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A previsão do Instituto Português do Mar e da Atmosfera é de chuva, "por vezes forte e persistente", a partir da madrugada de quinta-feira.
Lisboa, Setúbal, Évora, Beja, Portalegre e Faro vão estar sob aviso amarelo a partir da madrugada de quinta-feira, devido à previsão de chuva, "por vezes forte e persistente", divulgou esta segunda-feira o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).
Os distritos de Lisboa, Setúbal, Beja e Évora vão estar sob aviso amarelo entre as 03:00 e as 15:00 de quinta-feira, devido à previsão de "períodos de chuva, por vezes forte e persistente".
De acordo com o comunicado do IPMA, o distrito de Faro estará sob aviso amarelo entre as 12:00 e a 18:00 de quinta-feira, enquanto o distrito de Portalegre estará sob o mesmo aviso entre as 06:00 e as 15:00 de quinta-feira.
© Orlando Almeida / Global Imagens
24/11/23 09:30 ‧ Há 7 Horas por Filipe Carmo
Para José Rodrigues dos Santos, a arte de escrever livros está cronometrada. Em outubro, todos os seus leitores aguardam pelo lançamento de um novo romance, o que acontece há já vários anos. Por norma, seguem todos o mesmo caminho: depois de publicados, tornam-se best-sellers.
Foi esse desconhecimento injustificado que levou José Rodrigues dos Santos a focar-se no percurso deste filósofo de origem judaico-portuguesa, que nasceu nos Países Baixos e era filho de refugiados portugueses na Sinagoga Portuguesa de Amesterdão. Após a sua morte, a 21 de fevereiro de 1677, Espinosa foi remetido ao esquecimento no nosso país, o que o pivô da RTP assume não compreender.
Para José Rodrigues dos Santos, o ano de 2023 também fica inevitavelmente marcado pela estreia da série 'Codex 632', inspirada no livro homónimo da sua autoria que teve a sua primeira edição em 2005. Ficou a produção da estação pública a par do que o jornalista esperava? Foi isso que também procurámos saber nesta conversa.
'O Segredo de Espinosa', segundo nos diz, fala-nos do maior filósofo português da História. Por que motivo considera que Bento de Espinosa foi, de facto, o maior filósofo que Portugal já conheceu?
O Espinosa é autor de grandes revelações que mudaram a nossa sociedade e que criaram aquilo a que chamamos Ocidente, ou as democracias liberais. Ele criou o nosso mundo, digamos assim. Além disso, ele era português, um português que Portugal rejeita, o que é estranhíssimo. Então ele é o maior filósofo da nossa História, o maior intelectual português de sempre, e nós não o reconhecemos? Temos pontes e aeroportos dedicados a políticos e não sei quê, e então o nosso maior filósofo, como o homenageamos? Se formos aos Países Baixos, há estátuas de Espinosa em todo o lado, as escolas dedicam-lhe semanas culturais, o edifício do governo, digamos que é o Palácio de São Bento em Haia, tem esculpidas na fachada as 22 frases de Espinosa, de tal modo eles homenageiam este grande filósofo português. Achei que era a altura de recuperar o conhecimento para Portugal desse que foi o seu maior intelectual de sempre e que, por razões misteriosas, decidimos - e estamos empenhados - em esquecer.
Na sua opinião, a razão é de facto misteriosa ou há um motivo mais profundo que ajuda a justificar o facto de o remetermos, enquanto sociedade, para o esquecimento?
Não sei, sinceramente, presumo que seja ignorância pura e simples. Antes de o livro ser publicado, as pessoas perguntavam-me, como fazem sempre por essa altura, qual seria o tema do meu próximo romance e eu disse-lhes: 'não posso revelar ainda, mas o que posso dizer é que é a história do maior filósofo português'. Todos me disseram ‘é o padre António Vieira' ou 'é o Agostinho da Silva'. Só a reitora da Universidade Católica é que me disse 'então é o Bento de Espinosa'.
Quando, no fim, revelei que o Espinosa era português, houve muita gente, até figuras públicas, que disseram que eu estava a brincar. Ele era português, o pai era da Vidigueira e a mãe era de Ponte de Lima ou Porto, não há certeza. As pessoas não sabem que ele falava português, que pensava em português...
