeias ainda mais pequenas mas casais espalhados pelos vales, pelas faldas das montanhas e pelas raras planícies.
A população era escassa; um milhão de habitantes ou pouco mais, distribuindo-se irregularmente de norte a sul, atingindo máximos e mínimos de densidade onde ainda hoje os atinge, não excedendo na média os onze habitantes por quilómetro quadrado. Houve, é certo, subidas e descidas ao longo dos três séculos do Portugal medieval.
O milhão de base pode ter sido suplantado entre os meados do século XIII e os meados do século XIV, quando a paz e a prosperidade do reino se sucederam aos tempos árduos da Reconquista; mas baixou também desde a Peste Negra de 1348, ou mesmo antes, para só recompor uma centúria mais tarde. (... ) Neste Portugal vivia um milhão de pessoas hierarquizadas em classes, subclasses, grupos e subgrupos. Havia a nobreza, o clero e o povo. (...)
Toda esta gente vivia de maneira diversa da nossa.
Alimentava-se, vestia-se, divertia-se segundo outros padrões.
Habitava em casas diferentes.
Tinha outro nível de vida e outra forma de passar o tempo.
Nem sequer o concebia, de resto como nós hoje.
O tempo era mais impreciso, menos necessário numa contagem rigorosa, menos nítido nos seus contornos e na sua utilidade.
O tempo era o sol e era a treva.
Não havia relógios mecânicos. As divisões básicas do dia e da noite correspondiam apenas a cerca de um terço das que hoje existem.
(...) Os anos de 1422 a 1460 foram vividos e contados duas vezes; a primeira quando ainda vigorava a era de César; a segunda, quando passou a vigorar a era de Cristo.
Gostariamos de saber como esta gente se comportava perante uma alegria ou uma tristeza; qual a expressão normal dos sentimentos; quais as possíveis diferenças sociais e económicas que os condicionavam.
Vida e morte, tratamento de uma e prevenção da outra, atitude frente ao sobrenatural, interesse pelo próximo, individualismo e colectivismo, código moral, tudo são aspectos do quotidiano em regra omitidos pelos historiadores das estruturas e dos acontecimentos. ( ...) 1
1- Do livro " A Sociedade Medieval Portuguesa
Autor. A.H.de Oliveira Marques
Livraria. Sá Da Costa. Editora. 2ª Edição. 1971
Imagem de; medievalist
12.3.13
11.3.13
SALOIAS DA MALVEIRA DA SERRA EM CONVERSA.
Escrito pelo meu Amigo Pedro Falcão ilustre cascalense infelizmente já desaparecido encontramos este saboroso trecho na obra " Cascais Menino " que aqui transcrevo como uma homenagem aos meus conterrâneos.
Recordemos, pois, este belíssimo naco de prosa.
" Lá vem a chegar a Cascais, dos lados da Malveira, a procissão das saloias nos seus jericos. Vêm contando as suas vidas e as doenças, enquanto sentadas nas albardas, vão batendo a compasso com os calcanhares nas barrigas dos jumentos:
« Ó ti Jaquina intão como vai o sê marido ? »
« Vai indo mehlor, ti Joana, vai indo mehlor, graças a Deus.
Tá agora cá um dótôr nôvo qué um grande médeco, sim senhor.
Vocemecê já óviu falar ?
É um grande médeco, sim senhor.
Vêja vocemecê ó ti Joana.
Vomecê sabe bem co mê home tava mal, caquilo nan atava nim desatava, chamê muntos dótôres.
Uns arrecetavam pínlulas e oitros poses, mas o mê Antoino tava sempre na mesma, tava, sim senhor.
Inté que tive a sortre de chamar o tel médeco, que pôs o mê home in pé dum dia pró oitro, sim senhor, aquilo é que é um dótor ! »
« E qué que arrecetou o tal dótôr, ó ti Jaquina ? ».
« Ele arrecetou umas pínlulas ti Joana, mas nim foi preciso cumpralas.
O dótôr, assim que chegou, pôs um vidrinho, camodos que chamam temódeto, ou lá o qué, nos sovacos do mê home, e ospois foi-se imbora.
Olhe lá só le digo, ó ti Joana, co mê home, que nam se curva cum nada, no dia seguinte tava fino.
Inda lá dechê o vidro mais um dia por causa das dûvedas e pronto.
Quando cunté ó dótôr, ele riu-se munto, disse ca cura nan era do vidro.
Só o que custou munto ó mê home tomar foi as folhas cu tal médeco mandou, que disse quéra chá ou lá o qué.
Ele, coitado, custavale munto a mastigalas, camargavam munto, mas ê cá cando o dótôr manda obedeço, ca gente paga a vesita é pra fazê o cu home diz, num le parece, ó ti Joana ?
