A BALADA DA NEVE
Batem leve, levemente,
Como quem chama por mim...
Será chuva ? Será gente ?
Gente não é certamente
E a chuva não bate assim...
É talvez a ventania;
Mas há pouco, há poucachinho,
Nem uma agulha bulia
Na quieta melancolia
Dos pinheiros do caminho...
Quem bate assim levemente,
Com tão estranha leveza
Que mal se ouve, mal se sente ?...
Não é chuva, nem é gente,
Nem é vento com certeza.
Fui ver. A neve caía
Do azul cinzento do céu,
Branca e leve, branca e fria...
- Há quanto tempo a não via !
E que saudades, Deus meu !
Olho-a atravéz da vidraça.
Pôs tudo da cor do linho.
Passa gente, e quando passa,
Os passos imprime e traça
Na brancura do caminho ...*
* Poema de Augusto Gil
Augusto Gil
Augusto Gil |
---|
Nome completo Augusto César Ferreira Gil |
|||
Nascimento |
31 de julho de 1873 Lordelo do Ouro, Portugal | ||
Morte | 26 de fevereiro de 1929 (55 anos) Guarda, Portugal | ||
Nacionalidade | Português | ||
Ocupação | Advogado e poeta | ||
Magnum opus | Alba plena |
Augusto César Ferreira Gil (Lordelo do Ouro, 31 de julho de 1873 - Guarda, 26 de fevereiro de 1929) advogado e poeta português, viveu praticamente toda a sua vida na Cidade da Guarda onde colaborou e dirigiu alguns jornais locais.
Augusto Gil passou a maior parte da sua vida na mais alta cidade de Portugal, Guarda, a "sagrada Beira", de cuja paisagem encontramos reflexos em muitos dos seus poemas e de onde os pais eram oriundos. Aqui fez os primeiros estudos, frequentou, depois, o Colégio de S. Fiel em Louriçal do Campo, após o que regressou à Guarda, mais tarde formou-se em Direito na Universidade de Coimbra.
Começou a exercer advocacia em Lisboa, tornando-se mais tarde director-geral das Belas-Artes.
Na sua poesia notam-se influências do Parnasianismo e do Simbolismo. Influenciado por Guerra Junqueiro, João de Deus e pelo lirismo de António Nobre, a sua poesia insere-se numa perspectiva neo-romântica nacionalista.
Segundo António José Saraiva e Óscar Lopes, História da Literatura Portuguesa, Porto Editora, sem data, Augusto Gil "... não pode considerar-se um produto genuinamente popular: é antes um produto da gazetilha jornalística, da graça do teatro ligeiro, da boémia intelectual de café e noitada" p. 951. Acrescenta que o poeta "... adaptou certa plasticidade da imaginação simbolista a um lirismo, e sátira muito popularizáveis (Luar de Janeiro, 1910, Canto da Cigarra, 1910, Alba Plena, 1916... " p. 998.
O seu nome consta na lista de poetas colaboradores do quinzenário A Farça [1] (1909-1910), na revista As Quadras do Povo [2] (1909) e no periódico O Azeitonense [3] (1919-1920).
Algumas das suas obras
- Poesias
- Musa Cérula (1894) (eBook)
- Versos (1898)
- Luar de Janeiro (1909) (eBook)
- O Canto da Cigarra (1910)
- Sombra de Fumo (1915)
- O Craveiro da Janela (1920)
- Avena Rústica (1927)
- Rosas desta Manhã (1930).
- A balada de neve (1909)
- Crónicas
- Gente de Palmo e Meio (1913).
Ver também
- Jardim Augusto Gil, em Lisboa
Referências
- Jorge Mangorrinha (1 de abril de 2016). «Ficha histórica:O Azeitonense: orgão independente defensor dos interesses de Azeitão (1919-1920)» (pdf). Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 18 de setembro de 2016
|data=
(ajuda)