Este blogue é pessoal e sem fins lucrativos. Se sentir que eu estou a infringir os seus direitos de autor(a) agradeço que me contacte de imediato para eu corrigir o referido conteúdo: / This blogue is a non-profit and personal website. If you feel that your copyright has been infringed, please contact me immediately: pintorlopes@gmail.com

13.10.17

FÁTIMA. O FENÓMENO

Faz hoje 100 anos que a Cova da Iria assistiu ao Milagre do Sol

Celebra-se esta sexta-feira o centenário do Milagre do Sol, a prova prometida por Nossa Senhora aos pastorinhos em maio, para "todos pudessem acreditar".

 O fenómeno, que carece de explicação científica, foi bastante documentado e oficialmente declarado milagre pela Igreja Católica a 13 de outubro de 1930.

Jornal O Século


País Fátima


No dia 13 de outubro de 1917, na Cova da Iria, cerca de 70 mil pessoas dizem ter assistido ao milagre prometido pela Virgem Maria aos três pastorinhos a 13 de maio, “de modo que todos pudessem acreditar”.

 Acreditar é, desde a altura, o busílis da questão, estando a explicação do evento talvez mais entregue à espiritualidade do que à ciência. O chamado Milagre do Sol celebra esta sexta-feira o seu centenário.



“O facto de milhares de pessoas — os números apontam para 70 000 — terem afirmado que no dia 13 de outubro de 1917 percecionaram, em Fátima, um fenómeno solar que não se enquadrava nas explicações do que tomavam como normal foi assumido, desde a primeira hora, como um acontecimento da ordem do sobrenatural que sublinhava a credibilidade dos testemunhos das três crianças que afirmaram terem visto a Virgem Maria”, afirmou o diretor do serviço de Estudos e Difusão do Santuário de Fátima, em declarações ao Notícias ao Minuto.

Marco Daniel Duarte acrescenta, ainda, que “embora haja testemunhos de pessoas que afirmam não terem percecionado o fenómeno, existem muitas descrições do chamado Milagre do Sol, na documentação da época (cartas, depoimentos, textos de imprensa) que documentam essa experiência”.

Suzana Ferreira, astrónoma do Observatório Astronómico de Lisboa, foi perentória em relação ao fenómeno que “assustou milhares de pessoas”. “Naquele dia não houve eclipse, e os eclipses solares nesse ano não eram visíveis em Portugal. Em nenhum observatório do mundo houve qualquer registo de fenómeno astronómico”, indicou a responsável ao Notícias ao Minuto.

Uma opinião que, de resto, já tinha sido manifestada por Frederico Oom, que foi astrónomo do Observatório da Tapada da Ajuda, ao jornal O Século a 18 de outubro de 1917, cinco dias após o acontecimento. Pode ler abaixo o excerto das suas declarações, publicado na edição da tarde daquele jornal. Francisco Oom faleceu a 30 de abril de 1930.

Interrogado sobre os fenómenos cósmicos de que milhares de pessoas dizem ter sido testemunhas em Fátima, perto de Vila Nova de Ourém, um astrónomo ilustre, o Sr. Frederico Oom, teve a extrema gentileza de nos responder o seguinte:

- A ser um fenómeno cósmico, os observatórios astronómicos e meteorológicos não deixariam de o registar. E eis precisamente o que falta: esse registo inevitável de todas as perturbações no sistema dos mundos, por mínimas que sejam. Já vê …

- Fenómeno então – interrompemos – de natureza psicológica?

- Porque não? 
Efeito talvez, sem duvida curioso, de sugestão colectiva. Em qualquer dos casos completamente alheia ao ramo da ciência que eu cultivo …


O MILAGRE DO SOL DESCRITO POR TESTEMUNHAS

Avelino de Almeida, jornalista d’0 Século, que esteve presente na Cova da Iria naquele 13 de outubro, publicou no dia 15 do mesmo mês uma reportagem sobre o que viu, intitulada “Como o sol bailou ao meio dia em Fátima” (ver galeria).



 O jornalista descreveu que a chuva caía “incessantemente” mas que de repente parou para dar lugar a um sol que “não queima, não cega”.

A descrição do evento varia consoante o relato mas acorda em vários pontos. A chuva deu lugar ao sol, que surgiu diferente do normal. Uma das testemunhas, José Almeida Garrett, na altura docente na Faculdade de Ciências da Universidade de Coimbra, descreveu “uma coluna de fumo, ténue, delicado e azulado” que “se estendia talvez uns dois metros por cima das suas cabeças e se evaporava” num “fenómeno perfeitamente visível a olho nu” e que “depois de algum tempo, voltou a aparecer uma segunda vez e depois uma terceira”.

O docente indicou que “houve também mudanças de cor na atmosfera” e que o sol rodopiava. O “sol, girando loucamente, parecia de repente soltar-se do firmamento e, vermelho como o sangue, avançar ameaçadamente sobre a terra como se fosse para nos esmagar com o seu peso enorme e abrasador”, indicou, sublinhado que este movimento causou um “clamor” entre a multidão e que, depois, desapareceu.