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VIDA ( Foto de J.P.L. ) |
Vida
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
A
vida (do termo
latino vita)
[1]
é um conceito muito amplo e admite diversas definições.
Pode-se
referirː ao processo em curso do qual os seres vivos são uma parte; ao
espaço de tempo entre a
concepção e a
morte de um
organismo[2]
; à condição de uma entidade que nasceu e ainda não morreu; e àquilo que faz com que um ser esteja vivo.
Metafisicamente, a vida é um processo contínuo de
relacionamentos.
[3]
A vida
-4500 —
–
-4000 —
–
-3500 —
–
-3000 —
–
-2500 —
–
-2000 —
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-1500 —
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-1000 —
–
-500 —
–
0 —
Escala do eixo em milhões de anos.
Definição convencional
A
água é uma substância essencial para a vida.
Por mais simples que possa parecer, ainda é muito difícil para os
cientistas definir vida com clareza. Muitos filósofos tentam defini-la
como um "fenômeno que anima a
matéria".
[4]
De um modo geral, considera-se tradicionalmente que uma entidade é
um ser vivo se, exibe todos os seguintes fenômenos pelo menos uma vez
durante a sua
existência [5]:
-
- Desenvolvimento: passagem por várias etapas distintas e sequenciais, que vão da concepção à morte.
-
- crescimento: absorção e reorganização cumulativa de matéria oriunda do meio; com excreção dos excessos e dos produtos "indesejados".
- Movimento: em meio interno (dinâmica celular), acompanhada ou não de locomoção no ambiente.
- Reprodução: capacidade de gerar entidades semelhantes a si própria.
- Resposta a estímulos:
capacidade de "sentir" e avaliar as propriedades do ambiente e de agir
seletivamente em resposta às possíveis mudanças em tais condições.
- Evolução: capacidade das sucessivas gerações transformarem-se gradualmente e de adaptarem-se ao meio.
Estes critérios têm a sua utilidade, mas a sua natureza díspar
torna-os insatisfatórios sob mais que uma perspectiva; de facto, não é
difícil encontrar contraexemplos, bem como exemplos que requerem maior
elaboração. Por exemplo, de acordo com os critérios citados, poder-se-ia
dizer que o
fogo tem vida.
Tal situação poderia facilmente ser remediada pela adição do
requisito de limitação espacial, ou seja, a presença de algum mecanismo
que delimite a extensão espacial do ser vivo, como por exemplo a
membrana celular
nos seres vivos típicos. Tal abordagem resolve o caso do fogo, contudo
leva adicionalmente a novos problemas como o de definição de
indivíduo em organismos como a maioria dos
fungos e certas plantas
herbáceas, e não resolve em definitivo o problema, pois ainda poder-se-ia dizer que:
- as estrelas têm vida, por motivos ainda semelhantes aos do fogo.
- os geodes também poderiam ser consideradas seres vivos.
- Vírus e afins não são seres vivos porque não crescem e não se conseguem reproduzir fora da célula hospedeira; caso extensível a muitos parasitas externos.
Se nos limitarmos aos
organismos "convencionais", poder-se-ia considerar alguns critérios adicionais em busca de uma definição mais precisa:
- Presença de componentes moleculares como hidratos de carbono, lipídios, proteínas e ácidos nucleicos.
- Composição por uma ou mais células.
- Manutenção de homeostase.
- Capacidade de especiação.
Contudo, mesmos nesses casos ainda detectar-se-ia alguns impasses.
A exemplo, toda a vida na Terra se baseia na
química dos compostos de
carbono, dita
química orgânica.
Alguns defendem que este deve ser o caso para todas as formas de vida
possíveis no universo; outros descrevem esta posição como o
chauvinismo do carbono, cogitando, a exemplo, a possibilidade de vida baseada em
silício.
Mais definições
A definição de "vida" de
Francisco Varela e
Humberto Maturana (amplamente usada por
Lynn Margulis) é a de um sistema
autopoiético (que gera a si próprio) de base
aquosa, limites
lipoproteicos,
metabolismo de
carbono, replicação mediante
ácidos nucleicos e regulação
proteica,
um sistema de retornos negativos inferiores subordinados a um retorno positivo superior.
[6]
Stuart Kauffman define-a como um agente ou
sistema de agentes autónomos capazes de se reproduzir e de completar pelo menos um
ciclo de trabalho termodinâmico.
