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24.2.22

CASCAIS. QUE FUTURO ?

 

ANATOMIA DE UM ECOCÍDIO: O Parque Natural Sintra-Cascais

OPINIÃO

19 fevereiro 2022 | 19h12
Qualquer pessoa que frequente o Parque Natural Sintra-Cascais na zona entre a Malveira e a Peninha sabe que, nos últimos anos e, nomeadamente, nos últimos meses, têm sido praticados cortes absolutamente inqualificáveis de extensas áreas, sendo arrasados, designadamente, cupressos e pinheiros com dezenas e centenas de anos.



Há mais de uma semana, um conjunto de associações ambientais e movimentos cívicos (entre os quais o Grupo de Amigos das Árvores de Sintra, o Grupo Ecológico de Cascais, o Fórum por Carcavelos, o Fórum Cidadania Lisboa, a Associação de Defesa da Aldeia de Juso, o QSintra e o SOS Parque Natural Sintra-Cascais) apresentaram a diversas entidades (Ministério do Ambiente e da Ação Climática, Ministério da Agricultura, CMC, ICNF, APA, SEPNA, IGAMAOT) provas fotográficas disso mesmo e uma queixa pelo corte de árvores de espécies não-invasoras numa vasta área do Parque Natural Sintra-Cascais, na freguesia de Alcabideche, pedindo explicações para o facto. As explicações oficiais continuam sem ser dadas. Porém, como é costume, a CMC apressou-se a vir dizer aos meios de comunicação social a lenga-lenga do costume: que tudo não passava de ignorância e que apenas estavam a ser cortadas acácias, espécie invasora. Mentira pura. Têm sido cortadas acácias? Têm. Devem ser cortadas as acácias? Nalguns locais, sem dúvida. Mas o corte das acácias não justifica o corte das outras espécies. A menos que as mesmas estejam a ser cortadas por razões económicas, ligadas ao valor da sua madeira. Que é alto, muito maior do que o das acácias. A que se destinam estas toneladas de madeira? E as de madeira exótica? Quem as compra? Quem as vende? Por quanto? O que é feito ao dinheiro? 

Diga-se que nas áreas em que a CMC levou a cabo semelhante ecocídio em anos anteriores, são agora predominantes…as acácias! Com efeito, pela forma como a intervenção foi realizada, as acácias voltaram a nascer; as outras grandes árvores não. E a maior parte dos exemplares plantados pela CMC morreu.

A CMC e o ICNF – que gerem o Parque Natural como se fosse um feudo deles e não ouvem as organizações ambientais, ao contrário do que estão obrigadas – estão, pois, a tornar o Parque Natural um campo deserto e sem vida, ameaçando flora e fauna protegida por tratados internacionais.