«Longevidade:
Plantas e Animais
Há
muitas semelhanças e diferenças entre os animais e as plantas. De entre eles os
que mais se assemelham são os que possuem vasos (vasculares): artérias e veias
nos animais; vasos liberinos ou floema e vasos lenhosos ou xilema nas plantas.
Nesses vasos circula um líquido, sangue (arterial e venoso) nos animais, e
seiva (elaborada e bruta) nas plantas, que transporta para todas as células do
corpo substâncias vitais: nutrientes, oxigénio e água.
Ambos se reproduzem sexuadamente por
fecundação da célula sexual feminina (óvulos nos animais; oosfera nas plantas).
O ôvo desenvolve-se até à formação do ser no útero (nos animais) ou no óvulo
(nas plantas), que está incluído no ovário, que se transforma em fruto, nas
plantas com flor e fruto. Nos animais o novo ser emerge através do parto, nas
plantas com a germinação da semente.
Ambos necessitam de alimentos (os
“combustíveis” biológicos), mas as plantas não precisam de comer, porque são
seres vivos capazes de os sintetizar, utilizando a energia solar e substâncias
existentes no meio ambiente (CO2 e H2O). Como os animais não são capazes de
fazer isso, têm que comer plantas (herbívoros) ou comerem animais que já tenham
comido plantas (carnívoros). Nós, espécie humana, tanto comemos plantas como
animais, por isso, dizemos que somos omnívoros. As plantas são, pois,
produtoras de biomassa; os animais consumidores.
Há muitas outras diferenças relevantes.
Assim, nos animais, após o parto, o novo ser tem que ter protecção dos
progenitores nos primeiros tempos de vida; nas plantas, a semente é abandonada
e o embrião só germinará quando tiver condições, isto é, água (já se fez
germinar sementes de trigo com cerca de mil anos). A circulação dos líquidos
(sangue e seiva) não pode ser interrompida (acidente vascular), pois dar-se-á a
morte da parte do corpo ou do órgão não irrigado. Nos animais, isso acontece
naturalmente, pois os vasos, com a idade, vão envelhecendo e, por vezes,
espessando as paredes por deposição de gorduras, até entupirem. Nas plantas
vasculares, isso não acontece, porque elas produzem vasos novos todos os anos
(normalmente duas vezes por ano). Por isso, nas plantas não há acidentes
vasculares (apenas provocados por agentes externos). Desta maneira, as plantas
têm vida muito mais longa do que os animais. A árvore mais velha que se conhece
é um pinheiro (Pinus longaeva D.K.Bailey) que tem cerca de 5.065 anos (U.S.A.);
não há nenhum animal que tenha atingido as três centenas de anos (em Março de
2006, morreu uma tartaruga de Aldabra, Aldabrachelys gigantea Schweigg., com
255 anos). Além do mais, há clones de árvores (Populus tremuloides Michx.,
U.S.A.) com mais de 80.000 anos, pois as plantas reproduzem-se vegetativamente
e os animais não. ** Texto de Jorge Paiva, referido por Jorge Lage, no seu blogue " Tempo Caminhado ". Ano de 2015.