José d'Encarnação (José Manuel dos Santos Encarnação, São Brás de Alportel, 1944) é um professor universitário, arqueólogo e historiador português que se tem dedicado especialmente às temáticas da presença romana em Portugal e à epigrafia latina.
Biografia
José d'Encarnação licenciou-se em História pela Faculdade de Letras de Lisboa, em 1970. Concluiu, no Museu Nacional de Arte Antiga (Lisboa), o Curso de Conservador de Museus, em 1971-72. Neste mesmo ano, completou o Curso de Ciências Pedagógicas, na Faculdade de Letras de Lisboa. Doutorou-se em História na Universidade de Coimbra, na especialidade de Pré-História e Arqueologia, em 1984.Cargos e funções
Foi nomeado Professor Catedrático da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, em 1991. Encontra-se na situação de aposentado desde Julho de 2007.Naquela universidade exerceu várias funções: Presidente do Conselho Pedagógico da Faculdade de Letras (1984-1986); Presidente da Comissão Científica do Grupo de História (1992-93); membro do Secretariado do Curso de Especialização em Assuntos Culturais no Âmbito das Autarquias (desde 1989); Coordenador geral, na Faculdade de Letras, dos programas SOCRATES/ERASMUS.
Foi director do Instituto de Arqueologia (2002-2004), da Universidade de Coimbra.
Dirigiu a revista Conimbriga e continua a orientar a publicação do Ficheiro Epigráfico, suplemento desta revista, editado desde 1982.
Integra o conselho redactorial ou consultivo de publicações periódicas, nacionais e estrangeiras, como Akhros (Melilla), Archivo Español de Arqueología (Madrid), Espacio, Tiempo y Forma (Madrid), Hispania Epigraphica (Madrid), Phoînix (Rio de Janeiro), Palaeohispanica (Saragoça), Salduie (Saragoça) e Veleia (Vitória, País Basco).
É responsável, juntamente com Guilherme Cardoso, pelo estudo da villa romana de Freiria (S. Domingos de Rana, Cascais), e pela investigação da ocupação romana no Concelho de Cascais.
É membro da Comissão Internacional que preside à organização dos colóquios sobre Línguas e Culturas Paleo-Hispânicas.
É administrador das listas de correio (mailing lists): ArchPort (Arqueologia), HistPort (História de Portugal) e Museum (Museus, Património e História da Arte). Além das suas actividades científicas, é ainda jornalista, dedicado principalmente à área cultural.
A sua biografia consta do I volume de livro Personalidades da Costa do Estoril, Cascais, 1995, p. 277-284.
Prémios e distinções
Foi agraciado com a medalha de mérito municipal de Cascais, em Julho de 1994.Recebeu do Rotary Club de Cascais/Estoril o diploma de Mérito Profissional Rotário, em 2000.
Foi nomeado doutor honoris causa pela Universidade de Poitiers (França), em 2001.
É académico de mérito da Academia Portuguesa da História (desde 16 de Julho de 2010);
académico correspondente da Reial Acadèmia de Bones Lletres (Barcelona, desde 9 de outubro de 1997) e, desde 17 de dezembro de 1999, da Real Academia de la Hisória (Madrid);
académico correspondente da Academia das Ciências de Lisboa, desde 2015.
Foi agraciado, a 1 de Junho de 2015, com a insígnia de mérito cultural do Município de S. Brás de Alportel.
Obras publicadas
Tem mais de quatro centenas de trabalhos arqueológicos e historiográficos publicados, entre os quais se destacam os seguintes livros:- Divindades Indígenas sob o Domínio Romano em Portugal (Subsídios para o seu Estudo), Lisboa, 1975. 2ª edição: 2015
- Divindades Indígenas sob o Domínio Romano em Portugal (Subsídios para o seu Estudo), Lisboa, 1975.
- Inscrições Romanas do Conventus Pacensis - Subsídios para o Estudo da Romanização, 2 volumes, Coimbra, 1984. Disponibilizado on line.
- Introdução ao Estudo da Epigrafia Latina, Coimbra, 1979, 1987, 1997.
- Roteiro Epigráfico Romano de Cascais, Cascais, 1994 [2.ª edição revista e aumentada em 2001].
- Para uma História da Água no Concelho de Cascais, 1995. Em colaboração com Guilherme Cardoso.
- Estudos sobre Epigrafia, Coimbra, 1998.
- Cascais e os Seus Cantinhos, Lisboa, 2002.
- As Oficinas da História, Lisboa, 2002.
- A História Tal Qual se Faz, Lisboa, 2003.
- Festas de Tradição no Concelho de Cascais, Mafra, 2004. Autor do texto. Fotos de Francisco de Almeida Dias.
- Epigrafia, as Pedras que falam, Coimbra, 2006. 2ª edição: 2010
- Recantos de Cascais. Lisboa, 2007.
- Dos Segredos de Cascais, Lisboa, 2010.
- Cascais - Paisagem com Pessoas dentro. Cascais, 2011.
Referências
- Funcionamento - José d'Encarnação
- CEAUCP - regiaocentro.net
- El anaquel de Spantamicus. Obras de José d'Encarnação
" Tempo, serenidade, esquecimento…
E
desato a ver aquilo de que todos nós mais precisamos, de «bom», de «feliz», de
«próspero». Olho à minha volta, recordo as frases do dia-a-dia, aquelas que
mais me tocam, que mais me chocam, que mais abanam comigo pelas consequências
que têm:
‒ «Não tenho tempo para nada!»
‒ «Isto é uma inquietação pegada todos os
dias!»
‒ «Olha, esqueci-me!»
Dei
comigo, portanto, desde há uns anos a esta parte, a desejar aos meus amigos,
pelo Natal, pelo Ano Novo, nos aniversários, «serenidade e tempo». E recordo
amiúde a frase de Michel Quoist: «Tens muito tempo à tua disposição, mas passas
o tempo a perder o teu tempo».
A
serenidade. Que nada acontece por acaso e, em cada momento, há que encarar a
situação de frente, pesar prós e contras e decidir como se acha melhor. Porque
não aprendes a respirar fundo, a caminhar devagar? É ainda Michel Quoist: «Os
grandes homens fazem dez vezes mais trabalho do que nós, em dez vezes menos
tempo. Porquê? Sabem organizar-se: protegem, defendem ou são capazes de
readquirir a sua calma, dando-se inteiramente a uma tarefa de cada vez».
O
esquecimento – porquê? Porque não disciplinamos o nosso pensamento, saltamos de
uma tarefa para outra, sem terminarmos a primeira nem a segunda, como aquele
senhor que pega nas chaves para as ir arrumar, depois vê uma carta e abre-a,
pousa as chaves e tocam à campainha e vai atender, e lembra-se de ir tomar o
café e, à noite, as chaves continuam fora de sítio e ele já nem sabe onde as
deixou. «Olha, esqueci-me!» será, por vezes, desculpa; mas, se reflectirmos bem,
é esquecimento mesmo, porque… andamos de cabeça no ar!
O
meu voto, pois, leitor amigo: que, nesta quadra e em 2015, a serenidade impere
na sua vida; saiba organizar bem o seu tempo, de modo que o esquecimento não
seja, em nenhum dia, o seu inquietante companheiro! "
Publicado em Renascimento (Mangualde), nº 652, 15-12-2014, p. 20.