Há um ataque das ditaduras à democracia liberal, um ataque ao mundo de Espinosa.De que forma teve acesso à informação de que precisava?
Li toda a obra de Espinosa, duas biografias feitas por contemporâneos seus, que têm muita informação, li cartas que ele trocou com amigos.. Essencialmente foi assim que tive acesso à vida e ao pensamento dele.
O lançamento deste livro nesta altura também está, de alguma forma, relacionado com o facto de estarmos a testemunhar dois conflitos mundiais?
Como já disse, o Bento de Espinosa criou as democracias liberais. Estamos com duas guerras, uma Ucrânia e outra entre Israel e o Hamas, e no caso da guerra na Ucrânia, não é uma simples guerra entre dois países, é uma guerra entre as ditaduras e o Ocidente. A guerra entre Israel e o Hamas é uma guerra entre o conceito de ditaduras porque o Hamas não representa as democracias, atenção. Estamos a falar de conflitos que têm naturezas diferentes mas, olhando para a História, nós constatamos que estamos numa situação muito semelhante à de 1939, quando o pacto nazi-comunista, entre Hitler e Estaline, abriu caminho à guerra.
Os conflitos entre Ucrânia e Rússia e o de Israel com o Hamas têm naturezas completamente diferentes, mas o facto de ocorrem ao mesmo tempo, agora, não é uma coincidência. Há um ataque das ditaduras à democracia liberal, um ataque ao mundo de Espinosa.
© Editora Planeta - Divulgação
O José defende que os romances também podem ser complexos e esse é um dado que os seus leitores já sabem à priori, antes mesmo de comprarem os livros que escreve. Numa altura em que os portugueses leem cada vez menos, não considera curioso que continue a ser um dos autores mais lidos do país e, ao mesmo tempo, alguém que faz questão de escrever livros com tanta informação histórica e que façam refletir?
É óbvio que a literatura pode servir para várias funções, mas, para mim, a função mais nobre da literatura é fazer-nos refletir sobre as coisas, por isso é que os meus romances são reflexões e abordam todas as áreas do conhecimento, desde a física à biologia, à etimologia, inteligência artificial, economia, política, filosofia , história... Há muitas famílias que me dizem que, quando sai um livro meu, todos o compram e leem e que, no final, debatem sobre as ideias do livro. Isso acontece.
Há também o problema de termos uma cultura de que o escritor que é lido não é escritor
O que acha que poderia ajudar a combater a diminuição da taxa de leitura no nosso país?
Em Portugal, não existe uma estratégia para incentivar a leitura. No confinamento, enquanto nos outros países a leitura aumentou, em Portugal diminuiu. Chegámos ao ridículo de o Governo decretar que se pusessem vedações nos supermercados para impedir as pessoas de comprarem livros, o que é uma coisa absolutamente obscurantista e que, extraordinariamente, não levantou protestos de ninguém. Há também o problema de termos uma cultura de que o escritor que é lido não é escritor. Este preconceito instalou-se e faz com que se encoraje os escritores a escreverem livros que as pessoas não conseguem ler. Aqueles que se proclamam grandes defensores dos direitos do povo, são os primeiros a exigir uma literatura a que o povo não consegue aceder, são contra a democratização da leitura. Também é preciso sublinhar que, com o empobrecimento do país, as pessoas leem menos, os números estão aí para o demonstrar.
Não posso deixar de abordar o 'Codex 632', que ganhou um novo destaque com o lançamento da série da RTP. Acredita que, de certa forma, se fez renascer este livro e que o mesmo possa até ter ganhado uma nova vida?
Não sei... o 'Codex 632' é um livro que continua a vender. Não se vende como se vendia no início, porque já vendeu mais de 200 mil exemplares e muita gente já o tem, mas é um livro que vai saindo, aqui e no estrangeiro, atenção. Se tem uma segunda vida? Sim, através da televisão. O livro em si não sei, caberá às pessoas, se tiverem interesse em recuperá-lo... ele permanece atual, estranhamente, ao fim de tanto tempo.
