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16.2.21

EURO.

Quantos paus custa um euro?

Por vezes, há palavras que pensamos mortas e reaparecem de imprevisto. É o caso dos paus como forma de falar da moeda.

A nossa unidade monetária era, até 2002, o escudo — ou, em linguagem de rua, o pau. Um café custava uns 50 paus (ou algo do género), um livro ainda eram uns 1500 paus…  Depois de 2002, o escudo desapareceu e o mesmo pensei que tivesse acontecido ao pobre pau, o escudo reguila.

Foi com muita surpresa que, há uns tempos, ouvi um amigo mais novo referir-se a uma quantia em euros usando a velhinha unidade pau. Havia, dizia-me ele, um computador muito bom à venda numa certa loja por 400 paus. Estranhei não só o termo, mas também o valor: um computador por 400 escudos? Não: o pau valorizou bastante — 1 novo pau vale 200 antigos paus (e mais umas migalhas). Depois da surpresa, acabei por encontrar muitas outras pessoas que usam o convertido pau.

Estas sobrevivências não são exclusivas da transição do escudo para o euro. Quantas vezes não ouvi eu a palavra merréis — a versão despachada de mil-réis — da boca dos meus avós, como equivalente de escudo? O real (com o plural réis) ainda aparecia na boca dos portugueses no início do século XXI! E, no entanto, a moeda tinha sido substituída pelo escudo em 1911…

A conversão entre réis e escudos era fácil: um escudo eram mil réis. Assim, a palavra mil-réis manteve-se na boca dos portugueses. Os réis também sobreviveram no nome que dávamos à moeda de 2$50. Correspondia a 2$500 réis — e daí o nome moeda de dois e quinhentos. (Um milhar de réis escrevia-se 1$000; com o escudo, o cifrão passou a ser o símbolo decimal, mas não saiu do mesmo lugar, se pensarmos no valor da moeda.)

O próprio conto era ainda uma sobrevivência do real: um conto de réis era um milhão de réis. Com a mudança, um conto passou a valer 1000 escudos. Depois de 2002, o conto manteve-se nas contas mentais que fizemos durante muitos e bons anos — há aliás quem me garanta que ainda pensa em contos. De certa maneira, o real, a pairar como fantasma atrás do conto, sobreviveu mais tempo do que o escudo.

As palavras, por vezes, são mais sólidas do que pensamos. Quando começámos a usar o correio electrónico, mantivemos velhas palavras como endereço, remetente, destinatário… Hoje, há canais no YouTube, como há canais na televisão. Temos murais no Facebook. Aliás, não ficaria nada mal publicarmos por lá postais, que têm a dupla vantagem de serem bem portugueses e não se afastarem muito dos mais habituais posts ingleses — mas, enfim, ninguém consegue controlar as palavras que ficam e as que desaparecem (podemos tentar, claro está). Até uma palavra tão localizada no tempo como disquete sobrevive em frases como «clique no símbolo da disquete para gravar o ficheiro»…

Para sobreviver, uma palavra adapta-se. Muda de som, muda de significado, às vezes até muda de língua. São resistentes, as palavras. São também maleáveis: através das metáforas, conseguimos usar uma palavra simples para designar realidades mais complexas. Esta é uma característica de todas as línguas. Há metáforas que são quase universais: quando representamos um valor que aumenta, quase sempre representamo-lo como estando a subir. É tão natural que nem percebemos estar perante uma metáfora — e, no entanto, quando a temperatura aumenta, nada sobe (talvez o mercúrio nos antigos termómetros). O certo é que os falantes de português e de muitas outras línguas compreendem perfeitamente quando se diz que a temperatura está a subir — é o mecanismo mental que permite ao nosso cérebro ver o aumento da temperatura.

Também acontece algo parecido quando falamos do tempo a passar: como não o vemos, usamos termos relacionados com o espaço. Usamos as mesmas palavras: vou de Lisboa a Braga e trabalho de segunda a sexta; ele está perto de casa e telefona perto das duas; estamos longe desses tempos; entramos no novo ano, como entramos em casa… O tempo não anda para trás, todos sabemos. Na verdade, também não anda para a frente. Não anda, ponto final — e, no entanto, para o nosso cérebro, parece que sim. São truques que a mente usa para compreender o mundo, que são revelados quando olhamos com atenção para a língua.