Porisso obriguê o mê home a mastigar as folhas todas e como a modos que lamargavam munto botêle azête e vinagre e ódepos lá as ingoliu com menos relutância.
E tou cumbencida cas folhas do tal chá tambêm le fezeram munto bên.
Mas o melhor remedo, o que pôs o mê home im pé, isso ninguên me tira da idêa que foi o tal abinçoado vidrinho. Grande dótôr, sim senhores ! »
E a procissão de burricos lá entra em Cascais, vem trazer aos fregueses a roupa lavada e corada ao sol da serra, branquinha e a cheirar bem, que dá gosto ".
Recordemos, pois, este belíssimo naco de prosa.
" Lá vem a chegar a Cascais, dos lados da Malveira, a procissão das saloias nos seus jericos. Vêm contando as suas vidas e as doenças, enquanto sentadas nas albardas, vão batendo a compasso com os calcanhares nas barrigas dos jumentos:
AS SALOIAS NOS SEUS JERICOS |
« Ó ti Jaquina intão como vai o sê marido ? »
« Vai indo mehlor, ti Joana, vai indo mehlor, graças a Deus.
Tá agora cá um dótôr nôvo qué um grande médeco, sim senhor.
Vocemecê já óviu falar ?
É um grande médeco, sim senhor.
Vêja vocemecê ó ti Joana.
Vomecê sabe bem co mê home tava mal, caquilo nan atava nim desatava, chamê muntos dótôres.
Uns arrecetavam pínlulas e oitros poses, mas o mê Antoino tava sempre na mesma, tava, sim senhor.
Inté que tive a sortre de chamar o tel médeco, que pôs o mê home in pé dum dia pró oitro, sim senhor, aquilo é que é um dótor ! »
« E qué que arrecetou o tal dótôr, ó ti Jaquina ? ».
« Ele arrecetou umas pínlulas ti Joana, mas nim foi preciso cumpralas.
O dótôr, assim que chegou, pôs um vidrinho, camodos que chamam temódeto, ou lá o qué, nos sovacos do mê home, e ospois foi-se imbora.
Olhe lá só le digo, ó ti Joana, co mê home, que nam se curva cum nada, no dia seguinte tava fino.
Inda lá dechê o vidro mais um dia por causa das dûvedas e pronto.
Quando cunté ó dótôr, ele riu-se munto, disse ca cura nan era do vidro.
Só o que custou munto ó mê home tomar foi as folhas cu tal médeco mandou, que disse quéra chá ou lá o qué.
Ele, coitado, custavale munto a mastigalas, camargavam munto, mas ê cá cando o dótôr manda obedeço, ca gente paga a vesita é pra fazê o cu home diz, num le parece, ó ti Joana ?
Porisso obriguê o mê home a mastigar as folhas todas e como a modos que lamargavam munto botêle azête e vinagre e ódepos lá as ingoliu com menos relutância.
E tou cumbencida cas folhas do tal chá tambêm le fezeram munto bên.
Mas o melhor remedo, o que pôs o mê home im pé, isso ninguên me tira da idêa que foi o tal abinçoado vidrinho. Grande dótôr, sim senhores ! »
E a procissão de burricos lá entra em Cascais, vem trazer aos fregueses a roupa lavada e corada ao sol da serra, branquinha e a cheirar bem, que dá gosto ".
8.3.13
MULHER PORTUGUESA
Tempos houve em que ...
" Ser um Homem era, portanto, ser capaz de trabalhar como tal e de ganhar em correspondência !
( ... ) Das mulheres esperava-se que destes se aproximassem em capacidade e resistência.
E se as condições físicas fossem insuficientes que a vontade inquebrável, então, as substituísse.
Para o patrão, concerteza, isso seria o ideal principalmente ganhando, como ganhavam, o preço das mulheres !
Isto é claro, para lá de tratar das lides domésticas, da horta ao domingo se a havia, dos filhos todos os dias, eventualmente de alguns animais de capoeira.
O próprio parto era assumido por estes lados como algo natural; algo que não justificava uma alteração substancial da vivência quotidiana.
Os testemunhos em que se trabalhou quase até à hora,interligam-se com outros em que o nascimento ocorreu no campo, durante o trabalho, fazendo aí as companheiras da parteiras improvisadas !
(... ) É que se é importante para os homens serem apodados de bons trabalhadores, para as mulheres, contudo, uma outra exigência se apõe a esta; a de ser honrada sendo o adultério particularmente criticado nela ( e ridicularizado o marido por tal ) e apenas levemente censurado nos homens cuja propensão extra-conjugal é considerada natural !
A censura pública sob a forma de ridicularizações e apodos pejorativos é comum nestas sociedades. o homossexualismo masculino é troçado, ridicularizado e desprezado. mas apenas no que se refere ao sujeito passivo; no fundo aquele que assume o papel feminino.