Acho que é uma série americana falada em português, tem o nível de uma série americana
De que forma acompanhou o processo de criação da série? Fez parte da escrita do argumento, por exemplo?
Dei o apoio para a elaboração do guião. Eu não era o guionista, mas dei o apoio, ajudei nas várias áreas que eram necessárias para garantir que a aventura do Tomás na série fosse a mesma aventura do Tomás no livro, o que acho que foi muito bem conseguido.
Está satisfeito com o resultado final? Foi desta forma que imaginou a história a ser contada?
Sim, está muito acima das minhas expetativas em relação a um projeto desta dimensão. Foi muito bem conseguido, a todos os níveis. Quem olha para a série, ao nível do guião, realização, interpretação, música e montagem, vê o que é necessário para que seja considerada uma boa série. Acho que é uma série americana falada em português, tem o nível de uma série americana.
José
Rodrigues dos Santos com Paulo Pires, protagonista da série 'Codex
632', no evento de apresentação da coprodução da RTP e Globoplay© RTP
© Shutterstock
16/11/23 07:14 ‧ Há 10 Horas por Notícias ao Minuto
Quarta causa de morte por cancro a nível mundial, é e será cada vez mais uma doença crónica, com tratamentos que aumentam o tempo e a qualidade de vida dos doentes. A propósito do Dia Mundial do Cancro do Pâncreas, que se assinala esta quinta-feira, dia 16 de novembro, é importante destacar que há múltiplos estudos sobre o cancro do pâncreas com resultados que permitem que exista cada vez mais esperança para o doente.
Manuela
Machado, oncologista e coordenadora da unidade de tumores
gastrointestinais do Hospital CUF Porto e diretora do serviço de
oncologia médica do Centro Hospitalar de Entre o Douro e Vouga
© CUF
Falar em cancro do pâncreas é falar em adenocarcinoma do pâncreas. Embora represente apenas 2,5% de todos os tipos de cancros, é atualmente a quarta causa de morte por esse motivo a nível mundial - e dado o aumento do número de casos prevê-se que em 2030 seja a segunda causa de morte por cancro no Ocidente.
Quais são os sintomas mais comuns?
Sendo habitualmente uma doença silenciosa, muitas vezes não existem sintomas ou queixas até a uma fase avançada. De acordo com a localização, as queixas mais frequentes são perda de peso, icterícia, o tom amarelado da pele e olhos, dor na região superior do abdómen ou lombar, fadiga, ou o diagnóstico de diabetes, entre outros.
Existem fatores de risco associados ao desenvolvimento desta doença?
Existem múltiplos fatores de risco, nomeadamente, a idade - e quanto mais anos tiver, maior o risco - o tabaco, o álcool, a inflamação do pâncreas, a diabetes, a obesidade, o sedentarismo, uma dieta rica em gorduras, carnes processadas ou vermelhas e pobre em vegetais e fruta, entre outros. A história familiar também é fator de risco, mesmo na ausência de doenças hereditárias: quem tem parentes de primeiro grau com a doença tem um risco superior de desenvolver a doença.
Como é feito o diagnóstico desta doença?
É fundamental relembrar que o diagnóstico desta doença é ainda a data de hoje um desafio, com mais de 80% dos doentes a serem diagnosticados numa fase avançada da doença. Não existe um exame único para o diagnóstico, mas sim vários exames que em associação são realizados e nos dão o diagnóstico e a fase em que a doença se encontra.
É fundamental um exame físico minucioso realizado pelo médico, que posteriormente irá solicitar os exames que considera pertinentes, sendo que frequentemente os primeiros são uma ecografia abdominal e um estudo analítico que engloba um marcador tumoral. A TAC abdominal é o exame que mais vezes é realizado, sendo que em alguns doentes é necessário a realização de uma ressonância magnética, entre outros.
O cancro do pâncreas tem cura? Quais são as opções de tratamento disponíveis?
