ALFARROBEIRA DO BAIRRO ( Foto de J.P.L. Ano de 2013 ) |
Estava essa enorme e certamente idosa árvore a viver os seus dias, tranquila, à beira de uns caminhos por onde " via " passar toda uma diversidade de seres.
Os que por obrigação o faziam e, eram esses, bem poucos nos anos em que estou a relembrar.
BONITA ÁRVORE ( Foto de J.P.L. ) |
O mesmo não se diria da sua juventude quando ali fora plantada, decerto com muito carinho por mão amiga, que, apenas o fizera não pensando muito em si mas nas gerações vindouras, pois sabia que o seu crescimento seria lento.
Mais fácil para o generoso braço do agricultor de então, o pé de vinha, as couves, o feijão e outros em que ano após ano junto a árvorezinha foi plantando e semeando.
Cresceu e fez-se uma monumental a alfarrobeira abarcando com as suas ramagens os matos em que se transformaram as terras ao redor, chorando quem sabe, pesarosa, a partida daqueles que de si cuidaram ao longo dos anos.
Mas, restava-lhe a alegria, não me custa imaginar , de sentir -se útil quando generosa se cobria de alfarrobas e via a garotada brincar nos seus ramos e, porque não, saborear dos seus frutos.
Todavia esses mesmos garotos não a puderam proteger, talvez por serem isso mesmo, garotos quando a derrubaram a golpes de moto-serra e com maquinaria pesada.
Assisti a isto teria os meus 12 anos e ainda hoje me interrogo porque foi cometido tal atentado.
Seria, se fosse viva, uma árvore decerto classificada como património a preservar.
JUNTO DA ALFARROBEIRA ( Foto de J.P.L. ) |
Entristece-me muito olhar para aquele lugar e não ver ali aquele ser vegetal que tinha todo o direito a habitá-lo como qualquer um de nós.
Sei que foi gente de fora que operava as máquinas e os projectos, mas foi gente de " dentro " que consentiu no seu abate, para nada.
Como esquecer ?
Como perdoar?