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29.8.20

JOSÉ ORTEGA Y GASSET

A VIDA ( Foto de J.P.L. )
A vida que nos é dada tem os seus minutos contados e, além disso, é-nos dada vazia.
 Quer queiramos quer não, temos de preenchê-la por nossa conta: isso é, temos de ocupá-la, de um ou de outro modo.
  Por isso, a substância  de cada vida reside nas suas ocupações. 
Ao animal não somente lhe é dada a sua vida, mas também o reportório invariável da sua conduta.
  Sem a sua intervenção, os instintos dão-lhe já decidido o que vai fazer e evitar. 
Por isso, não pode dizer-se do animal que se ocupa nisto ou naquilo. 
A sua vida não esteve nunca vazia, indeterminada. 
Mas o homem é um animal que perdeu o sistema dos seus instintos, ou, o que é igual deles conserva só resíduos e cotos incapazes de lhe impor um plano de comportamento.

   Ao encontrar-se existindo, encontra-se perante um pavoroso vazio. Não sabe o que fazer; tem ele mesmo que inventar os seus afazeres ou ocupações.
   Se contasse com um tempo infinito diante de si, não importaria grandemente: poderia ir fazendo o que lhe ocorresse, experimentando, uma após outra, as ocupações imagináveis.

 Mas aí está!
a vida é breve e urgente; consiste sobretudo em pressa, e não há outro remédio senão escolher um programa de existência, com exclusão dos restantes; renunciar a ser uma coisa para poder ser outra; em suma, preferir uma ocupação às restantes.

   O facto mesmo de que as nossas línguas empreguem a palavra  « ocupação » nesse sentido revela que os homens viram desde há muito, talvez desde o princípio, a vida como um « espaço  » de tempo que os nossos actos vão enchendo, incompenetráveis uns com os outros,tal como os corpos.

   Com a vida, é claro, é-nos imposta uma longa série de necessidades a que não é possível fugir, que temos de enfrentar sob pena de sucumbir.

 Mas não nos foram impostos os meios e modos de satisfazê-las, de sorte que também nesta ordem do inevitável temos que inventar - cada um por si ou aprendendo-o em usos e tradições - o reportório das nossas acções. ( 1 )




(1 ) José Ortega Y Gasset.
     " Sobre a Caça e os Touros "
     1989 Edições Cotovia, ldª


José Ortega y Gasset

Ortega y Gasset durante a década de 20
Nascimento 9 de maio de 1883
Madrid
Morte 18 de outubro de 1955 (72 anos)
Madrid
Nacionalidade Espanha Espanhol
Progenitores Mãe: Dolores Gasset Chinchilla
Pai: José Ortega Munilla
Cônjuge Rosa Spottorno Topete (1914-2007)
Filho(s) José Ortega Spottorno (1916-2002)
Soledad Ortega Spottorno(1910–1955)
Ocupação Filósofo, Historiador, Politólogo, Escritor, Ensaísta, Jornalista
Prémios Medalla Goethe de la ciudad de Fráncfort (1949)
Movimento literário Novecentismo






Religião Agnóstico
Assinatura
Firma de José Ortega y Gasset.svg

BRICOLAGE

PARA GRANDES MALES...GRANDES REMÉDIOS ( Foto de J.P.L. )


28.8.20

ZAMBUJEIRO UMA ALDEIA EM CASCAIS

ANINHADA JUNTO À SERRA DE SINTRA EIS A POVOAÇÃO DO ZAMBUJEIRO ( Foto de J.P.L. em Abril de 2011 )

VISTA SOBERBA. ( Foto de J.P.L. Abril de 2011 )

O Zambujeiro é uma pequena aldeia a seguir a Murches, com acesso também por Alcabideche.
 De carro fica a cerca de 7 minutos do centro de Cascais.
Faz parte das aldeias rurais de Cascais, e preserva ainda alguns vestígios ainda bem vivos das memórias de uma vida rural, restos únicos de habitações, fontes, chafarizes, portais, moinhos, fornos de pão e de cal etc...
É uma aldeia muito pacata e calma, que desfruta de uma bela vista panorâmica da Serra de Sintra.


