Um certo dia, em Coimbra, estando um fidalgo português conhecido pelo seu mau génio,Fernão Mendes, ou o " Bravo Braganção ", a comer diante de D. Afonso Henriques, o Rei e os outros que com ele estavam " riram-se de uma pouca de nata que caíra pela barba a D. Fernão Mendes, e D. Fernão Mendes houve tão grande sanha d'el Rei que se quis avir com ele ... "
Ia sendo o fim do mundo. Para domar aquela fera, que espumava e rugia por causa dum pedacinho da nata, foi preciso que D. Afonso Henriques tirasse uma das infantas suas filhas ao homem com quem casara para a dar ao Braganção.
Quando estas criaturas gigantescas, galeadas de ferro, bárbaras como figuras de pano de Arrás, chegavam finalmente às mãos, a violência e a fulguração do seu choque transiam e arrepiavam. Muitas vezes, dum só talho de espada, um dos contentores ficava sumariamente partido pelo meio.
Foi o que sucedeu a certo escudeiro de Fernando o Santo, de Leão, que um dia teve a imprudência e o mau gosto de desmentir um hercúleo fidalgo português, Gonçalo Roiz de Palmeira, nem mais nem menos do que quarto avô de Nun' Álvares:
" alvorouço-se o paço, saíram-se dele, e Gonçalo Roiz deu-lhe com uma espada por cima do ombro, que o tallhou até à cinta " *
Extrato de " O duelo e a briga em Portugal "
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