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28.9.21

D. CARLOS I . " O MARTIRIZADO "

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A 28 de setembro de 1863, nasce, em Lisboa, Carlos Fernando Luís Maria Victor Miguel Rafael Gabriel Gonzaga Xavier Francisco de Assis José Simão de Bragança Sabóia Bourbon e Saxe-Coburgo-Gotha.

Era filho do rei Luís I de Portugal e de sua esposa Maria Pia de Saboia.

Na qualidade de príncipe herdeiro, recebe uma esmerada educação que incluía o estudo de várias línguas estrangeiras.

Na juventude, frequenta várias cortes europeias mas seria num país republicano que se enamoraria da sua futura esposa, Amélia de Orleães, filha primogénita do Conde de Paris, pretendente ao trono de França, com quem se consorciaria a 22 de maio de 1886, na igreja lisboeta de São Domingos.

Por morte do pai, ascende ao trono Portugal a 19 de outubro de 1889, sendo aclamado rei a 28 de dezembro desse ano, como Carlos I. Esteve presente na cerimónia de aclamação o seu tio-avô D.Pedro II, Imperador do Brasil, que se encontrava exilado em Lisboa desde o dia 6 do mesmo mês.

Durante o seu reinado, ocorrem inúmeras crises políticas e económicas que contribuem para o descontentamento dos seus súbditos.

Uma das maiores crises surge logo no início do reinado: Portugal estava depauperado economicamente e há muito que perdera a grandeza do passado. Esse papel era agora desempenhado pela Grã-Bretanha que ambicionava constituir um corredor territorial ligando a costa mediterrânica de África com a cidade do Cabo. Os portugueses consideravam que o espaço compreendido entre Angola e Moçambique (Mapa cor-de-rosa) lhes pertencia. Os britânicos exigem, em 1890, a retirada das tropas portuguesas daqueles territórios, ameaçando com uma declaração de guerra, caso a sua exigência não fosse acatada. A coroa portuguesa vê-se obrigada a desocupar aqueles territórios, com o protesto do Partido Republicano que se revolta no Porto, a 31 de janeiro de 1891.

Por outro lado, o sistema conhecido como Rotativismo que permitia que os dois principais partidos, o Partido Progressista e o Partido Regenerador se revezassem no poder, era visto como um sistema envelhecido, ao qual se opunham os republicanos que tinham cada vez mais simpatizantes.

A 1 de fevereiro de 1908, quando a família real regressa a Lisboa, vinda de uma das frequentes temporadas passadas no Palácio Ducal de Vila Viçosa, a carruagem em que seguem é atacada a tiro no Terreiro do Paço, tendo D. Carlos e o príncipe herdeiro falecido, ocorrência que é lamentada por todas as casas reais da Europa.

Deslocou-se inúmeras vezes ao estrangeiro, uma delas representando Portugal no funeral da rainha Vitória.

Demonstrou possuir talento para a pintura, expressando a sua criatividade sobretudo através de aguarelas, muitas delas retratando pássaros, dado ser grande admirador da ornitologia.

Também apreciava a oceanografia, tendo comprado o iate Amélia para se dedicar a campanhas oceanográficas, sendo considerado um pioneiro a nível mundial nesta área. Homenageando este seu trabalho em prol da ciência, foi atribuído o nome de D. Carlos I a um navio oceanográfico da Armada Portuguesa. A ele se deve, igualmente, o Aquário Vasco da Gama.

Administrou pessoalmente as propriedades da casa de Bragança, produzindo vinho, azeite e cortiça, entre outros produtos, para além de ter incentivado, na sua ganadaria, a preservação dos cavalos de Alter.

D. Carlos jaz ao lado do seu filho primogénito no Panteão Real da Dinastia de Bragança, no Mosteiro de São Vicente de Fora, em Lisboa. *

* Texto extraído de " O LEME "