21.8.20

MOINHOS e IBN MUCANA


Moinho de Vento. Alcabideche anos 50. Capa do livro " registo fotográfico de Alcabideche e alguns apontamentos Histórico - Administrativos " ( Foto de J.P.L. Ano 2011 )





FOTO OBTIDA MAIS OU MENOS NO MESMO LOCAL DA QUE SERVE DE CAPA AO LIVRO. ( foto de J.P.L. Julho de 2011 )






Quantas vezes o moleiro não sorriu desta janela ? .( foto de J.P.L. Ano 2011







Já girou milhares de vezes para moer a farinha.  ( Foto de J.P.L. Ano 2011 )





IMAGEM  DO VELHO MOINHO NO DIA DE HOJE. ( Foto de J.P.L. Julho de 2011 )
                                             

Lenta, mas inexoravelmente, o tempo vai levando à ruína mais este Monumento.

Sinceramente  é de lamentar.

 Tal como entre nós homens a sorte favorece uns e deixa outros esquecidos.

 Vejam nas fotos de baixo um outro moinho a apenas cem metros deste.

 Bem tratado e estimado como se na sua origem o berço não fosse o mesmo !


                           
Ao lado do irmão pobre. E, como de costume, de costas voltadas.  Foto de J.P.L. Ano 2011






Estimado e limpo ( Foto de J.P.L. Julho 2011 )








Moinho Ibn Mucana ( Foto de J.P.L. Ano 2011 )








RESTAURADO O VELHO MOINHO ( Foto de J.P.L. Ano 2011 )
          
Moinho Ibn Mucana - É um moinho particular mas o proprietário permite e facilita a sua visita.
 Está restaurado e em perfeito estado.

                          

Ibn Mucana

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Ibn Mucana
Nascimento 1042
Alcabideche, Portugal
Morte
Alcabideche, Portugal
Ocupação Poeta
Ibn mucana ou Ibn Muqãnã ou Ibn Muqana al-Qabdaqi ou Abu Zayd'Abd ar-Rahmãn ibn Muqana conforme as diferentes grafias em que o nome aparece escrito (Alcabideche, 1042 — Alcabideche, século XI) foi um importante Poeta árabe, que viveu na Península Ibérica no actual território português, nomeadamente na zona de Alcabideche.

A região de Alcabideche foi durante o tempo árabe e mesmo posteriormente povoada por grande quantidade de moinhos de vento, cuja primeira referência literária a esses moinhos chegou até ao presente graças aos escritos de Ibn Mucana, que nasceu e viveu em Alcabideche.

Foi com as palavras do Poema de Ibn mucana, abaixo, escritas na viragem do Século XI , que Abu Zayd'Abd ar-Rahmãn ibn Muqana, natural de Al-Qabdaq, actual Alcabideche, referenciou a forma de viver a vida rural na então Al-Qabdaq. O poeta queixava-se de que, apesar a sua terra fosse bastante rica, os colectores de impostos não o deixavam em paz, chegando a transformar a opulência em pobreza.

Para expressar as suas ideias ibn Muqana utilizou a metáfora da nora e das nuvens, tornando-se assim o primeiro escritor da Península Ibérica a referir expressamente a existência de moinhos de vento nestas paragens.

Existe uma escola secundária com o seu nome em Alcabideche. 

                                            Poema a Alcabideche

"Ó tu que vives em Alcabideche, oxalá nunca te faltem
nem grãos para semear, nem cebolas nem abóboras
Se és homem decidido precisas de um moinho
que trabalhe com as nuvens sem dependeres dos regatos.
 
Quando o ano é bom a terra de Alcabideche
não vai além das vinte cargas de cereais.
Se rende mais, então sucedem-se,
ininterruptamente e em grupos compactos,
os javalis dos descampados.
 
Alcabideche pouco tem do que é bom e útil.
como eu próprio quase surdo como sabes.
Deixei os reis cobertos com os seus mantos
e renunciei a acompanhá-los nos cortejos…
 
Eis-me em Alcabideche colhendo silvas com uma podoa ágil e cortante.
Se te disserem: gostas deste trabalho?, responde; sim.

