António Fernandes Aleixo OB foi um poeta popular português. Considerado um dos poetas populares portugueses de maior relevo, afirmando-se pela sua ironia e pela crítica social sempre presente nos seus versos, António Aleixo também é recordado como homem simples, humilde e semi-analfabeto, e ainda assim ter deixado como legado uma obra poética singular no panorama literário português da primeira metade do século XX.
Um Livro um Autor
Algarve, terra de sol e de luz o ser humano curva menos a cabeça, como diz Joaquim Magalhães, amigo, confidente e secretário de Aleixo, professor do ensino secundário, que recolheu e compilou a obra do Poeta Aleixo.
Por isso o Povo dizia que ele era o único analfabeto que tinha por secretário um doutor. O próprio poeta o reconheceu em verso, quando escreve:
Não há nenhum milionário
que seja feliz como eu
tenho como secretário
um professor de liceu.
O Poeta nasceu, em 18 de Fevereiro de 1899, em Vila Real de Santo António, mas só em 21 de Dezembro de 1974 a sua cidade lhe paga a dívida de gratidão que tinha para com ele, perpetuando-o com um busto da autoria de Joaquim Rebocho.
Faleceu António Aleixo, doente, em 16 de Novembro de 1949. Em Coimbra conheceu Miguel Torga e a admiração foi mútua logo no primeiro encontro na Livraria Atlãntida, onde se juntaram diversos escritores para ouvirem os poemas de Aleixo.
Do Poeta , ficam-nos dois autos, o « Auto do Curandeiro » e o « Auto da Vida e da Morte » onde, por incrível, lembra Gil Vicente sem nunca sequer ter tido quaisquer contactos com a obra de Mestre Gil. Também nos legou « Quando começo a cantar» seu primeiro livro, « Intencionais », o segundo, e « Este livro que vos deixo » porventura
o mais importante da obra do grande Poeta do qual extraí as seguintes quadras:
Sou humilde, sou modesto;
Mas entre gente ilustrada,
Talvez me digam que eu presto,
Porque não presto p,ra nada.
Forçam-me, mesmo velhote,
De vez em quando, a beijar
A mão que brande o chicote
Que tanto me faz penar.
Por de Deus ter recebido
Tantas provas de bondade,
Já Lhe tenho até pedido
a morte por caridade.
Porque o mundo me empurrou,
Caí na lama, e então
Tomei-lhe a cor, mas não sou
A lama que muitos são.
Eu não tenho vistas largas,
António Fernandes Aleixo OB (Vila Real de Santo António, 18 de fevereiro de 1899 — Loulé, 16 de novembro de 1949) foi um poeta popular português.