O Dia do Parque Natural Sintra-Cascais, celebrado a 15 de Outubro
Plano de Paisagem do Parque Natural Sintra-Cascais
O Parque Natural é um pulmão do concelho. É uma zona que alberga
biodiversidade, comunidades, e que já teve uma dinâmica económica", diz
Joana Balsemão.
Após o violento incêndio da Malveira da Serra, no dia 6 de
outubro de 2018, que provocou avultados prejuízos, a Câmara Municipal de
Cascais elaborou, com apoio dos seus técnicos e da Academia, um Plano
de Paisagem para tornar mais resiliente a área do Parque Natural sob sua
responsabilidade.
A autarquia apresenta agora as suas ideias sobre esse plano de
paisagem, para combater os efeitos dos incêndios florestais, voltando-se
a formular o que se fazia na Serra no passado, isto é, a valorizando o
território e criando um mosaico agroflorestal. O Presidente da Câmara,
Carlos Carreiras, visita hoje a área do parque e assiste, na Quinta do
Pisão, à apresentação desse Plano de Paisagem.
A Vereadora do Ambiente, Joana Balsemão, diz que é fundamental evitar
situações semelhantes às verificadas no último incêndio, e que, por
isso, emergiu um plano maior, sobre a forma de se regenerar o Parque
Natural como um todo.
“O Parque Natural é um pulmão do concelho. É uma zona que alberga
biodiversidade, que alberga comunidades, que já teve uma dinâmica
económica. Atualmente, é uma paisagem muito uniformizada, portanto mais
vulnerável a fogos e uma paisagem algo abandonada”, afirma.
Segundo a autarca, a visão da Câmara de Cascais para o Parque Natural
foi partilhada com os seus moradores e acatada por muitos deles. “É uma
visão de mosaico”, que não é nova, e que no fundo é um regresso ao
passado.
“No passado, já houve o mosaico, com diferentes parcelas, cada uma
com a sua utilidade: floresta, agricultura, pastorícia, silvicultura.
Através do mosaico, criamos diversidade e descontinuidade. Com esses
dois efeitos, podemos ter um Parque Natural mais seguro em relação a
fogos”, sublinha.
De acordo com o Chefe Núcleo Sub-Regional da Área Metropolitana de
Lisboa da AGIF (Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais), Pedro
Carrilho, este Plano de Paisagem “muito Importante” porque vai permitir
que o próprio território regenere e responda de outra forma aos
incêndios”.
Para o Profº do Instituto Superior de Agronomia Francisco Castro
Rego, Coordenador Científico e da Área de Investigação Gestão e Ecologia
do Fogo, este plano de paisagem “é fundamental”, porque os grandes
problemas que estas áreas têm, também devido às alterações climáticas e
do problema dos incêndios, só podem ser resolvidos ao nível da paisagem.
“Aqui, em Cascais, foi decidido - e muito bem - que um plano de
paisagem era necessário e foi nesse sentido que se trabalhou”, afirma
este académico, especialista em ecologia do Fogo.
“Eu julgo que Cascais nisso é bastante ativo e pioneiro. Todas as
câmaras têm o mesmo tipo de problemas, mas a abordagem que aqui foi
feita com várias componentes de análise e de proposta são bastante
singulares no panorama nacional”, diz, sublinhando: “Há muito boas
iniciativas, mas esta, de facto, é muito interessante e exemplar para
muitas outras autarquias”.
O envolvimento dos proprietários é a pedra de toque do plano.
António Simões de Almeida, proprietário na serra da Malveira diz que
“faz todo o sentido existir um plano que abranja a maior parte do parque
natural pertencente à zona de Cascais”.
Por seu lado, José Duarte, um antigo proprietário de terrenos
agrícolas, lamenta o estado a que chegaram algumas parcelas deste
território e recorda que, no seu tempo, os trabalhos no campo consistiam
em cortar lenha, cavar, semear, sachar milho e batata, ceifar o trigo,
milho e a cevada, com a foice, - “tudo à mão, não havia máquinas”.
“Hoje, não há nada disso. Os velhos não podem e os novos não querem. Não há interesse”, desabafa, com tristeza.
António Simões de Almeida, proprietário de um complexo urbanístico na
Serra da Malveira, diz que “faz todo o sentido existir um Plano de
Paisagem na maior parte do parque natural pertencente à zona de
Cascais”.
Para o arquiteto João Melo, da Cascais Ambiente, este Plano de
Paisagem tem de “refletir uma ambição da Câmara Municipal de Cascais,
mas será também uma oportunidade de todos os proprietários se juntarem
e, em conjunto, se construir o que será uma paisagem de futuro, mais
resiliente, que confira proteção aos habitantes e aos visitantes e que
continue a perpetuar os valores da conceção da natureza e criar
oportunidades de dinâmica económica e social”. S.R.S.
Veja mais em: https://www.cascais.pt/noticia/ja-esta-disponivel-nova-edicao-do-jornal-c