A língua é um depósito de sedimentos em que encontramos invenções recentes e materiais antigos — sejam as metáforas que usamos para falar do que não se vê ou os nomes que damos às moedas, mesmo quando elas mudam.

Sugestão de leitura (e de tradução): A importância da metáfora para o funcionamento das línguas, muito para lá do uso literário, há muito foi reconhecida pelos linguistas. Um livro com um excelente capítulo sobre o assunto é The Unfolding of Language, de Guy Deutscher. É pena não estar traduzido em português.

(Crónica no Sapo 24. Obrigado à Ana, à Patrícia e à Vera pela sugestão!)

 

10.2.21

JANEIRO EM PORTUGAL. ( ANO 2021 )

 

Mês de janeiro | Quente no globo e muito frio em Portugal

Resumo Climatológico de janeiro de 20212021-02-10 (IPMA)

O mês de janeiro de 2021 classificou-se a nível global como sendo o sexto janeiro mais quente (igual a 2018) com uma anomalia de +0.24 °C em relação à média 1991-2020. Na América do Norte, Groenlândia e sobre o oceano Ártico, as temperaturas estiveram muito acima da média, enquanto na Sibéria foram muito abaixo da média.

A Europa registou uma temperatura média próxima do valor normal, com algumas regiões do Norte da Europa (sul da Noruega e Suécia central) a registaram valores inferiores à média, enquanto as regiões na parte sudeste da Europa a registarem valores acima da média.

Em Portugal continental, janeiro classificou-se como muito frio e seco (Figura 1):

Foi o 4º mais frio dos últimos 20 anos com uma temperatura média do ar de 8.02 °C, -0.79 °C em relação à normal 1971-2000 (valor mais baixo em 2006: 7.65 °C).

O valor médio de temperatura máxima foi o 4º mais baixo desde 2000 com um desvio de -0.78 °C em relação à normal e o valor médio de temperatura mínima também foi inferior à normal (- 0.81 °C).

As três primeiras semanas de janeiro foram extremamente frias com valores da temperatura máxima e mínima do ar inferiores ao valor da normal climatológica 1971-2000.

Este episódio de tempo frio foi caraterizado pelo seu carácter prolongado (mais de 3 semanas), a persistência de vários dias consecutivos com temperaturas negativas (> 10 dias consecutivos em 1/3 das estações) em particular no interior norte e centro, o desconforto térmico associado às baixas temperaturas (nalguns dias potenciado pela intensidade do vento) e a abrangência territorial, tendo todos estes aspetos importância nos possíveis impactos que terá tido na população.

Ao nível do território o dia 9 de janeiro 2021 foi o dia mais frio neste período, com 2.98°C de temperatura média, sendo de referir ainda os dias 5, 6 e 8, com valores médios de temperatura média inferiores a 4°C.
A partir de dia 20 verificou-se subida de temperatura (para valores acima do normal) tendo terminado a situação de frio prolongado que se verificava em Portugal continental.

O valor médio da quantidade de precipitação em janeiro, 90.8 mm, corresponde a 77 % do valor normal 1971-2000. Até dia 20 não se verificou a ocorrência de precipitação em quase todo o território. Os valores mais significativos de precipitação verificaram-se no período de 20 e 31 de janeiro.

O resumo climático de janeiro de 2021 está disponível para consulta no link abaxo. Para conhecer o boletim climatológico de janeiro, com a informação mais completa sobre o mês, aguarde até à sua publicação e colocação no link: https://bit.ly/3p0J104

 

9.2.21

MARTE. VAMOS LÁ !

 MARTE

Corrida para Marte: Amal, Tianwen-1 e Perseverance são os novos robots a chegar ao planeta vermelho



Foram mais de sete meses de viagem e centenas de milhões de quilómetros de viagem, a primeira missão a chegar a Marte é a dos Emirados Árabes Unidos, que tem data prevista para a órbita do planeta vermelho a próxima terça feira, dia 10 de fevereiro. Menos de 24 horas depois será a vez da sonda chinesa e na semana seguinte, a 18 de fevereiro, junta-se a este novo grupo de exploradores o rover da NASA.

