Pedir viço à penedia
Ao ramo seco uma flor,
Pedir ao triste alegria,
Ao gelo pedir calor,
Pedir luz à treva escura,
E trevas à manhã pura,
E constância à formosura,
Não é d,homem de razão;
Mais do que isto se descobre,
Que não é pedido nobre
Ao trovador, que é tão pobre,
Pedir mais que o coração.
FLORES ( foto de J.P.L. Maio de 2011 ) |
O coração, se lho queres,
Com ambas as mãos to dá;
Não lho entendem as mulheres,
Só da amizade será;
E não lhe peças mais nada!
Se por ser tão malfadada
Faz a oferta desprezada,
Despreza o dono também;
Mas olha que mal despreza
O que engeita esta pobreza,
Pois dá mais do que a riqueza,
Quem dá tudo quanto tem. *
* João de Lemos
João de Lemos
João de Lemos | |
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Nascimento | João de Lemos Seixas Castelo Branco 1819 Peso da Régua, Portugal |
Morte | 1890 (71 anos) Maiorca, Figueira da Foz |
Nacionalidade | Portuguesa |
Ocupação | jornalista, poeta e dramaturgo |
João de Lemos Seixas Castelo Branco, (Peso da Régua, 1819 — 1890), foi um jornalista, poeta e dramaturgo português.
O «trovador» João de Lemos, como era conhecido desde o tempo de Coimbra, onde se formou em direito, pela publicação do jornal poético O Trovador, interessantíssimo repositório das produções poéticas dum grupo de moços estudantes.
Além dele, alma e director dessa publicação, faziam parte do Trovador Luís da Costa Pereira, António Xavier Rodrigues Cordeiro, Luís Augusto Palmeirim, José Freire de Serpa, Augusto Lima e Couto Monteiro.[1]
Ultra romântico e estrénuo miguelista, adepto furibundo do Ancien-Regime e da Monarquia absoluta que sempre ansiou, com todo o ardor que ressuscita-se, nasceu muito prosaicamente no Peso da Régua, em 1819, às vésperas, portanto, da Revolução de 1820.
Mas toda a sua vida dedicou-a ele ao seu ideal político, tendo usufruído de grande prestígio dentro da corte dos talassas da época[2].
Colaborou em diversas outras publicações periódicas, de que são exemplo o jornal humorístico A Comédia Portuguesa[3] começado a publicar em 1888, a Revista Universal Lisbonense[4] (1841-1859) e a Revista Contemporânea de Portugal e Brasil [5] (1859-1865).
Obras poéticas
- O funeral e a pomba: poema em 5 cantos
- Cancioneiro (1858- 1859- 1866)
- I - Flores e Amores
- II - Religião e Pátria
- III - Impressões e Recordações
- O livro de Elisa: fragmentos (1869) (eBook)
- Canções da tarde (1875)
- Serões de Aldeia (1876)
- O tio Damião: poema lírico (1886)
- O Monge Pintor (1889)
Teatro
- Maria Pais Ribeira: drama em 4 actos
- Um susto feliz: comédia
Compilação de artigos jornalísticos
- Os Frades
- Ele e Ela
- A Inquisição de 1850