Em 1811...
A Quinta da Marinha era um baldio do domínio público, estéril, de areais e pedregulhos nativos, que no século,XIX passou para o domínio privado.
Isto apenas me merece um comentário:
Falta de visão para com as gerações Cascalenses dos tempos vindouros que se viram privadas do usufruto de um local de beleza natural única.
Muito parecida com a Marinha é Donana na província de Cádiz ao qual a Espanha tratou de proteger criando o Parque Nacional de Donana .
Sei do que falo porque já o visitei.
E conheço a Marinha.
Por cá o que se fez?
Para " mandar cultivar aquellas partes que se puderem utilizar " um tal João António Coutinho, Coronel de Infantaria e Sub- Inspector Geral das Milícias,suplicou, ao Príncipe Regente D. João, que lhe " fizesse Mercê do baldio denominado a Marinha ( ou Meirinha ),situado no termo de Cascais, junto ao mar, deixando livres ao uso publico as pastagens de todo o terreno que não for semeado, assim como a cavidade que fica numa extrema do referido baldio, onde se recolhem as águas de Inverno para os gados beberem como até agora".
A tal « cavidade » aqui referida foi o que conheci ainda como o "Barreiro da Areia ". Este, por sua vez, há muito que deixou o estatuto de local de recolha de águas. Foi drenado e atulhado passando a propriedade privada em tempos recentes.
...o dito baldio...o avaliaram... na quantia de trezentos cinquenta mil reis, de fóro em mil seiscentos reis anualmente..."
" Por provisão régia de 3 de Outubro de 1811 foi ordenado que a Câmara da vila de Cascais desse de aforamento ao dito suplicante João António Coutinho; o Baldio de que se trata denominado a Marinha e confrontado no auto da dita vistoria nesta copiado, deixando o mesmo suplicante livres
ao uso público , como oferece, as pastagens de todo o terreno que não fôr semeado,assim como a cavidade em uma extrema do referido baldio, onde se recolhem as águas de Inverno para os gados beberem como até agora".
A dez do mesmo mês de Outubro de 1811, foi lavrado o competente auto de posse... ( 1 )
Depois de sucessivas transferências de propriedade que seria interessante desenvolver mas de que me abstenho fazê-lo por motivos de espaço pois, como é evidente, encheria todo o blogue com esta temática.
Como sou de Cascais e amo a minha terra apenas narrei mais este pedaço da nossa triste história de naturais cá do burgo.
Vejam que escapou a Crismina e foi preciso a Câmara se empenhar num pleito judicial que só terminou em 14 de Dezembro de 1922.
Se não hoje aquele espaço também estaria vedado a todos os cascaenses ( Ou, se preferir-mos, " cascalenses " ) e não só.
Hoje é um belíssimo espaço natural.
( 1 ) Fernando de Oliveira Martins
" Urbanismo e Incêndios Florestais "
Edição do autor - 1998 -
A Quinta da Marinha era um baldio do domínio público, estéril, de areais e pedregulhos nativos, que no século,XIX passou para o domínio privado.
Isto apenas me merece um comentário:
Falta de visão para com as gerações Cascalenses dos tempos vindouros que se viram privadas do usufruto de um local de beleza natural única.
Muito parecida com a Marinha é Donana na província de Cádiz ao qual a Espanha tratou de proteger criando o Parque Nacional de Donana .
Sei do que falo porque já o visitei.
E conheço a Marinha.
Por cá o que se fez?
Para " mandar cultivar aquellas partes que se puderem utilizar " um tal João António Coutinho, Coronel de Infantaria e Sub- Inspector Geral das Milícias,suplicou, ao Príncipe Regente D. João, que lhe " fizesse Mercê do baldio denominado a Marinha ( ou Meirinha ),situado no termo de Cascais, junto ao mar, deixando livres ao uso publico as pastagens de todo o terreno que não for semeado, assim como a cavidade que fica numa extrema do referido baldio, onde se recolhem as águas de Inverno para os gados beberem como até agora".
A tal « cavidade » aqui referida foi o que conheci ainda como o "Barreiro da Areia ". Este, por sua vez, há muito que deixou o estatuto de local de recolha de águas. Foi drenado e atulhado passando a propriedade privada em tempos recentes.
...o dito baldio...o avaliaram... na quantia de trezentos cinquenta mil reis, de fóro em mil seiscentos reis anualmente..."
" Por provisão régia de 3 de Outubro de 1811 foi ordenado que a Câmara da vila de Cascais desse de aforamento ao dito suplicante João António Coutinho; o Baldio de que se trata denominado a Marinha e confrontado no auto da dita vistoria nesta copiado, deixando o mesmo suplicante livres
ao uso público , como oferece, as pastagens de todo o terreno que não fôr semeado,assim como a cavidade em uma extrema do referido baldio, onde se recolhem as águas de Inverno para os gados beberem como até agora".
A dez do mesmo mês de Outubro de 1811, foi lavrado o competente auto de posse... ( 1 )
Depois de sucessivas transferências de propriedade que seria interessante desenvolver mas de que me abstenho fazê-lo por motivos de espaço pois, como é evidente, encheria todo o blogue com esta temática.
Como sou de Cascais e amo a minha terra apenas narrei mais este pedaço da nossa triste história de naturais cá do burgo.
Vejam que escapou a Crismina e foi preciso a Câmara se empenhar num pleito judicial que só terminou em 14 de Dezembro de 1922.
Se não hoje aquele espaço também estaria vedado a todos os cascaenses ( Ou, se preferir-mos, " cascalenses " ) e não só.
Hoje é um belíssimo espaço natural.
( 1 ) Fernando de Oliveira Martins
" Urbanismo e Incêndios Florestais "
Edição do autor - 1998 -
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