(...) Em suma, trabalhar diariamente, desde tenra idade, em tarefas esgotantes e por um salário que mal dava para a subsistência era o fado destas gentes.
Sair de casa, de noite, caminhar a pé para poder estar ao descobrir do sol no local de trabalho, pronto a pegar !
Voltar ao lusco fusco, para chegar a casa noite cerrada, com refeições para fazer e filhos por tratar !
Era assim uma vida de cão que as cheias vinham ainda ciclicamente agravar !
E se a vida do homem era dura, que dizer da mulher ?
É que além do trabalho, tal como o homem, durante todo o santo dia, ainda tinha de tratar dos filhos, da roupa, da alimentação e da casa. Essencialmente à noite; o único tempo, durante a semana, que lhe restava ! "
( 1.
( 1. Extractos do livro de autoria de Aurélio Lopes " FERTILIDADE E LABOR na Leziria Ribatejana "
A MULHER IDEAL 1966 |
7.3.13
NORTON DE MATOS
AV: NORTON DE MATOS - LISBOA - ANO DE 2013 ( Foto de J.P.L. ) |
Da mesma forma podemos ver um dos aviões da nossa transportadora numa aproximação à pista.
Consegui a foto esta manhã em Lisboa, mais uma manhã portuguesa.
José Norton de Matos
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
José Norton de Matos | |
---|---|
Norton de Matos em 1917 | |
Nome completo | José Maria Mendes Ribeiro Norton de Matos |
Nascimento | 23 de março de 1867 Reino de Portugal, Ponte de Lima |
Morte | 2 de janeiro de 1955 (87 anos) Portugal, Ponte de Lima |
Nacionalidade | Portugal |
Ocupação | Político e militar |
Religião | Agnóstico |
Família
Biografia
Depois de frequentar o Colégio do Espírito Santo de Braga (1872-1910)[1] foi, em 1880, para a Escola Académica, em Lisboa. Quatro anos depois iniciou o seu curso na Faculdade de Matemática em Coimbra. Fez o curso da Escola do Exército e, em 1898, partiu para a Índia Portuguesa, onde organizou os cadastros das terras. Começou aí a sua carreira na administração colonial, como director dos Serviços de Agrimensura. Acabada a sua comissão, viajou por Macau e pela China em missão diplomática.O seu regresso a Portugal coincidiu com a implantação da República portuguesa. Dispondo-se a servir o novo regime, Norton de Matos foi chefe do estado-maior da 5.ª divisão militar. A 17 de Maio de 1912 é iniciado Maçon na Loja Pátria e Liberdade, N.º 332, de Lisboa (Rito Escocês Antigo e Aceite), sob os auspícios do Grande Oriente Lusitano Unido, com o nome simbólico de Danton. Nesse mesmo ano tomou posse como governador-geral de Angola. A sua actuação na colónia revelou-se extremamente importante, na medida em que impulsionou fortemente o seu desenvolvimento, protegendo-a, de certa forma, da ameaça contínua que pairava sobre o domínio colonial português, por parte de potências como a Inglaterra, a Alemanha e a França. Fundou a cidade do Huambo. A 27 de Janeiro de 1913 é elevado ao Grau 2 (Companheiro) e a 18 de Abril de 1914 é elevado ao Grau 3 (Mestre). Em Outubro desse ano dá-se a cisão da Maçonaria Portuguesa: a Loja Pátria e Liberdade, N.º 332 desliga-se da obediência do Grande Oriente Lusitano Unido.
Foi demitido do cargo em 1915, como consequência da nova situação política que se vivia em Portugal durante a Primeira Guerra Mundial. Foi depois chamado, de novo, ao Governo, ocupando o cargo de ministro das Colónias, embora por pouco tempo. A 12 de Maio de 1916 reentra na obediência do Grande Oriente Lusitano Unido, filiando-se na Loja Acácia, de Lisboa (Rito Francês), e a 19 de Setembro de 1916 é elevado ao Grau 4 (Eleito) do Rito Francês. Em 1917, um novo golpe revolucionário obrigou-o a exilar-se em Londres, por divergências com o novo governo. A 16 de Fevereiro de 1918 é elevado ao Grau 5 (Escocês) do Rito Francês e a 31 de Outubro de 1918 é elevado ao Grau 6 (Cavaleiro do Oriente ou da Espada) do Rito Francês. Regressou à pátria e foi delegado de Portugal à Conferência da Paz, em 1919. Mais tarde, foi promovido a general por distinção e nomeado Alto Comissário da República em Angola. Na Primavera de 1919, foi delegado português à Conferência da Paz. A 31 de Outubro de 1919 é elevado ao Grau 7 e último (Príncipe Rosa Cruz) do Rito Francês. Em Junho de 1924, exerceu as funções de embaixador de Portugal em Londres, cargo de que foi afastado aquando da instauração da Ditadura Militar. A 6 de Novembro de 1928 a Loja Acácia, de que é membro, propõe, pela primeira vez, a sua candidatura ao cargo de Grão-Mestre Adjunto do Grande Oriente Lusitano Unido. A 7 de Dezembro de 1928 morre Sebastião de Magalhães Lima, 10.º Grão-Mestre do Grande Oriente Lusitano Unido, e a 31 de Outubro de 1929 morre António José de Almeida, 12.º Grão-Mestre eleito do Grande Oriente Lusitano Unido.
