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5.10.12

PIRES VELOSO ( VICE - REI DO NORTE )



Só para se pensar um pouco...

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O General Pires Veloso, um dos protagonistas do 25 de Novembro de 1975 que naquela década ficou conhecido como "vice-rei do Norte", defende um novo 25 de Abril, de raiz popular, para acabar com "a mentira e o roubo institucionalizados".
"Vejo a situação atual com muita apreensão e muita tristeza. Porque sinto que temos uma mentira institucionalizada  no país.

 Não há verdade. 

Fale-se verdade e o país será diferente. 

Isto é gravíssimo", disse hoje (10/08/2012), em entrevista à Lusa.
Para o general, que enquanto governador militar do Norte foi um dos principais intervenientes no contra-golpe militar de 25 de Novembro que pôs fim ao "Verão Quente" de 1975, "dá a impressão de que seria preciso outro 25 de Abril em todos os termos, para corrigir e repor a verdade no sistema e na sociedade".
Pires Veloso, 85 anos, considera que não poderão ser as forças militares a promover um novo 25 de Abril: "Não me parece que se queiram meter nisto.

 Não estão com a força anímica que tinham antigamente, aquela alma que reagia quando a pátria está em perigo".
"Para mim, o povo é que tem a força toda.

 Agora é uma questão de congregação, de coordenação, e pode ser que alguém surja" a liderar o processo.

Inversão de valores

E agora que "o povo já não aguenta mais e não tem mais paciência, é capaz de entrar numa espiral de violência nas ruas, que é de acautelar", alertou, esperando que caso isso aconteça não seja com uma revolução, mas sim com "uma imposição moral que leve os políticos a terem juízo".
Como solução para evitar que as coisas se compliquem, Pires Veloso defendeu uma cultura de valores e de ética.

 "Há uma inversão que não compreendo desses valores e dessa ética.

 Não aceito a atuação de dirigentes como, por exemplo, o Presidente da República, que já há pelo menos dois anos, como economista, tinha obrigação de saber em que estado estava o país, as finanças e a economia. Tinha obrigação moral e não só de dizer ao país em que estado estavam as coisas", defendeu.

Pires Veloso lamentou a existência de "um gangue que tomou conta do país. Tire-se o gangue, tendo-se juízo, pensando no que pode acontecer.
E ponha-se os mais ricos a contribuir para acabar a crise. Porque neste momento não se vai aos mais poderosos".
O general deu como exemplo o salário do administrador executivo da Eletricidade de Portugal (EDP) para sublinhar que "este Governo deve atender a privilégios que determinadas classes têm".
"Não compreendo como Mexia recebe 600 mil euros e há gente na miséria sem ter que dar de comer aos filhos.

 Bem pode vir Eduardo Catroga dizer que é legal e que os acionistas é que querem, mas isto não pode ser assim.

 Há um encobrimento de situação de favores aos mais poderosos que é intolerável.

 E se o povo percebe isso reage de certeza", disse.
Para Pires Veloso, "se as leis permitem um caso como o Mexia, então é preciso outro 25 de Abril para mudar as leis", considerando que isto contribui para "a tal mentira institucionalizada que não deixa que as coisas tenham a pureza que deviam ter".
Casos como este, que envolvem salários que "são um insulto a um povo inteiro, que tem os filhos com fome", fazem, na opinião do militar, com que em termos sociais a situação seja hoje pior, mesmo, do que antes do 25 de Abril: "Na altura havia um certo pudor nos gastos e agora não: gaste-se à vontade que o dinheiro há de vir".

Inversão do 25 de Abril

Quanto ao povo, "assiste passivamente à mentira e ao roubo, por enquanto. Mas se as coisas atingirem um limite que não tolere, é o cabo dos trabalhos e não há quem o sustenha.

 Porque os cidadãos aguentam, têm paciência, mas quando é demais, cuidado com eles".
"Quando se deu o 25 de Abril de 1974, disseram que havia de haver justiça social, mais igualdade e melhor repartição de bens.

Estamos a ver uma inversão do que o 25 de Abril exigia", considerou Pires Veloso, para quem "o primeiro-ministro tem de arrepiar caminho rapidamente".
Passos Coelho "tem de fazer ver que tem de haver justiça, melhor repartição de riqueza e que os poderosos é que têm que entrar com sacrifícios nesta crise", defendeu, apontando a necessidade de rever rapidamente as parcerias público-privadas.
"Julgo que Passos Coelho quer a verdade e é esforçado, mas está num sistema do qual está prisioneiro.

 O Governo mexe nos mais fracos, vai buscar dinheiro onde não há. E, no entanto, na parte rica e nos poderosos ainda não mexeu

Falta-lhes mais tempo? 

