Mistérios no ar.
Jactos comerciais desaparecidos
O desaparecimento do voo MH370, da Malaysia Airlines surpreendeu o mundo
meses atrás. Como uma aeronave comercial moderna, um Boeing 777, pode
simplesmente sumir do mapa, sem qualquer razão aparente? Foi um evento
que muito especialistas julgavam impossível de ocorrer no mundo moderno,
com tantos recursos tecnológicos, mas aconteceu.
Até agora, ninguém sabe o que aconteceu realmente com o MH370, e só existem especulações a respeito.
Até agora, ninguém sabe o que aconteceu realmente com o MH370, e só existem especulações a respeito.
O PP-VLU, desaparecido em 1979 |
São comuns na aviação geral, e geralmente, e facilmente, são explicados por acidentes em locais remotos e inacessíveis. Na aviação comercial, são eventos raros, e muito misteriosos, já que a aviação comercial opera com normas muito mais rígidas que a aviação geral, que não deveriam deixar margem a esse tipo de ocorrência, mas o facto é que outros casos, além do voo MH370, já aconteceram.
O voo RG967, da empresa aérea brasileira Varig, em 1979, foi o
desaparecimento mais intrigante até ao voo MH370.
O voo RG 967 era um voo de carga, operado por uma aeronave Boeing 707-323C, matriculada PP-VLU.
O PP-VLU era um Boeing 707 originalmente conversível carga /passageiros, fabricado em 1966 para a American Airlines e vendido para a Varig em 1974.
Foi convertido para cargueiro puro na Varig, que desde 1974 estava substituindo os 707 de passageiros por aeronaves mais modernas, os McDonnell-Douglas DC-10.
O voo RG 967 era um voo de carga, operado por uma aeronave Boeing 707-323C, matriculada PP-VLU.
O PP-VLU era um Boeing 707 originalmente conversível carga /passageiros, fabricado em 1966 para a American Airlines e vendido para a Varig em 1974.
Foi convertido para cargueiro puro na Varig, que desde 1974 estava substituindo os 707 de passageiros por aeronaves mais modernas, os McDonnell-Douglas DC-10.
O Boeing 707 PP-VLU |
O voo RG967 era um voo puramente cargueiro. Sendo um voo longo, o
Boeing 707 tinha a bordo seis tripulantes, liderados pelo Comandante
Master Gilberto Araújo da Silva.
Gilberto era um dos mais conhecidos pilotos da aviação comercial brasileira, pois esteve envolvido no acidente do Varig 820, que sofreu um incêndio a bordo em 11 de julho de 1973, na França.
O Varig 820 fez uma aterragem de emergência, numa uma área rural perto do Aeroporto de Orly, em Paris. Infelizmente, 123 pessoas morreram nesse acidente, mas 11 sobreviveram, inclusive a maior parte da tripulação.
Gilberto era um dos mais conhecidos pilotos da aviação comercial brasileira, pois esteve envolvido no acidente do Varig 820, que sofreu um incêndio a bordo em 11 de julho de 1973, na França.
O Varig 820 fez uma aterragem de emergência, numa uma área rural perto do Aeroporto de Orly, em Paris. Infelizmente, 123 pessoas morreram nesse acidente, mas 11 sobreviveram, inclusive a maior parte da tripulação.
Os demais tripulantes escalados para o RG 967 eram: Cmte. Erny Peixoto
Mylius, actuando como 1º Oficial, 2º Oficial Antônio Brasileiro da Silva
Neto, 2º Oficial Evan Braga Saunders, Engenheiro de Voo José Severino
Gusmão de Araújo e Engenheiro de Voo Nicola Exposito.
Todos eram profissionais experientes. A tripulação deveria ser substituída por outra em Los Angeles, e o PP-VLU tinha como destino final o Aeroporto Internacional do Galeão, no Rio de Janeiro.
Todos eram profissionais experientes. A tripulação deveria ser substituída por outra em Los Angeles, e o PP-VLU tinha como destino final o Aeroporto Internacional do Galeão, no Rio de Janeiro.
