Tempos houve em que ...
" Ser um Homem era, portanto, ser capaz de trabalhar como tal e de ganhar em correspondência !
( ... ) Das mulheres esperava-se que destes se aproximassem em capacidade e resistência.
E se as condições físicas fossem insuficientes que a vontade inquebrável, então, as substituísse.
Para o patrão, concerteza, isso seria o ideal principalmente ganhando, como ganhavam, o preço das mulheres !
Isto é claro, para lá de tratar das lides domésticas, da horta ao domingo se a havia, dos filhos todos os dias, eventualmente de alguns animais de capoeira.
O próprio parto era assumido por estes lados como algo natural; algo que não justificava uma alteração substancial da vivência quotidiana.
Os testemunhos em que se trabalhou quase até à hora,interligam-se com outros em que o nascimento ocorreu no campo, durante o trabalho, fazendo aí as companheiras da parteiras improvisadas !
(... ) É que se é importante para os homens serem apodados de bons trabalhadores, para as mulheres, contudo, uma outra exigência se apõe a esta; a de ser honrada sendo o adultério particularmente criticado nela ( e ridicularizado o marido por tal ) e apenas levemente censurado nos homens cuja propensão extra-conjugal é considerada natural !
A censura pública sob a forma de ridicularizações e apodos pejorativos é comum nestas sociedades. o homossexualismo masculino é troçado, ridicularizado e desprezado. mas apenas no que se refere ao sujeito passivo; no fundo aquele que assume o papel feminino.
(...) Em suma, trabalhar diariamente, desde tenra idade, em tarefas esgotantes e por um salário que mal dava para a subsistência era o fado destas gentes.
Sair de casa, de noite, caminhar a pé para poder estar ao descobrir do sol no local de trabalho, pronto a pegar !
Voltar ao lusco fusco, para chegar a casa noite cerrada, com refeições para fazer e filhos por tratar !
Era assim uma vida de cão que as cheias vinham ainda ciclicamente agravar !
E se a vida do homem era dura, que dizer da mulher ?
É que além do trabalho, tal como o homem, durante todo o santo dia, ainda tinha de tratar dos filhos, da roupa, da alimentação e da casa. Essencialmente à noite; o único tempo, durante a semana, que lhe restava ! "
( 1.
( 1. Extractos do livro de autoria de Aurélio Lopes " FERTILIDADE E LABOR na Leziria Ribatejana "
A MULHER IDEAL 1966 |