O amor da liberdade é o timbre de um carácter nobre.
Tão bem me governam o amor e os
benefícios de Abu Bacre Almofadar


                                        

20.8.20

TELEFONE. RECORDAÇÕES

O TELEFONE           ( Foto de J.P.L. Julho de 2011 )

  Tantas e tantas recordações veem-me à memória quando olho para este esquecido espécime do meu passado recente mas que, à luz dos tempos que correm, parece não do século passado mas de muito, mas muito  mais além.
 Como imaginar o que eram esses tempos ?
 As delícias de ouvir a  nossa  " mais que tudo " do outro lado da linha. 
A chamada para o cinema afim de " marcar uma reserva ". 
O táxi que era urgente. 
As tantas  " desculpas "  hoje impossíveis de  admitir de que ele foi protagonista. 
Tantas e tantas lembranças que dariam para cada um de nós, que com ele conviveu, particular e profissionalmente  e, quem sabe, deixar cair uma lágrima de saudade. 




Telefone

O telefone é um dos meios de telecomunicações projetados para transmitir sons através de sinais elétricos nas redes telefónicas.
 É definido como um aparelho eletroacústico que permite a transformação, no ponto transmissor, de energia acústica em energia elétrica e, no ponto receptor, a energia elétrica é transformada novamente em acústica, permitindo desta forma a troca de informações entre dois ou mais usuários. 
Para haver êxito nessa comunicação, os aparelhos necessitam estar comutados a uma central telefónica.
  

18.8.20

PROVÉRBIOS PARA AGOSTO.

AGOSTO Quadro de  Silva Porto

  Eis alguns provérbios para Agosto:

                     Hoje o dia  " acordou " nublado por aqui. E depois choveu. Nada preocupante pois:

                                               
                                                     Agosto chuvoso é ano formoso.
                                      Quando chove em Agosto, chove mel e mosto.                                           
                           

                                              Couves em Agosto, tumba à porta.
                    

                            ou então !!
                                       
            Se queres ver o teu homem morto, dá-lhe couves em Agosto.

               Seja como for o mês de Agosto aí está. Com mais ou  menos chuva pois; 
                                                
                                                                
                                             Chuvas de verão, depressa vêm, depressa vão.
                                             Chuva de verão, chove agora e logo não.

 E como apetece um melãozinho comprei um que me pareceu bom. Enganei-me. Era acerca deles que mantinha algum acerto na escolha.
 Apalpava-lhes o "cu ".
  Via-lhes a cor. 
O peso. 
O aroma.
 Mas como diz o adágio:

               Com mulheres e melões, ninguém tenha presunções.

     Não há que preocupar, pois, caso contrário, seria de afastarem-se

                                        Com homem perdido, ninguém se meta.
             e...         
                                        Deixa ficar como está para ver como fica.
      

ESFERAS DE KLERKSDORP ( WONDERSTONE )

Aqui está algo que no mínimo acho estranho. Dizem por essa internet que foram descobertas numa mina de prata aqui há uns anos umas esferas, cerca de 200, incrustadas numa rocha de pirofilita.

Pedaço de pirofilita ( Entre outras propriedades é utilizada na indústria cerâmica, porcelana, asfaltos, etc... )

  Retiradas dessa rocha foram as ditas esferas submetidas a análises de rádio-isopo.

Esfera do Museu de Klerksdorp


  Em resultado destas análises atribuiram-lhes a idade de alguns largos milhares de anos. O seu tamanho oscila entre a 1 e as 4 polegadas ou seja de 2,5 cm  a 10 cm. Compostas de uma liga de niquel e aço não natural o que se deduz como obra alheia à mãe natureza.



Uma das esferas com um furo.


  As esferas analizadas apresentam caracteristicas singulares tais como um traço ao redor ( tipo linha do equador ) ou o que queiramos comparar a isso. Algumas um furo preciso.Algumas possuem uma camada de 1/4 de polegada = 1,25 cm. Dizem que não houve forma de as abrir todas apesar dos meios utilizados, tanto na Africa do Sul como nos Estados Unidos para onde foram enviados alguns, se não a totalidade dos exemplares para estudo.Nem um risco nem outro dano ocorreu. Porém algumas estranhamente, ou não, foram abertas e o seu conteúdo revelou um material esponjoso que se desintegrou em pó  logo que entrou em contacto com o oxigénio.



