AMAR
fecho os meus olhos para te esquecer,
Mas quanto mais procuro não te vêr,
Quanto mais fecho os olhos mais te vejo.
Humildemente, atraz de ti rastejo,
Humildemente, sem te convencer,
Enquanto sinto para mim crescer
Dos teus desdens o frigido cortejo.
Sei que jamais hei-de possuir-te, sei
Que outro, feliz, ditoso como um rei,
Enlaçará teu virgem corpo em flor.
Meu coração no entanto não se cansa:
Amam metade os que amam com esperança,
Amar sem esperança é o verdadeiro amor.
Nascimento | 4 de março de 1869 Coimbra |
Morte | 17 de agosto de 1944 (75 anos) |
Nacionalidade | Português |
Ocupação | Escritor |
Eugénio de Castro
Ao recordar Eugénio de Castro entendi o quanto ele deve ter sentido.
Ao longo da vida a alguns jamais se coloca a questão.Outros, no entanto,vêm-na surgir até inesperadamente
.Quando se encontra alguém nos caminhos tortuosos da vida e, esses caminhos, estão a ser percorridos a dois ou seja quando ambos são comprometidos que fazer? Distinguir a amizade e nada mais?
Porém muito difícil é a partir de olhares, sorrisos, gestos e inequívocas expressões manter essa diferença.
Aqui reside a arte, chamemos-lhe arte menor se quisermos, de saber parar.Mas a partir de um determinado patamar é difícil, senão impossível.
Os pretensos autores ficam presos para toda a vida àquela imagem ou a um modelo que nunca pintaram ou esculpiram. Serão as quimeras de uma vida, até ao fim dos dias
.Apenas a ilusória esperança que nesses mesmos caminhos da vida, o destino, esse grande e enigmático autor conceda de novo uma paragem, um abrigo, em que dois desses quatro viajantes parem para conversar.
E que os outros dois alheios a essa paragem sigam apressados e despreocupados como até ali.No entanto ao fim da pausa urge seguir em frente. Falaram tudo os retardatários? Só o destino o dirá!