A definição de
Robert Pirsig pode ser encontrada no seu livro
Lila: An Inquiry into Morals,
como tudo o que maximiza o seu leque de possibilidades futuras, ou
seja, tudo o que tome decisões que resultem num maior número de futuros
possíveis, ou que mantenha o maior número de opções em aberto.
Bioquímicos têm definido a vida como um conjunto de
moléculas
que, em suas interações mútuas, desenvolvem um programa de
autorregulação cujo resultado final é a perpetuação da mesma coleção de
moléculas. Um equilíbrio dinâmico que, ao trocar
matéria e
energia com o meio, permite a redução da
entropia.
[7]
Há, possivelmente, mais possibilidades de definição de vida, uma
vez que se pode conceituá-la a partir do sentido que se atribui ao
"viver".
Descendência modificada: uma característica útil
Uma característica útil sobre a qual se pode basear uma definição de vida é a da
descendência
modificada: a capacidade de uma dada forma de vida de gerar
descendentes semelhantes aos progenitores, mas com a possibilidade de
alguma variação devida ao
acaso.
A descendência modificada é por si própria suficiente para permitir a
evolução,
desde que a variação entre descendentes confira diferentes
probabilidades de sobrevivência.
Ao estudo desta forma de
hereditariedade conforme verificada na natureza dá-se o nome de
genética. Em todas as formas de vida conhecidas - excluídos os
priões, que não são considerados seres vivos, contudo incluídos os
vírus e
viroides, de classificação ainda incerta - o material genético consiste principalmente em
DNA ou no outro
ácido nucleico comum,
RNA.
Uma crítica a esse critério surge ao se considerar o código de certas formas de
vírus e
programas informáticos estruturados através de uma
programação genética:
a questão de programas informáticos poderem ser considerados seres
vivos, frente esta definição, é certamente um assunto controverso.
Exceções à definição comum
Muitos organismos são incapazes de
reproduzirem-se e contudo são seres vivos, como as
mulas e as
formigas obreiras.
No entanto, estas exceções podem ser levadas em consideração aplicando a definição de vida ao nível da
espécie ou do
gene individual.
Entretanto, novos questionamentos a essa abordagem são inevitáveis ao considerarem-se temas específicos como a
selecção de parentesco, que fornece informação adicional acerca da possibilidade de
indivíduos não reprodutivos poderem, mesmo assim, aumentar a dispersão dos seus genes e a sobrevivência da sua estirpe.
Quanto aos dois casos de o
fogo e as
estrelas encaixarem na definição de vida, ambos podem ser facilmente remediados definindo
metabolismo de uma forma bioquimicamente mais precisa.
No seu livro
Fundamentals of Biochemistry (
ISBN 0-471-58650-1),
Donald e
Judith Voet definem metabolismo da seguinte maneira:
-
- "Metabolismo é o processo geral pelo qual os sistemas vivos adquirem e utilizam a energia livre de que necessitam para desempenhar as suas várias funções. Fazem-no combinando as reações exoérgicas da oxidação de nutrientes com os processos endoérgicos necessários para a manutenção do estado vivo, tais como a realização de trabalho mecânico, o transporte ativo de moléculas contra gradientes de concentração, e a biossíntese de moléculas complexas."
-
-
Esta definição, usada pela maioria dos
bioquímicos,
torna claro que o fogo não está vivo, pois liberta toda a energia
oxidativa do seu combustível em uma reação "explosiva", sob a forma de
calor.
Os
vírus reproduzem-se, as
chamas crescem, as
máquinas movem-se, alguns
programas informáticos sofrem
mutações,
evoluem
e, no futuro, provavelmente exibirão comportamentos de elevada
complexidade; contudo, não são seres vivos via tal definição. Por outro
lado, na origem da vida, células com
metabolismo mas sem
sistema reprodutivo podem perfeitamente ter existido.
A maioria, contudo, também não considera estas entidades como
seres vivos, e geralmente todas as cinco características devem estar presentes para que um ser seja considerado vivo.