Lua de Saturno.   Iapetus.


 Como referi acima as esferas têm ao redor uma linha parecida com a que representamos o equador mas houve quem descobrisse semelhanças com uma das luas de Saturno, a lua Iapetus.



Esfera com furo.
 Escrevem  na net que existe no Museu Africano de Klerksdorp uma esfera destas em exposição devidamente isolada e protegida que denota uma estranha particularidade.
 Gira sobre si própria num movimento alheio a qualquer vibração exterior.

 Segundo ainda li os cientistas consideram estes, chamemos-lhes,  " objectos " como manufacturados ou de origem inteligente e não casuística da natureza. 
Assim,  atendendo a isto e se for verídico, daí eu tentar encontrar alguma referência no museu de Klerksdorp,  sem sucesso, leva-me com todas as reservas estarmos em presença de algo muito estranho.
 Será verdade a existência destas esferas ?
 Será verdade que tudo o que delas dizem corresponde ?
 Ou será simplesmente mais um embuste para nos atormentar ?
 Há quem defenda e não me causa pejo concordar que a ser verdade a industria militar tem todo o interesse em silenciar a descoberta. 
Até as religiões seriam duramente afectadas.
 Afinal quem elaborou as esferas de Wonderstone ?
Há milhões de anos ?
 Com que fim ?


  

   Klerksdorp - Fundada em 1837 numa das margens do Schoonspruit por Jacob de C'lerq o primeiro magistrado desta então pequena comunidade rural.

 Em meados de 1886 foi descoberto ouro e, desde então, o que era rural passou a " evoluir " para uma comunidade mineira de garimpagem do metal nobre.

 As raizes rurais mantiveram-se dada a benignidade do clima e do solo que, tal como a exploração mineira, chegaram aos nossos dias com notável sucesso .  


Esferas métalicas de KlerksdorpAs esferas de Klerksdorp são rochas esféricas ferrosas encontradas em Ottosdal, na África do Sul, sobre um estrato Pré-cambriano. Encontram-se atualmente expostas no Museu de Klerkdorp. A idade aproximada das esferas metálicas de Klerksdorp é de 3 bilhões de anos, que está compreendida entre o período pré-cambriano que vai de 4,5 bilhões de anos, até o surgimento de uma larga quantidade de fósseis, que marca o início do período Cambriano da era Paleozóica do éon Fanerozóico, há cerca de 540 milhões de anos.

17.8.20

JARDIM VISCONDE DA LUZ E A ESTÁTUA CENTRAL.

AOS COMBATENTES MORTOS PELA PÁTRIA ( Foto de J.P. L.  )

AOS COMBATENTES MORTOS PELA PÁTRIA. HOMENAGEM DOS COMBATENTES DA GRANDE GUERRA XI - 1918  XI  - 1968 . ( Foto de J.P.L. )
 
Bem no centro de Cascais, no " coração " da minha terra está esta estátua rodeada por um aprazível jardim, o jardim Visconde da Luz.
 Evoca os mortos pela Pátria nas guerras em que o País se envolveu
ou viu envolvido.

Na placa colocada em local nobre, sob os pés de tão formosa figura, alude-se o motivo do memorial. Em boa hora.

16.8.20

PENHA LONGA E O SEU PENEDO DOS OVOS

HOTEL DA PENHA LONGA EDIFICADO SOBRE O CONVENTO DE NOSSA SENHORA DA SAÚDE  ( Foto de J.P.L. Ano de 2011) ) 
 
No lugar da Ribeira de Penha Longa nas faldas da Serra de Sintra, para a parte de sul, está situado o convento de Nossa Senhora da Saúde, primeira fundação que tiveram os monges de S. Jerónimo, no então Reino de Portugal.

PENEDO DOS OVOS ( Foto de J.P.L. )  
 
Está fora de dúvida que o convento da Penha Longa foi concluído em 1400, sob os auspícios d'El-Rei D. Manuel, certamente porque as esmolas que o seu fundador alcançou, não chegaram para o concluir.
 É tradição que, tendo sido pedida a D. João I uma esmola, com destino àquela fundação, este Rei mandara 1$600 reis, escoltados por uma companhia de alabardeiros, para os salteadores a não roubarem no caminho.