O voo RG967 descolou de Narita às 20h 23min, hora local, do dia 30 de Janeiro de 1979. Vinte e dois minutos depois, o RG 967 fez contacto com o
controle de tráfego aéreo, e a comunicação foi normal, nada indicando
problemas a bordo.
Um segundo contacto deveria ter sido feito uma hora após o voo, às 21h 23min local, mas tal contacto jamais foi feito.
Um segundo contacto deveria ter sido feito uma hora após o voo, às 21h 23min local, mas tal contacto jamais foi feito.
Após repetidas tentativas de contacto, os órgãos de controle japoneses entraram em estado de alerta. O RG 967 não reportou qualquer anormalidade ou emergência, não pediu "Mayday", nada. Simplesmente desapareceu depois da sua última comunicação, que foi totalmente normal.
As autoridades aeronáuticas japonesas logo iniciaram uma acção de busca e
salvamento sobre a rota que deveria ser percorrida pelo RG 967.
Entretanto, nada, absolutamente nada, foi encontrado. O RG 967 era operado por um Boeing 707, uma aeronave quadrimotor de grande porte, cheia de combustível e de carga, e mesmo que houvesse caído no mar, deixaria grandes destroços e combustível flutuando à superfície.
Nenhum sinal foi observado, no entanto, até o abandono das buscas. O Boeing 707, com seus seis tripulantes e sua carga, simplesmente desapareceu.
Entretanto, nada, absolutamente nada, foi encontrado. O RG 967 era operado por um Boeing 707, uma aeronave quadrimotor de grande porte, cheia de combustível e de carga, e mesmo que houvesse caído no mar, deixaria grandes destroços e combustível flutuando à superfície.
Nenhum sinal foi observado, no entanto, até o abandono das buscas. O Boeing 707, com seus seis tripulantes e sua carga, simplesmente desapareceu.
Os tripulantes do RG967. O primeiro acima, da esquerda para a direita, é o comandante Gilberto Araújo da Silva |
O relatório final do acidente aponta causas desconhecidas para o
acidente, em vista da ausência de qualquer evidência, pedido de
emergência ou localização de destroços.
Diversas teorias foram formuladas para o desaparecimento da aeronave, no entanto:
Diversas teorias foram formuladas para o desaparecimento da aeronave, no entanto:
- A aeronave teria penetrado inadvertidamente no espaço aéreo soviético e teria sido abatida por caças, confundida com um avião militar americano EC-135, muito semelhante ao 707.
- Tal teoria é altamente improvável, pois os radares japoneses acompanharam o voo pelo radar numa rota Leste- Nordeste, que a deixaria muito afastada dos territórios soviéticos das ilhas Kurilas e de Sacalina.
- Em 1979, a Guerra Fria, aliás, estava em um período de distensão, e é pouco provável que os soviéticos tivessem tomado tal acção nessa época. Posteriormente, em 1983, um jacto comercial da Korean Airlines, um Boeing 747, foi realmente abatido sobre território soviético, o voo KAL007, mas a situação política já era bem diferente;
- O voo teria sido sequestrado por ladrões de arte. Realmente, o voo levava, como carga, 153 quadros do artista nipo-brasileiro Manabu Mabe, que estavam numa exposição no Japão e que retornavam ao Brasil nesse voo.
- O que essa teoria não explica é: quem teria sequestrado o avião, se a aeronave não levava passageiros? Nenhum dos quadros que estavam a bordo jamais apareceu novamente em qualquer colecção;
- O voo teria sofrido uma lenta despressurização, e a aeronave, com seus tripulantes adormecidos ou mortos, teria voado no piloto automático até acabar o combustível, e caído muito longe dos locais onde era procurada. Essa teoria é bastante plausível.
- Realmente, em 2005, uma aeronave Boeing 737-300 da Helios Airways, cumprindo o voo RCQ 522, sofreu uma despressurização lenta, resultado de uma acção equivocada dos mecânicos e de falhas da tripulação em reconhecer o problema.
- O alarme de pressurização foi confundido com um alarme de configuração, que não deveria ocorrer em voo, e foi descartado como alarme falso.
- A tripulação ficou adormecida em virtude da hipóxia, e o avião, voando no piloto automático, caiu quando acabou o combustível.
