Um cidadão português, que sempre desejou ter uma casa com vista
para o Tejo, descobriu finalmente umas águas-furtadas algures numa das
colinas de Lisboa que cumpria essa condição.
No entanto, uma das assoalhadas não tinha janela.
No entanto, uma das assoalhadas não tinha janela.
Falou então com
um arquitecto amigo para que ele fizesse o projecto e o entregasse à
câmara de Lisboa, para obter a respectiva autorização para a obra.
O amigo dissuadiu-o logo: que demoraria bastantes meses ou mesmo anos a obter uma resposta e que, no final, ela seria negativa. No entanto, acrescentou, ele resolveria o problema.
O amigo dissuadiu-o logo: que demoraria bastantes meses ou mesmo anos a obter uma resposta e que, no final, ela seria negativa. No entanto, acrescentou, ele resolveria o problema.
Assim,
numa sexta-feira ao fim da tarde, uma equipa de pedreiros entrou na
referida casa, abriu a janela, colocou os vidros e pintou a fachada.
O arquitecto tirou então fotos do exterior, onde se via a nova janela e endereçou um pedido à CML, solicitando que fosse permitido ao proprietário fechar a dita cuja janela.
O arquitecto tirou então fotos do exterior, onde se via a nova janela e endereçou um pedido à CML, solicitando que fosse permitido ao proprietário fechar a dita cuja janela.
Passado
alguns meses, a resposta chegou e era avassaladora: invocando um
extenso número de artigos dos mais diversos códigos, os serviços da
câmara davam um rotundo não à pretensão do proprietário de fechar a dita
cuja janela.
E assim, o dono da casa não só
ganhou uma janela nova, como ficou com toda a argumentação jurídica para
rebater alguém que, algum dia, se atreva a vir dizer-lhe que tem de
fechar a janela! [....]
Nicolau Santos, in "Expresso online" [...]