Definição biológica moderna
Diante desse impasse, frente à definição mais atual e à parte as
propostas não factualmente corroboradas, por certo sabe-se que,
biologicamente, a vida é um fenômeno natural que pode ser descrito como
um processo contínuo de
reações químicas metabólicas
ocorrendo em um ambiente evolutivamente estruturado de forma a tornar
propícias a ocorrência e manutenção de tais reações; que fazem-se sempre
sob controle direto ou indireto de um grupo de moléculas especiais, os
ácidos desoxirribonucleicos, ou simplesmente DNA.
A presença de DNA ou, de forma "equivalente", RNA, é na
atualidade condição necessária à definição de ser vivo, contudo
discute-se ainda se a presença de forma potencialmente funcional dessa
molécula é ou não condição suficiente para defini-la. A classificação
dos
vírus como seres vivos ou não ainda encontra-se incerta.
Vida no contexto religioso
O conceito de vida é notório o suficiente para não passar
despercebido pelos religiosos. Fundamenta-seː no princípio da vida ou da
existência da alma (na crença cristã, sendo exclusiva aos humanos); na
existência animada (do termo latino
anima) no caso; ou na duração da existência animada de um indivíduo ou
ente.
Sob a ótica
cristã, no caso a
bíblica, quanto à vida terrestre, física, as coisas que possuem vida, em geral, têm a capacidade de crescimento,
metabolismo, reação a estímulos externos, e reprodução.
A palavra
hebraica usada na Bíblia é
hhai‧yím, e a palavra
grega é
zo‧é
. A palavra hebraica
né‧phesh e o termo grego
psy‧khé, que significam "
alma", também são usados para referir-se à vida, não em sentido
abstrato, mas à vida como uma pessoa ou animal.
Compare as palavras "alma" e "vida", segundo usadas em
Livro de Jó, capítulo 10, versículo 1
;
Livro de Salmos, capítulo 66, versículo 9
Livro dos Provérbios, capítulo 3, versículo 22.
Segundo a Bíblia, a vegetação possui vida, operando, nela, o princípio de vida, mas não vida como
alma. A vida no mais pleno sentido, conforme aplicada a
entes inteligentes, é a existência perfeita com direito a alma.
[8]
O conceito dentro da fé religiosa transcende, contudo, a ciência e
a biologia modernas, não havendo suporte de cunho científico moderno
algum que corrobore a existência de alma. O
animismo há muito foi descartado pela ciência no caso.
Origem da vida
A origem da vida levanta questões científicas, religiosas e filosóficas.
Não existe, ainda, nenhum
modelo consensual para a origem da vida, mas a maioria dos modelos atualmente aceitos baseiam-se duma forma ou doutra nas seguintes descobertas:
- Condições pré-bióticas plausíveis resultam na criação das moléculas orgânicas mais simples, como demonstrado pela experiência de Urey-Miller.
- Fosfolípidos formam espontaneamente duplas camadas, a estrutura básica da membrana celular.
- Processos para a produção aleatória de moléculas de RNA podem produzir ribozimas capazes de se replicarem sob determinadas condições.
- A árvore da vida converge todos os seres vivos conhecidos a um único ponto de ancestralidade comum.
Existem muitas hipóteses diferentes no que diz respeito ao caminho percorrido das moléculas orgânicas simples às
protocélulas e ao
metabolismo.
A maioria das possibilidades tendem quer para a
primazia dos genes quer para a
primazia do metabolismo; uma tendência recente sendo a de buscar modelos
híbridos que combinem aspectos de ambas as abordagens.
De acordo com o astrónomo e astrofísico
Thomas Gold, a
Teoria da
Biosfera Profunda e Quente indica que há fortes indícios de que a vida microbiana é extremamente difundida na profundidade da
crosta da Terra.
Condizente com tal teoria, a vida tem sido identificada em vários
locais no oceano profundo, ligada a emanações de gases primordiais.
Essa
vida não é dependente da energia solar e da fotossíntese como sua
principal fonte de fornecimento de energia, e é essencialmente
independente das circunstâncias da superfície terrestre. Seu suprimento
de energia vem de fontes químicas, devido aos fluidos que ascendem,
oriundos de níveis mais profundos na Terra.
Os seres unicelulares
vivendo em tais ambientes são hoje classificados em um
super-reino próprio, o
Archaea, e podem, muito bem, guardar, em si, os mecanismos que deram origem aos primeiros seres vivos.
