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6.4.14

ANTÓNIO ALEIXO


António Fernandes Aleixo OB foi um poeta popular português. Considerado um dos poetas populares portugueses de maior relevo, afirmando-se pela sua ironia e pela crítica social sempre presente nos seus versos, António Aleixo também é recordado como homem simples, humilde e semi-analfabeto, e ainda assim ter deixado como legado uma obra poética singular no panorama literário português da primeira metade do século XX.


Um Livro um Autor

O vulto mais raro das nossas letras, António Aleixo, poeta algarvio, poeta popular é certo porque era e é querido do Povo como nenhum outro, tinha a craveira de um génio, que do nada como um golpe de prestigitação fazia brotar versos repentistas mas de uma perfeição formal só possível num homem com uma vivência interior de enorme dimensão.

   Algarve, terra de sol e de luz o ser humano curva menos a cabeça, como diz  Joaquim Magalhães, amigo, confidente e secretário de Aleixo, professor do ensino secundário, que recolheu e compilou a obra do Poeta Aleixo.

   Por isso o Povo dizia que ele era o único analfabeto que tinha por secretário um doutor. O próprio poeta o reconheceu em verso, quando escreve:



                                                             Não há nenhum milionário
                                                             que seja feliz como eu
                                                             tenho como secretário
                                                             um professor de liceu.


O Poeta nasceu, em 18 de Fevereiro de 1899, em Vila Real de Santo António, mas só em 21 de Dezembro de 1974 a sua cidade lhe paga a dívida de gratidão que tinha para com ele, perpetuando-o com um busto da autoria de Joaquim  Rebocho.

 Faleceu António Aleixo, doente, em 16 de Novembro de 1949. Em Coimbra conheceu Miguel Torga e a admiração foi mútua logo no primeiro encontro na Livraria Atlãntida, onde se juntaram diversos escritores para ouvirem os poemas de Aleixo.

 Do Poeta , ficam-nos dois autos, o « Auto do Curandeiro » e o « Auto da Vida e da Morte » onde, por incrível, lembra Gil Vicente sem nunca sequer ter tido quaisquer contactos com a obra de Mestre Gil. Também nos legou « Quando começo a cantar» seu primeiro livro, « Intencionais », o segundo, e « Este livro que vos deixo » porventura
o mais importante da obra do grande Poeta do qual extraí as seguintes quadras:
                                                         



                                                     Sou humilde, sou modesto;
                                                     Mas entre gente ilustrada,
                                                     Talvez me digam que eu presto,
                                                     Porque não presto p,ra nada.


                                                     Forçam-me, mesmo velhote,
                                                     De vez em quando, a beijar
                                                     A mão que brande o chicote
                                                     Que tanto me faz penar.




                                                    Por de Deus ter recebido
                                                    Tantas provas de bondade,
                                                    Já Lhe tenho até pedido
                                                    a morte por caridade.




                                                    Porque o mundo me empurrou,
                                                    Caí na lama, e então
                                                    Tomei-lhe a cor, mas não sou
                                                    A lama que muitos são.




                                                    Eu não tenho vistas largas,
              
António Fernandes Aleixo OB (Vila Real de Santo António, 18 de fevereiro de 1899 — Loulé, 16 de novembro de 1949) foi um poeta popular português.