Existem algumas teorias de conspiração, como a presença, na carga, de
uma aeronave russa de caça Mig 25, ou de alguns de seus componentes, mas
tal aeronave tornou-se bem conhecida dos americanos desde a deserção de
um piloto soviético no Japão, em 1973, e não houve outro evento
semelhante depois disso.
Os registos soviéticos não possuem qualquer referência à uma deserção de um piloto ou ao abate de uma aeronave invasora nessa época.
Os registos soviéticos não possuem qualquer referência à uma deserção de um piloto ou ao abate de uma aeronave invasora nessa época.
Até hoje (Outubro de 2014), não existem mais notícias sobre o paradeiro
do voo RG 967. E um mistério de 35 anos ainda não solucionado.
O Comandante Gilberto foi um dos raríssimos pilotos envolvidos em mais de um acidente na aviação comercial.
O Comandante Gilberto foi um dos raríssimos pilotos envolvidos em mais de um acidente na aviação comercial.
Outro desaparecimento, ainda sem solução, ocorreu em Angola, em 2003.
Um jacto comercial cargueiro Boeing 727-223, anteriormente operado pela American Airlines, desapareceu completamente após descolar clandestinamente do Aeroporto Internacional de Luanda.
O Boeing 727-223, pertencente à Aerospace Sales & Leasing, e
matriculado N844AA, estava arrendado à TAAG - Linhas Aéreas de Angola,
para transporte exclusivo de carga (óleo diesel em tambores), mas, por
alguma razão, ficou parado por cerca de 14 meses no Aeroporto
Internacional Quatro de Fevereiro, em Luanda, Angola, acumulando um
considerável débito de tarifas aeroportuárias em atraso, mais de 4
milhões de dólares americanos.
Pouco antes do por-do-sol do dia 25 de maio de 2003, o engenheiro de voo americano Ben Charles Padilla, acompanhado por um mecânico oriundo do Congo, contratado pela TAAG, entraram na aeronave.
Os dois estiveram pesquisando planos de voo pré-elaborados junto à empresa, mas nenhum deles era piloto qualificado para o Boeing 727, que, aliás, exige uma tripulação de 3 pessoas.
Ben Charles era piloto privado, mas só tinha voado o 727 como engenheiro de voo, tendo, portanto, um bom conhecimento da aeronave e de seus sistemas.
O avião teve seus motores acionados, e pouco depois começou a movimentar-se, à revelia dos controladores e das autoridades aeroportuárias.
Entrou na pista de e descolou sem autorização, seguindo um rumo sudoeste, em direcção ao Oceano Atlântico. Os controladores tentaram entrar em contacto com a aeronave, mas não obtiveram resposta.
Com luzes e transponder desligados, o avião subiu, e jamais foi visto novamente, assim como seus dois tripulantes.
Existem relatos, não confirmados, de que Padilla teria entrado sozinho no avião. Ele também nunca mais foi visto, e nunca mais entrou em contacto com seus amigos e familiares.
O presumível furto de um jacto comercial preocupou imediatamente o Departamento da Defesa Americano.
Menos de dois anos antes, os Estados Unidos tinham sofrido os ataques de 11 de Setembro de 2001, e a possibilidade de um jacto roubado ser utilizado em novos ataques era perfeitamente plausível.
A despeito dos esforços dos americanos, a aeronave não pode ser localizada.
Em Julho de 2003, uma aeronave parecida com a aeronave furtada, que ainda mantinha quase o esquema básico de pintura da American Airlines (faixas azuis em fundo metálico), foi avistada em Conakri, Guiné, com outro registro, 3X-GDO, e algumas pessoas dizem ter visto a matrícula N844AA bem apagada na traseira do avião.
Todavia, o Departamento de Estado Americano pesquisou e concluiu que o 3X-GDO era, na verdade, outro 727 ex-American, antes matriculado N862AA.
Essa aeronave acabou sendo destruída em um acidente em Benin (voo UTA 141), e no acidente, novamente a questão foi levantada, se o avião destruído seria o mesmo avião roubado em Luanda, mas novamente os americanos descartaram a hipótese.
O caso do N844AA permanece em aberto.