É importante dizer que o cancro do pâncreas tem cura. Envolve sempre cirurgia, mas se o doente for apenas operado, em 80% dos casos a doença recorre, motivo pelo qual é realizado tratamento adjuvante, para diminuir o risco de a doença reaparecer, com quimioterapia ou, muito mais raramente, com quimioterapia associada à radioterapia. Contudo, apenas 10 a 20 % dos doentes são operáveis aquando do diagnóstico. Uma percentagem elevada de doentes necessita de realizar tratamento neoadjuvante de quimioterapia, realizada com objetivo de tornar a cirurgia mais fácil ou mesmo de a tornar possível.
Infelizmente, a maioria dos doentes tem doença metastática na altura do diagnóstico e o tratamento é efetuado através de quimioterapia, que é escolhida de acordo com as características do tumor, com os objetivos do tratamento e as condições físicas do doente. Esta escolha deve ser sempre um ato partilhado entre o doente e o médico oncologista.
O cancro do pâncreas é hereditário?
A síndrome do cancro do pâncreas hereditária existe, havendo mutações genéticas específicas transmitidas, que aumentam o risco de vários membros da mesma família desenvolverem a doença. Além disso alguns síndromes genéticos podem aumentar o risco, como é o caso da Síndrome de Lynch - uma doença hereditária em que ocorre a mutação de um dos genes de reparação do ADN, aumentando o risco de desenvolver vários tipos de cancro -, e a Peutz- Jeghers, doença hereditária rara, em que surgem múltiplos pólipos e manchas na pele e mucosas. Contudo, é muito importante enfatizar que apenas cinco a 10% dos casos estão associados à hereditariedade, sendo a maioria dos casos esporádicos.
É possível prevenir o cancro do pâncreas?
Atualmente não existem métodos de prevenção garantidos. Sabendo que existem fatores de risco que não podem ser modificados, como o envelhecimento e a hereditariedade, é muito importante sublinhar que hábitos de vida saudáveis, com uma dieta equilibrada e a prática de exercício físico, evitando o consumo de álcool em excesso e o tabaco, diminuem o risco da doença.
É importante estar alerta quanto surgem novas queixas, assim como realizar um acompanhamento médico regular. Relativamente às pessoas com história familiar ou portadores de síndromes hereditários devem ser orientados em consulta especializada e podem requerer uma vigilância específica.
Que avanços têm ocorrido no tratamento?
O cancro do pâncreas é um dos mais letais, mas alguns avanços têm ocorrido no tratamento desta doença, mesmo na metastática, quando a doença está espalhada por vários órgãos, que nos permitem já hoje afirmar que, em alguns doentes, que se pretendem que sejam cada vez mais, esta é e será cada vez mais uma doença crónica, com um continuum de tratamentos que aumentam o tempo e a qualidade de vida dos doentes.
Reforço ainda que decorrem atualmente múltiplos estudos em que se utilizam novas moléculas ou combinações de diferentes fármacos já existentes, com resultados que permitem afirmar que existe cada vez mais esperança para o doente.
13/11/23 09:50 ‧ Há 1 Hora por Natacha Nunes Costa
País Literatura
Em entrevista ao Notícias ao Minuto, por e-mail, os escritores, que são também jornalistas, realçaram que, apesar deste livro ser sobre desaparecidos, dá voz "aos que sofrem e aguentam o drama" de não saberem o que aconteceu aos seus entes queridos. É um tributo a estes 'sobreviventes'.
No livro, encontramos histórias tão conhecidas como a de Rui Pedro e de Maddie, mas também nomes que já se apagaram da memória da maioria dos portugueses. É o caso de Cláudia Silva e Sousa, de apenas sete anos, que desapareceu em 1994 no trajeto de 400 metros entre a escola e a sua casa, em Lamela, freguesia de Oleiros. Ou o de Sofia de Oliveira, uma menina de dois anos, da Madeira, que desapareceu nos braços do pai e nunca mais foi vista.
Na obra de Luís Francisco e José Bento Amaro há ainda espaço para o mistério dos seis desaparecidos nos trilhos da Madeira e para as histórias quase sobrenaturais em redor destes desaparecimentos, assim como para os corpos nunca reclamados que estão anos à espera nas morgues para que alguém lhes dê um fim digno.
Como é que surgiu a ideia de escrever um livro sobre as pessoas desaparecidas em Portugal? Foram casos com que lidaram ao longo das vossas carreiras de jornalistas e que vos sensibilizaram?
