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18.4.13

A ALFARROBEIRA DA MINHA INFÂNCIA

ALFARROBEIRA DO BAIRRO  ( Foto de J.P.L. Ano de 2013 )
Estou a lembrar-me ao olhar para esta alfarrobeira, da fotografia que junto, de uma outra que existiu nos campos da minha infância.

Estava essa  enorme e certamente idosa árvore a viver os seus dias, tranquila, à beira de uns caminhos por onde " via " passar toda uma diversidade de seres.

 Os que por obrigação o faziam e, eram esses,  bem poucos nos anos em que estou a relembrar.


BONITA ÁRVORE ( Foto de J.P.L. )

 O mesmo não se diria  da sua juventude quando ali fora plantada, decerto com muito carinho por mão amiga, que, apenas o fizera não pensando muito em si mas nas gerações vindouras, pois sabia que o seu crescimento seria lento.

 Mais fácil para o generoso braço do agricultor de então,  o pé de vinha, as couves, o feijão e outros em que ano após ano junto a árvorezinha  foi plantando e semeando.

 Cresceu e fez-se uma monumental a alfarrobeira abarcando com as suas ramagens os matos em que se transformaram as terras ao redor, chorando quem sabe,  pesarosa, a partida daqueles que de si cuidaram ao longo dos anos.
 Mas, restava-lhe a alegria, não me custa imaginar , de sentir -se útil quando generosa se cobria de alfarrobas e via a garotada brincar nos seus ramos e, porque não, saborear dos seus frutos.


 Todavia esses mesmos garotos  não a puderam proteger, talvez por serem isso mesmo, garotos quando a derrubaram a golpes de moto-serra e com maquinaria pesada.

 Assisti a isto teria os meus 12 anos e ainda hoje me interrogo porque foi cometido tal atentado.
 Construíram uma estrada algumas dezenas de metros ao lado, edificaram-se viadutos e habitações ao redor do seu túmulo  e hoje, naquele lugar, nada existe a não ser arbustos e pedras.

 Seria, se fosse viva, uma árvore decerto classificada como património a preservar.


JUNTO DA ALFARROBEIRA ( Foto de J.P.L. )
 Porém e, cabe aqui a minha revolta, tenho observado que a primeira coisa que se faz logo que se pensa em fazer seja o que for, a primeira medida é arrasar com o arvoredo sem dó nem piedade!

 Entristece-me muito olhar para aquele lugar e não ver ali aquele ser vegetal que tinha todo o direito a habitá-lo como qualquer um de nós.

 Sei que foi gente de fora que operava as máquinas e os projectos, mas foi gente de " dentro " que consentiu no seu abate, para nada.

Como esquecer ?

 Como perdoar?