Foi, a 31 de Dezembro de 1929, eleito 14.º Grão-Mestre do Grande Oriente Lusitano Unido para os anos de 1930 e 1931, cargo que ocupou entre 1930 e 1935.[2] A 30 de Abril de 1930 toma posse do cargo de Grão-Mestre, dirigindo uma mensagem aos Maçons Portugueses. A 17 de Setembro parte para Antuérpia, a fim de participar na Semana Portuguesa e na Convenção Maçónica Internacional. De 25 a 30 de Setembro toma parte na Convenção da Association Maçonnique Internationale (A.M.I.), reunida em Bruxelas. Em Dezembro, devido ao período decrescente em que decorrem os trabalhos maçónicos em Portugal, é decidido suspendê-los nas lojas de Lisboa, convidando estas à imediata triangulação. Em Março de 1931 dirige uma importante mensagem à Grande Dieta e em Dezembro é reeleito Grão-Mestre.
A 5 de Julho de 1932 Salazar ascende a Presidente do Conselho. A 31 de Janeiro de 1935 protesta, junto do Presidente da Assembleia Nacional, Jose Alberto dos Reis, contra o projecto de lei que proíbe as associações secretas. A 14 de Maio é emitida uma Resolução do Conselho de Ministros exonerando e / ou passando à reforma uma série de funcionários que oferecem poucas garantias de fidelidade ao regime, entre os quais Norton de Matos. A 21 de Maio dá-se a Publicação da Lei N.º 1.091 que proíbe as associações secretas. Norton de Matos demite-se do cargo de Grão-Mestre, para que pudesse ser eleito alguém desconhecido do Governo.
Em 1948, participou nas eleições presidenciais de 1949, reivindicando a liberdade de propaganda e uma melhor fiscalização dos votos. O regime de Salazar recusou-se a satisfazer estas exigências. Obteve vastos apoios populares e apoio de membros da oposição. Devido à falta de liberdade no acto eleitoral, e prevendo fraudes eleitorais, ele acabou por desistir depois de participar em comícios e outras manifestações de massas.
Norton de Matos, tal como grande número de republicanos e opositores do Estado Novo, era defensor de uma política colonialista. Em 1953, no seu livro África Nossa defendeu que Portugal tem “pois de povoar essas terras, intensa e rapidamente, com famílias brancas portuguesas e continuar a assimilar os habitantes de cor que lá encontramos. Assimilação completa, material e espiritual”.[3]
Condecorações
- Grã-Cruz da Antiga e Muito Nobre Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito (28 de Fevereiro de 1919)[4]
- Grã-Oficial da Ordem Militar de São Bento de Avis (5 de Outubro de 1921)[4]
- Grã-Cruz da Ordem Militar de São Bento de Avis (5 de Outubro de 1921)[4]
- Cavaleiro-Grã-Cruz Honorário da Distintíssima Ordem de São Miguel e São Jorge da Grã-Bretanha e Irlanda
- Grã-Cruz da Ordem da Liberdade (30 de Junho de 1980; título póstumo)[5]
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Obras publicadas
- Os serviços de agrimensura e cadastro da Índia Portuguesa
- A geologia da Índia Portuguesa
- A província de Angola (1926)
- Memória e trabalhos da minha vida (1943-46, 4 volumes)
- Norton de Matos, José Mendes Ribeiro (1953). África Nossa. O Que Queremos e o Que Não Queremos Nas Nossas Terras De África. Porto: Edições Maránus
Referências
- «Cidadãos Nacionais Agraciados com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "José Maria Norton de Matos". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 17 de março de 2016
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Presidentes do Ministério de Portugal durante a Primeira República Portuguesa (1910–1926)
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Ministros da Guerra de Portugal na Primeira República (1910–1926)
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Ministros das Colónias de Portugal na Primeira República (1910–1926)
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Junta Constitucional (1915)
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11.º governo republicano (1915)
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12.º governo republicano (1915–1916)
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13.º governo republicano (1916–1917)
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14.º governo republicano (1917)
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