Luís Francisco - A ideia partiu do nosso editor, o Francisco Camacho. Enquanto jornalista, lidei com algumas delas, mas não no terreno. Era editor de Sociedade do Público na altura em que alguns deles foram notícia de forma mais intensa. O José Bento Amaro trabalhou alguns casos diretamente.
José Bento Amaro - Sim, ao longo dos anos trabalhei em diversos casos relacionados com pessoas desaparecidas. São sempre situações que deixam uma marca. Por muito experientes que sejamos e por muito que possamos ocultar as nossas emoções, a verdade é que o sofrimento alheio nos marca.
No livro 'Sem Rasto' contam a história de quem desapareceu e dão voz aos que ficaram com a dor do "silêncio e da ausência". Com que estado de espírito encontraram estas famílias? A esperança ainda mora nelas? Como é que elas fazem para sobreviver perante a – como o Luís e o José descrevem – "mais profunda das angústias"?
Luís Francisco - Mesmo nos casos mais antigos, em que o tempo foi criando uma certa "armadura" contra o sofrimento, ainda percebemos a angústia de não haver uma explicação, um ponto final para colocar na história. E, claro, fica sempre aquela esperança (por mais irracional que possa parecer a quem está de fora…) num milagre, num final feliz. É uma realidade pesada, dolorosa. Sobreviver-lhe é algo de sobre-humano. A esperança dos familiares e amigos só morre quando o óbito é confirmado. Até que isso aconteça, mesmo que não o revelem, todos têm esperança num desfecho feliz. É essa espera, essa ansiedade diária, que acaba por vincar ainda mais o sofrimento de quem aguarda.
Além dos casos mais mediáticos, da Maddie e do Rui Pedro. Que outros casos de desaparecimentos misteriosos podemos encontrar no livro? Há algum que vos tenha tocado mais?
Luís Francisco - O caso da Sofia de Oliveira, porque o pai levou-a e sabe o que aconteceu. Já cumpriu pena, mas não revela para onde levou a filha e não parece ter remorsos nem vontade de falar sobre isso. Um argumentista de Hollywood não imaginaria um enredo mais negro. E também o caso da Cláudia Alexandra, a 'Carricinha', por ter atingido uma família que já acumulava tanto sofrimento. A explicação da mãe, que garante ter encontrado forças para sobreviver por causa do bebé pequeno que tinha para criar, é das coisas mais fortes que já ouvi.
Escolheram o pai de Rita Slof Monteiro, desaparecida em 2006, para apresentar 'Sem Rasto'. Porquê?
Luís Francisco - Porque este livro é sobre os que desapareceram, mas é, essencialmente, um tributo aos que ficam, sofrem e aguentam esse drama. Quisemos dar-lhes voz. Por isso, era uma escolha inevitável.
Falam também dos seis estrangeiros que desapareceram "sem explicação" na ilha da Madeira, nos últimos anos. Que respostas encontraram sobre estes casos?
Luís Francisco - Nenhumas. Ficam é mais perguntas. Mais uma vez, estivéssemos nós nos EUA e já haveria filmes sobre tudo isto.
José Bento Amaro - A Madeira é muito montanhosa e com zonas muito isoladas. Lembro-me de no início da década de 1980, quando lá estive pela primeira vez, ter conhecido pessoas que habitavam no interior da ilha e que nunca tinham visto o mar.
No livro revelam ainda como se investiga estes casos. Apesar de cada caso ser um caso, quais são as principais regras?
Luís Francisco - A regra principal deve ser sempre o respeito pelas famílias em sofrimento. Por norma, como em quase todas as investigações policiais, são determinantes as primeiras 48 horas. É nesse período que é possível recolher depoimentos mais frescos, encontrar eventuais pistas. Outra regra que faz parte da atividade policial diz que um caso, por mais anos que passem, nunca deve ser dado por encerrado. Há vários episódios de investigações policiais que pararam no tempo, por vezes durante anos, e que depois voltaram a ser reabertos.
Outro capítulo do livro é dedicado aos cadáveres não reclamados que estão há uma eternidade à espera que alguém os levante nas morgues. Como descrevem estas situações?