Sem dúvida, o desaparecimento mais sinistro já ocorrido ocorreu com o voo MH370, operado pela Malaysia Airlines.
Envolveu uma aeronave muito moderna e segura, um Boeing 777-200, e, ao contrário dos dois outros aviões citados, estava lotado de passageiros, 227 ao todo, e mais 12 tripulantes.
O desaparecimento do Malaysia 370 merece um artigo exclusivo, no entanto, já que é uma história bastante complexa, mesmo estando longe, aparentemente, de uma solução final. Aguardem que logo publicaremos tal artigo.
Um jacto comercial cargueiro Boeing 727-223, anteriormente operado pela American Airlines, desapareceu completamente após descolar clandestinamente do Aeroporto Internacional de Luanda.
O N844AA, quando ainda operando pela American Airlines, em 1989 |
O N844AA, na África, operando em pistas não pavimentadas |
Pouco antes do por-do-sol do dia 25 de maio de 2003, o engenheiro de voo americano Ben Charles Padilla, acompanhado por um mecânico oriundo do Congo, contratado pela TAAG, entraram na aeronave.
Os dois estiveram pesquisando planos de voo pré-elaborados junto à empresa, mas nenhum deles era piloto qualificado para o Boeing 727, que, aliás, exige uma tripulação de 3 pessoas.
Ben Charles era piloto privado, mas só tinha voado o 727 como engenheiro de voo, tendo, portanto, um bom conhecimento da aeronave e de seus sistemas.
Em primeiro plano, o engenheiro de voo Ben Charles Padilla |
O avião teve seus motores acionados, e pouco depois começou a movimentar-se, à revelia dos controladores e das autoridades aeroportuárias.
Entrou na pista de e descolou sem autorização, seguindo um rumo sudoeste, em direcção ao Oceano Atlântico. Os controladores tentaram entrar em contacto com a aeronave, mas não obtiveram resposta.
Com luzes e transponder desligados, o avião subiu, e jamais foi visto novamente, assim como seus dois tripulantes.
Existem relatos, não confirmados, de que Padilla teria entrado sozinho no avião. Ele também nunca mais foi visto, e nunca mais entrou em contacto com seus amigos e familiares.
O presumível furto de um jacto comercial preocupou imediatamente o Departamento da Defesa Americano.
Menos de dois anos antes, os Estados Unidos tinham sofrido os ataques de 11 de Setembro de 2001, e a possibilidade de um jacto roubado ser utilizado em novos ataques era perfeitamente plausível.
A despeito dos esforços dos americanos, a aeronave não pode ser localizada.
Por algum tempo, suspeitou-se que essa aeronave acidentada em Benin fosse o Boeing 727 furtado |
Em Julho de 2003, uma aeronave parecida com a aeronave furtada, que ainda mantinha quase o esquema básico de pintura da American Airlines (faixas azuis em fundo metálico), foi avistada em Conakri, Guiné, com outro registro, 3X-GDO, e algumas pessoas dizem ter visto a matrícula N844AA bem apagada na traseira do avião.
Todavia, o Departamento de Estado Americano pesquisou e concluiu que o 3X-GDO era, na verdade, outro 727 ex-American, antes matriculado N862AA.
Essa aeronave acabou sendo destruída em um acidente em Benin (voo UTA 141), e no acidente, novamente a questão foi levantada, se o avião destruído seria o mesmo avião roubado em Luanda, mas novamente os americanos descartaram a hipótese.
O caso do N844AA permanece em aberto.
Sem dúvida, o desaparecimento mais sinistro já ocorrido ocorreu com o voo MH370, operado pela Malaysia Airlines.
Envolveu uma aeronave muito moderna e segura, um Boeing 777-200, e, ao contrário dos dois outros aviões citados, estava lotado de passageiros, 227 ao todo, e mais 12 tripulantes.
O Boeing 777-200 da Malaysia desaparecido em Março de 2014 |
O desaparecimento do Malaysia 370 merece um artigo exclusivo, no entanto, já que é uma história bastante complexa, mesmo estando longe, aparentemente, de uma solução final. Aguardem que logo publicaremos tal artigo.
Fonte das imagens e texto. Blogue « Cultura Aeronáutica ».