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22.6.12

COBRE MENINO. OS SEUS AROMAS E LOCAIS

 Acordou hoje o Cobre com nuvens cinzentas que a pouco e pouco se desfizeram em generosa água.

A terra sequiosa agradeceu exalando um aroma singular.

 Incómoda, para a maioria, esta chuva de Primavera não o foi para uns poucos, refiro-me aos outros  habitantes  deste recanto de Cascais, as aves, a vegetação e talvez algum humano que cultive algo ao ar livre. 

Autrora, quando a actual urbe primava pela ausência, tudo isto, ao redor, eram campos cultivados.

   Memorizei alguns desses locais e alguns desses aromas que jamais voltarão.

 O meu Cobre menino, parafraseando o insígne cascalense Sr: Pedro Falcão, bom e saudoso Amigo, era então um jardim.

De minha casa ao " alto dos tanques" assim chamado por ser ali que estavam ( e estão, desactivados )  os tanques públicos para lavagem da roupa, existiam as " quinta do  Calça a Bota  " seguida da  " quinta do Casaleiro " pomposos nomes dados a pequenas courelas onde se colhiam rosas, favas, alfaces, trigo e muito mais.

 Separadas pelos hoje  raros muros de pedra e rodeadas por pinhais entre os quais, também, algumas figueiras, oliveiras, medronheiros, nespereiras, amendoeiras entre outras coabitavam.

MURO DE PEDRA SOLTA A NORTE DOS DEPÓSITOS DE ÁGUA. Foto de J.P.L em Junho de 2012
                                                     
Na fotografia que ilustra esta memória temos um exemplar desses muros.*

 Este está já condenado ao progresso e ao cimento, como todos os demais.

 Dizia eu o quanto esta chuva foi generosa.

Nos tempos da minha meninice tudo era natureza, terra a terra desde a serra até aqui.

Ainda me recordo muito bem da existência de algumas destas áreas onde se criavam suínos a que nós crianças admirava-mos a voracidade.

Aves e coelhos a chamada " criação " quase todos tinham algo de seu. 

Por estas ruas, hoje de nomes sonantes, corria-mos alheios  pisando a lama da terra.

 Aqui perto de mim havia a quinta do " Maluco " cercada por um muro alto com escalhas de vidro no topo, e que no seu interior o proprietário construira uma habitação em altura a que nós chamava-mos o " mirante ", no alto da mesma estava uma espécie de banco onde se dizia o sr: tomava banhos de sol em pelota. 

Nunca vi tal cena mas, do " mirante ", recordo-me como se fosse agora e não há mais de quarenta anos quando o derrubaram  como tudo o demais afim da  urbanização geral destes arredores.

 Penso nas fotografias magnificas que aquele sr:, caso quisesse, teria obtido de um local tão previlégiado.

 Vou escrevendo e ocorrem-me as memórias. Agora fico por aqui pois as palavras são como as cerejas. No entanto hei-de voltar ao tema.


* Hoje, Julho de 2020, No lugar onde obtive a foto do muro está um edificado um colégio. Ao redor nada mais há a não ser urbanizações. Para quem quiser ver.