Luís Francisco - As morgues são locais sinistros que guardam aqueles que viveram quase sempre sozinhos, desacompanhados. Há corpos há muitos anos guardados em câmaras frigoríficas, à espera que surja alguém que os identifique. São os corpos de indigentes, de sem-abrigo, de doentes. Isso só acontece porque, mais uma vez, o Estado falha na sua função de proteger e dar uma vida digna a cada cidadão, independentemente da sua condição social.
Felizmente, nem todos os casos de desaparecidos acabam mal. A maior parte resolve-se ao fim de algumas horas ou dias. Há algum ponto em comum nas cerca de 4 mil participações de pessoas desaparecidas que as autoridades portuguesas recebem todos os anos? A maior parte destes reportes diz respeito a que tipo de pessoas/situações?
Luís Francisco - Jovens que 'fogem' de casa para adiar serem chamados à realidade devido a questões escolares ou comportamentais; adultos que querem fugir ao matrimónio ou a dificuldades económicas; idosos com problemas de memória ou pessoas com descompensações mentais que se afastam e não sabem regressar a casa; crianças pequenas que se perdem. Na sua maioria, resolvem-se com alguma rapidez. Sobram os outros, os que nos deixam perante mistérios insolúveis ou aqueles que se resolvem e nos fazem enfrentar realidades impensáveis.
O livro 'Sem Rasto' já está à venda nos locais habituais.
© Shutterstock
09/11/23 10:58 ‧ Há 4 Horas por Miguel Dias
Tech Google
A Google anunciou que começará a apagar contas Google que não são usadas a partir do próximo mês de dezembro.
Informação Meteorológica Comunicado válido entre 2023-11-03 18:04 e 2023-11-04 23:59 Comunicado nº 2 ?
Depressão DOMINGOS não afetará diretamente Portugal Continental e Madeira DOMINGOS é o nome atribuído pela AEMET (Serviço Meteorológico de Espanha) a uma depressão que se desloca ao longo do Atlântico em direção a leste, e que se prevê que esteja centrada a sudoeste da Irlanda às 12UTC do dia 4 de novembro, em 50°N14°W, com uma pressão atmosférica de 960hPa no seu centro.
A referida depressão irá impactar significativamente a costa norte de Espanha e a região do Golfo da Biscaia, com ventos fortes e agitação marítima muito forte.
Esta depressão não irá afetar diretamente Portugal continental, mas sim a superfície frontal fria a ela associada. Esta superfície frontal fria irá atravessar o território do continente a partir do final do dia 3 e durante o dia 4, sábado, originando chuva forte nas regiões Norte e Centro, em especial nas zonas montanhosas, passando gradualmente a regime de aguaceiros.
Na região Sul, a chuva será essencialmente na tarde de dia 4, mas em quantidades menores.
O vento irá intensificar no final de dia 3, soprando moderado a forte no litoral oeste, em especial a norte do Cabo Espichel, com rajadas até 85 km/h, sendo forte nas terras altas do Norte e Centro, com rajadas até 95 km/h, embora nas serras do Gerês e da Estrela possam atingir valores de 100 km/h.
O vento rodará gradualmente para oeste a partir do final da manhã e diminuirá a sua intensidade
.A situação mais gravosa nesta situação meteorológica será a agitação marítima, que irá aumentar a partir do final da tarde de dia 4, com ondas de noroeste entre 7 a 9 metros de altura significativa, podendo pontualmente atingir altura máxima até 14 a 16 metros.
A partir da tarde de dia 5, a altura significativa das ondas irá diminuir, mantendo-se superior a 4 metros até ao final de dia 6.Salienta-se ainda que a referida superfície frontal fria deverá atravessar o arquipélago da Madeira durante o final de dia 4, embora sem severidade. O aumento da agitação marítima será o mais significativo, com ondas de noroeste com 5 a 6 metros de altura significativa no dia 5 na costa norte da ilha da Madeira e de Porto Santo.Devido a esta situação meteorológica, aconselha-se o acompanhamento das previsões meteorológicas e dos avisos.
Para mais detalhes sobre a previsão
meteorológica para os próximos dias consultar: http://www.ipma.pt/pt/otempo/