 Perto deste mosteiro ( hoje desaparecido )está num elevado monte , com um penedo que serve de base a uma cruz, este penedo é vulgarmente conhecido por "  Penedo dos Ovos " , nome a que anda ligada uma curiosa lenda.

 Tem também o nome de " Pedra Longa " ou " Pera Longa " por causa da sua estranha configuração muito semelhante a uma pera.

 Há que afirme ter tido origem no nome deste penedo a denominação de Pera Longa, que antigamente tinha Penha Longa. 
Autrora dizem ter servido este mesmo penedo de baliza aos navegantes dado se avistar de alto mar, o que hoje estranhamos por estar a zona densamente arborizada.

  " A aquele penedo elevado a prumo, caprichosamente, pela natureza, ou produzido pelas convulsões vulcanicas do terreno, em tempos ignotos, anda ligada a seguinte interessante lenda:

  Era voz constante que debaixo dele havia escondido um tesouro, - tesouro encantado - que só pertenceria a quem fosse capaz de o derrubar, atirando-lhe com ovos.

  Era uma espécie de esfinge, que difícil seria adivinhar.

HOJE O TESOURO É OUTRO E ESTÁ À VISTA ( Foto de J.P.L. )   


 
 
Ora,  sucedeu que a uma velha daquelas imediações se lhe meteu na cabeça conquistar o apetecido tesouro. Nesse propósito dispôs-se a boa velhinha a juntar tantos ovos quanto pudesse, e quando já estava senhora de uma boa provisão, deu princípio à sua ingénua tarefa.



Ao longe, o " Penedo dos Ovos " envolto na paisagem, a qual alguns tentam subtrair aos vindouros, conforme fizeram já com a minha geração . Foto de J.P.L.
  
 
 Carregou, pouco a pouco todos os ovos para as imediações do penedo e meteu mãos á obra. Um a um, dois a dois, e com quanta força dispunha, ia arremessando os ovos contra o penedo; quando nenhum já lhe restava, - cruel decepção ! - o penedo continuou erecto e firme, lavado em ovos!
  E foi assim que, em vez de cair por terra o penedo, pondo a descoberto o maravilhoso tesouro, cairam por terra desfeitos todos os sonhos, e todas as esperanças da pobre velha !


  E ainda hoje, o povo sempre propenso ao maravilhoso, julga ver nos musgos amarelados que cobrem o penedo, as gemas dos ovos que a velha contra ele arremessou. " ** 

**  Cintra Pinturesca . 
     António A. R. da Cunha.                   


     Lisboa. 1905 


hoje é impossível visitar livremente o Penedo dos Ovos ou os arredores, por o espaço estar condicionado. Foram por ali construidas várias moradias ao seu redor, um hotel, um campo de golfe e dois condomínios estes últimos que, pela localização tornaram aberrante a paisagem envolvente. Creio que os   "responsáveis" ainda sonham urbanizar toda a Serra de Sintra e não o podendo fazer, quiçá, proibir a todos os demais usufruir desses espaços. O futuro nos dirá. * 

 

15.8.20

CASCAIS. CINE - ACADÉMICO. ANOS SESSENTA

    Era eu pequenino  quando fui ao cinema Académico.
 Recordo que o bilhete custava então 7$50. Sete e quinhentos como era usual dizer-se. 
Dava direito a dois filmes  a preto e branco, por vezes.
 Recordo, também, que se podia fumar na sala, tendo por isso na memória a fumarada que pairava no ar. Acontecia por vezes a fita estar cortada ou partir de repente e era uma gritaria e assobios para com o projecionista que só visto.
 Tenho uma vaga ideia de haver pessoas a entrar e  a sair durante a projecção e muitas outras coisas que mais se assemelham ao filme " Cinema Paraíso. "
 Depois disto tudo terminado, lá vinha com o meu Pai até casa, a pé, por caminhos de terra.
 Guardo desses tempos memórias de uma beleza que, hoje, à distância de mais de meio século parecem-me só ter sido um sonho tal é a realidade que  me cerca 
Mas não.
 Felizmente aconteceu.                                                                       