Não sei. Sei é que tem de mudar as coisas, disse Pires Veloso


  1. António Elísio Capelo Pires Veloso

    Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
    António Elísio Capelo Pires Veloso
    Nascimento 10 de agosto de 1926
    Gouveia
    Morte 17 de agosto de 2014 (88 anos)
    Porto
    Nacionalidade Portugal Portuguesa
    António Elísio Capelo Pires Veloso OA (Gouveia, 10 de agosto de 1926Porto, 17 de agosto de 2014)[1] foi um major-general do Exército português, conhecido como o "vice-rei do Norte" pelo seu desempenho militar no Golpe de 25 de Novembro de 1975 e pelo livro de memórias que escreveu em 2009.

    Biografia

    Nascido em Gouveia, frequentou o Liceu Nacional Alexandre Herculano, no Porto, até 1944, ano em que se matriculou no Curso de Preparatórios Militares da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto.

     Aos vinte anos ingressou na Escola do Exército, concluindo o curso de Infantaria, a que se seguiu o tirocínio na Escola Prática de Infantaria.

     Em 1949 iniciou efetivamente a sua carreira militar, como alferes em Macau, onde permaneceu até 1951. Em 1961, com o eclodir da Guerra do Ultramar, prestou serviço em Angola, até 1964, e em Moçambique, entre 1965 e 1974. A 20 de Junho de 1962 foi feito Oficial da Ordem Militar de Avis.[2]
     
    Após o 25 de Abril de 1974, Pires Veloso foi nomeado governador de São Tomé e Príncipe, passando, a 18 de dezembro do mesmo ano, a alto comissário, função que manteve até à independência do território, a 12 de julho de 1975.[3]

     Em setembro de 1975 foi designado comandante da Região Militar do Norte, com quartel-general no Porto.
    Pires Veloso foi um dos protagonistas do Golpe de 25 de Novembro de 1975 que pôs fim ao chamado Verão Quente de 1975.

     Nesse dia, em que Portugal esteve a um passo da guerra civil, o então comandante da Região Militar do Norte mobilizou as suas tropas no apoio aos "moderados", disponibilizando-se mesmo para acolher no Porto um governo provisório.[1]
     
    Pires Veloso integrou o Conselho da Revolução entre 1975 e 1977, ano em que também terminou a sua missão de comandante da Região Militar do Norte.

    Candidatou-se a Presidente da República Portuguesa, como independente, nas eleições de 1980, mas não obteve mais do que 0,78% dos votos, num sufrágio em que foi reeleito Ramalho Eanes.[4]

      Com a frequência do Curso Superior de Comando e Direção do Instituto de Altos Estudos Militares, Pires Veloso ascendeu à patente de oficial general em 1988.

    No dia 25 de abril de 2006 foi agraciado pelo então presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Rio, com a Medalha Municipal de Mérito (Grau Ouro), pelo seu "desempenho militar" e "papel fundamental na consolidação da democracia nacional durante o período em que comandou a Região Militar do Norte".[5]

      Publicou o livro Vice-rei do Norte: memórias e revelações, em 2009.

     Pires Veloso era irmão mais novo de Aureliano Veloso, o primeiro presidente da Câmara Municipal do Porto eleito democraticamente após o 25 de Abril de 1974, e tio do cantor Rui Veloso.
    Faleceu a 17 de agosto de 2014, no Hospital Militar do Porto, em decorrência de um acidente vascular cerebral.

    A 16 de Setembro de 2014 foi noticiado que foi entregue na Assembleia Municipal do Porto uma proposta para dar à Praça da República o nome do general Pires Veloso, pelo seu papel no golpe de 25 de Novembro de 1975.[6]

    Referências


  2. Leonete Botelho (17 de agosto de 2014). «Morreu Pires Veloso, o "vice-rei do Norte"». Público. Consultado em 17 de agosto de 2014

  3. «Cidadãos Nacionais Agraciados com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "António Elísio Capelo Pires Veloso". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 7 de março de 2015

  4. «List of colonial heads of São Tomé and Príncipe» (em inglês). Worldstatesmen.org

  5. «CNE Resultados Eleitorais». Comissão Nacional de Eleições

  6. «Boletim da Câmara Municipal do Porto» (PDF). Câmara Municipal do Porto

  7. «Nome do "vice-rei do Norte" proposto para praça do Porto». Diário de Notícias. 16 de setembro de 2014
  8. Pires Veloso casou-se em 1956 com Maria Cândida Saraiva da Fonseca Veloso, de quem teve dois filhos, António Manuel e Helena Dulce. Faleceu a 17 de agosto de 2014, no Hospital Militar do Porto, na sequência de um acidente vascular cerebral. (Universidade do Porto Digital / Gestão de Documentação e Informação, 2016)