Segundo a teoria, em massa e volume essa biosfera profunda pode
ser comparável com toda a vida de superfície. Tal vida microbiana
poderia, em princípio, explicar a presença de moléculas biológicas em
todos os
materiais carbonosos
na crosta, e considerar que estes materiais são em totalidade oriundos
de depósitos biológicos acumulados na superfície não seria, portanto,
necessariamente válido.
A vida como conhecida poderia encontrar-se em hipótese generalizada também no interior de corpos planetários do nosso
Sistema Solar ou mesmo em objetos isolados vagando no
espaço interestelar;
uma vez que muitos deles têm condições tão adequadas para que isso
ocorra como as encontradas em certas situações aqui na terra, embora
constituindo ainda ambientes totalmente inóspitos em suas superfícies
para
quase a totalidade dos seres vivos.
Pode-se, mesmo, especular que a única alternativa é a vida ser amplamente distribuída no
universo, habitando desde corpos planetários no nosso sistema solar até outros
sistemas estelares. Sabe-se, hoje, que a nossa
tabela periódica é responsável pela descrição de toda a
química do universo.
A vida como conhecemos tem, por base, o
carbono e a
água, e a energia é obtida usualmente via presença de
oxigênio, esteja esse livre no ar ou sendo liberado através da
redução de compostos como
óxidos,
sulfatos, e outros. As fontes de carbono estão relacionadas com
hidrocarbonetos primordiais, sobretudo o
metano.
Tais substâncias primordiais encontram-se amplamente distribuídas no
universo, e cogitar que os processos que as originaram ocorreram apenas
aqui na Terra é para muitos, nestes termos, no mínimo muita pretensão.
Uma extensão desse argumento nos leva à hipótese da
panspermia.
Especulações à parte,
de facto tem-se, contudo, que a vida conforme conhecida com quase certeza surgiu e certamente evoluiu na
Terra.
De acordo com o físico Marcelo Gleiser em seu livro "Criação
Imperfeita", a vida teria surgido na Terra há cerca de 4 bilhões de
anos. Os primeiros
registros fósseis de vida remontam aos
estromatólitos formados na
era paleoarqueana do
éon arqueano, há uns 3,430 mil milhões de anos atrás.
[9]
Até a data, a
Terra é o único
planeta do
universo
conhecido por humanos a sustentar vida.
A questão da existência da vida
noutros locais do universo permanece em aberto, mas análises como a
equação de Drake
têm sido usadas para estimar a probabilidade dela existir.
Das inúmeras
reivindicações de descoberta de vida noutros locais do universo,
nenhuma sobreviveu ao escrutínio científico.
O mais próximo que a ciência moderna chegou de descobrir vida extraterrestre é a evidência fóssil de possível vida
bacteriana em
Marte (por via do meteorito
ALH84001).
A procura de vida extraterrestre centra-se atualmente em planetas e
luas que, se crê, possuam ou já tenham possuído água no estado líquido.
Dados recentes dos veículos da
NASA Spirit e
Opportunity apoiam a teoria de que Marte teve, no passado, água à superfície (ver
Vida em Marte para mais detalhes). As luas de
Júpiter são, também, consideradas boas candidatas para albergarem vida extraterrestre, especialmente
Europa, que parece ter oceanos de água líquida.
Fora do sistema solar, os únicos planetas descobertos até agora potencialmente habitáveis são
Gliese 581 c,Kepler 452b e Kepler 108.
Referências
- Evolução - A História da Vida - Palmer, Douglas; Barret, Petter - Larrouse - 2009
Ver também
Ligações externas
Dicionário Michaelis UOL. «Vida». Consultado em 5 de fevereiro de 2012
MOORE, K. L.; PERSAUD, T.V.N. Embriologia Clínica. 7 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.
Unesp. «O que é vida». Consultado em 5 de fevereiro de 2012
Molwick. «Teorias da origem da vida». Consultado em 5 de fevereiro de 2012
Silva
Júnior, César da; Sasson, Sezar - Biologia César e Sezar - Volume Único
- 3. edição reformulada - 2003 - Editora Saraiva - ISBN 85-02-04456-7
«J. theor. Biol. 2001» (PDF). Consultado em 18 de junho de 2004. Arquivado do original (PDF) em 20 de julho de 2004
LEHNINGER. Princípios de bioquímica.
it-3 pp. 780-787 Vida