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10.10.19

PERCEVEJO ASIÁTICO

Além da vespa asiática, Portugal pode agora ser invadido pelo percevejo asiático






Além da vespa asiática, Portugal pode agora ser invadido pelo percevejo asiático.
 
Investigadores de Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) alertaram esta quinta-feira contra os perigos do percevejo asiático, “inseto problemático” que, “com certeza”, vai incluir Portugal na “já longa lista de países invadidos”.


Numa altura em que se discute intensamente o combate à vespa asiática (vespa velutina), “existe outro inseto muito problemático, o percevejo asiático (Halyomorpha halys), que, com certeza, incluirá Portugal na já longa lista de países invadidos em todo o mundo”, alerta um grupo de cientistas da FCTUC, numa nota enviada esta quinta-feira à agência Lusa.

Para sensibilizar a população em geral, e “os produtores agrícolas em particular”, a equipa de investigadores do FLOWer Lab (Centre for Functional Ecology) da FCTUC está a desenvolver “uma campanha de sensibilização sobre a problemática desta praga”, refere a FCTUC.

Inserida no projeto i9Kiwi, a campanha inclui vários materiais de divulgação, entre os quais “panfletos acerca do percevejo asiático, difundidos em formato físico ou através das redes sociais, bem como a realização de comunicações públicas e publicações técnicas, alertando para a problemática deste inseto”.

Os investigadores apelam também à “participação de todos os cidadãos, na melhor filosofia de uma ciência verdadeiramente inclusiva e cidadã, através da partilha no grupo de 

Facebook ‘Percevejo asiático (Halyomorpha halys) PT’,

 ou via e-mail (h.halys.i9k@gmail.com), de fotografias de possíveis avistamentos do inseto”.

Nativo do oeste asiático, o percevejo asiático foi introduzido acidentalmente nos continentes americano (nos EUA em 2001 e no Chile em 2017) e europeu (Suíça em 2004), “tendo expandido a sua distribuição a partir destes pontos de introdução, contando já com 22 países invadidos”.

Apesar das populações estabelecidas mais próximas estarem na Catalunha (Espanha) desde 2016, “no início de 2019 o inseto foi intercetado na região de Pombal” (distrito de Leiria), em equipamento agrícola importado (de acordo com a Direção-Geral de Alimentação e Veterinária), de Itália, “país europeu onde se estão a verificar mais prejuízos económicos”, afirma a FCTUC.
O estabelecimento de mais uma praga agrícola no nosso país, especialmente de um inseto picador-sugador capaz de se alimentar em mais de 300 espécies de plantas nas suas diferentes estruturas (frutos, folhas, rebentos...), incluindo inúmeras plantas de interesse agrícola, poderá ter efeitos muito negativos para a agricultura”,


adverte, citado pela FCTUC, o investigador do FLOWer Lab João Loureiro.
 
É durante o período de atividade em que se alimenta (de abril a novembro) que inviabiliza comercialmente os produtos agrícolas (provocando cicatrizes, depressões, descolorações, deformações e/ou queda)”, explica João Loureiro.
 
As perdas a este nível podem chegar a 90% de produção e culturas agrícolas como o tomate, milho, pera, uva e laranja, tão relevantes no contexto nacional, podem vir a ser severamente afetadas, sem que haja ainda uma forma eficaz de controlo”, acrescenta o investigador e docente da FCTUC.
A nível de saúde pública, “a procura do inseto por abrigos, nomeadamente no interior de casas e barracões, para a fase de diapausa (hibernação) durante os meses frios (dezembro a março), leva uma concentração elevada de organismos – na ordem dos milhares de insetos – agravada pela libertação de odores nefastos quando perturbados”, salienta João Loureiro.

Hugo Gaspar, também investigador do FLOWer Lab, responsável pela produção dos materiais de divulgação e pela identificação dos avistamentos suspeitos, observa, por sua vez, que “o clima favorável em Portugal, a rápida progressão observada e os danos agrícolas e de saúde pública com difícil combate, e a intersecção verificada em Portugal no início do ano, tornam imperativo trazer o conhecimento ao público e assim tentar evitar a expansão silenciosa”.

O estado de alerta é “a melhor medida que se pode tomar neste momento e a ajuda de todos é essencial, principalmente através da participação ativa dos produtores agrícolas”, apela Hugo Gaspar.






O percevejo asiático: saiba porque pode ameaçar as fruteiras


O percevejo asiático: saiba porque pode ameaçar as fruteiras 

‘Distribuição e bioecologia do inseto polífago invasor percevejo asiático (Halyomorpha halys) na Europa – Um desafio para a produção integrada de fruteiras’.

 Este é o tema do seminário que se realiza no próximo dia 25 de janeiro na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC).

A ação será promovida pelo Centro de Ecologia Funcional da FCTUC e tem como oradora Lara Maistrello, da Universidade de Modena e Reggio Emilia, em Itália.

“O percevejo marmoreado castanho, também conhecido como percevejo asiático, é um inseto polífago nativo da Ásia Oriental, que se está a tornar uma praga de importância global para muitas culturas agrícolas”, explicam os responsáveis pelo evento.

“Este organismo causa grandes incómodos domésticos, devido às agregações invernais densas dentro de estruturas feitas pelo Homem.

 O comportamento furtivo deste organismo permite-lhe passar despercebido em praticamente qualquer tipo de mercadoria, facilitando a disseminação assistida por seres humanos em todo o mundo, ameaçando, assim, o comércio internacional”, acrescentam.

Nos Estados Unidos da América, em particular, o percevejo asiático já causou perdas de milhões de dólares em culturas hortícolas e encontra-se atualmente em rápida disseminação na Europa, causando danos cada vez maiores em pomares de fruteiras e em aveleiras.

 É para debater o tema que se irá realizar este seminário, que pretende focar-se “na bioecologia do percevejo marmoreado castanho, mostrando os resultados da investigação realizada no norte de Itália, local onde se tornou uma das principais pragas de pomares frutícolas, tendo levado ao colapso dos programas de Gestão Integrada de Pragas existentes”.