                                          
O QUE RESTA DO VELHINHO CINE - ACADÉMICO   ( Foto de J.P.L. )
                                                                        

ERA ALI O CINEMA ACADÉMICO NOS ANOS 60 E O OXFORD DOS ANOS 70. HOJE É ISTO.  ( foto de J.P.L. Nov: de  2011 )  Actualmente. Outubro de 2025 foi tudo demolido para dar lugar a novas urbanizações
                     
                                                                             
   
         Foi o cinema Académico, assim como o S. José, referências para a juventude hoje encanecida      
         distinguindo-se um do outro até por essa mesma juventude.
       
        O " Académico " tornou-se num marco de referência quando se  " marcava " um encontro. Saudosos tempos.



O VELHO, O RAPAZ E O BURRO

Contos e Fábulas
                             

                      O mundo ralha de tudo,
                      Quero contar uma história
                      Em prova dessa asserção.
                      Tenha ou não tenha razão.

                                                                                                       Partia um velho campónio
                                                                                                    Do seu monte ao povoado,
                                                                                                    Levava um neto que tinha,
                                                                                                    No seu burrinho montado.
        
                                     Encontra uns homens que dizem:
                                                                                                    " Olha aquele que tal é !
                                                                                                    " Montado o rapaz, qu'é  forte,
                                                                                                    " E o velho tropego a pé. "

                                                                                                   
                                          Tapemos a boca ao mundo,
                                                                                                
                                                                                                   O velho disse: " Rapaz,
                                                                                                    Desce do burro, que eu monto,     
                                 
                                        Apeiam-se, e outros dizem-lhe:
                                                                                                 
                                                                                                      " Toleirões,calcando" lama !
                                                                                                      " De que lhes serve o burrinho ?
                                                                                                      " Dormem com ele na cama                                               
                                                Monta-se, mas ouve dizer:                                                       
                                                                                                  
                                                                                                     " Que patetice tão rara,
                                                                                                     " O tamanhão do burrinho,
                                                                                                     " E o pobre pequeno á pata "
                                                                                                     " E vem caminhando atráz.
                                                                                                

                             
                                                                                                  
                                                                                                      
                                   Vamos ao chão " diz o velho,
                                                                                                       " Já não sei que hei-de fazer !
                                                                                                       " O mundo está de tal sorte
                                                                                                       " Que se não pode entender.
                                                                                                           
                                                                                                      Montam, mas ouvem d'um lado:
                                                                                                       " Apeiem-se, almas de breu !
                                                                                                       " Querem matar o burrinho ?
                                                                                                       " Aposto que não é seu ! "

                                                                                                            
                                             " É mau se monto no burro"
                                             " Se o rapaz monta, mau é, "
                                             " Se ambos montamos, é mau, "
                                             " E é mau se vamos a pé "                                                                                                       

                                                                   
                                           
                                                               
                                                                                                   

                                                                                                         " De tudo me teem ralhado,
                                                                                                        " Agora que mais me resta ?
                                                                                                        " Peguemos no burro ás costas,
                                                                                                        " Façamos ainda mais esta.

                                                                                     

                                                          Pegam no burro; o bom velho
                                                          Pelas mãos o ergue do chão;
                                                         Pega-lhe o rapaz nas pernas,


                                                          E assim caminhando vão.

                                                                                                     

                                                

                                            
                                                " Olhem dois loucos varridos ! "
                                                  Ouvem com grande sussurro,
                                               " Fazendo mundo às avessas,
                                                " Tornados burros do burro ! "
                                                                           "

                          "
         O velho então pára e exclama:
                                                              " Do que observo me confundo !
                                                              " Por mais qu'a gente se mate,
                                                                " Nunca tapa a boca ao mundo.
              
                                                                  " Rapaz, vamos como d'antes
                                                                  " Sirvam-nos estas lições;
                                                                  " É mais tolo quem dá
                                                                 " Ao mundo satisfações.                                                                                              

                                                                                                          *
                                                              



                                                                                                          


                                                                                                         


                                           
    *   Semmedo ; Lisboa, Fevereiro de 1881