Tudo indica que as três missões possam ser bem sucedidas pelo menos até agora, depois de uma verdadeira “corrida a Marte” que teve início em julho do ano passado, quando as agências espaciais dos três países aproveitaram uma janela de lançamento Terra-Marte que ocorre apenas a cada dois anos, motivo pelo qual as respetivas chegadas são próximas.

Atualmente, seis naves espaciais estão a operar na órbita de Marte: três dos EUA, duas da Europa e uma da Índia. Os Emirados Árabes Unidos esperam conseguir ser os sétimos com a ‘Amal’, cuja chegada a Marte coincide com o 50º aniversário da fundação do país.

Duas estreias de potenciais novos “descobridores”

sonda dos Emirados Árabes Unidos recebeu o nome de ‘Amal’ (Esperança em árabe) e foi lançada do Japão, à boleia de um foguetão Mitsubishi H-2A. Vai fixar-se numa órbita especialmente alta – entre 22.000 quilómetros e 44.000 quilómetros – para melhor monitorizar o clima marciano.

A sonda não irá aterrar no planeta vermelho, mas ficará na sua órbita durante todo um ano marciano, o que corresponde a 687 dias. O objetivo da missão é obter mais informações sobre a dinâmica do sistema de meteorologia do planeta vermelho, antecipando-se às missões tripuladas que estão planeadas para os próximos anos. Esta missão tem um orçamento de 200 milhões de dólares.

O país está a estrear-se em missões a Marte mas a China já é repetente, embora a primeira tentativa, feita em 2011 em parceria com a Rússia, tivesse falhado logo à partida.

missão chinesa tem o nome de Tianwen-1 o que pode ser traduzido por ‘Busca pela Verdade Celestial’, e vai permanecer em órbita até maio. Nessa altura o ‘rover’ vai separar-se da sonda e descer à superfície de Marte. Se tudo decorrer dentro da normalidade será o segundo país a pousar com sucesso no planeta vermelho.

Entre os objetivos da missão está a exploração do solo marciano, procurando perceber a distribuição de água gelada do planeta e a composição da sua superfície, assim como do seu clima e atmosfera. Em destaque está também a procura por sinais de vida antiga no planeta.

Quando aterrar em Marte, depois de uma viagem de cerca de sete meses, a Tianwen-1 terá uma autonomia de 90 dias marcianos, o que equivale a cerca de 169 dias terrestres.

Perseverança com nova missão

O ‘rover’ americano ‘Perseverance’ deverá chegar à órbita de Marte a 18 de fevereiro e vai mergulhar imediatamente para o solo marciano, à semelhança do que já aconteceu em 2012 com o ‘Curiosity’

Enquanto esteve a ser preparado para as exigências da missão todo o terreno que o espera a partir de 18 de fevereiro próximo, o Perseverance ganhou pernas e rodasum braço até um helicóptero. Também teve de “treinar alguns “moves”, de passar em testes de condução e, mais recentemente, de aprender a manter o equilíbrio.

Nestes e em vários outros instrumentos e tecnologias assentam as capacidades que vão permitir ao veículo da NASA cumprir o seu principal objetivo de procurar por sinais de vida no planeta vermelho, mas também de realizar experiências que irão contribuir para criar as fundações das futuras viagens espaciais com humanos, a Marte e a outros corpos celestes.

No conjunto de diversos recursos há lugar para um scanner de ambientes habitáveis, ferramentas que fazem a análise da composição química de corpos rochosos ou o mapeamento contextual da geologia e do clima do planeta vermelho, tentando perceber a evolução dos mesmos e até mesmo para uma unidade que será capaz de produzir oxigénio a partir da atmosfera de dióxido de carbono de Marte.

A NASA é a agência com mais experiência na exploração de Marte e até agora teve sucesso em oito das nove tentativas de “amarragem” no Planeta Vermelho.

A missão ‘Perseverance’ é a primeira etapa da parceria EUA-Europa para trazer amostras de Marte para a Terra na próxima década. “Dizer que estamos animados com isso, bem, isso seria um grande eufemismo”, disse Lori Glaze, diretora de ciência planetária da NASA.

O objetivo do ‘Perseverance’ é chegar ao delta de um antigo rio por parecer um local lógico para ter abrigado vida. Esta zona de pouso na cratera de Jezero é tão difícil que a NASA já a rejeitou aquando do ‘Curiosity’. Contudo os cientistas estão ansiosos por colherem as rochas desse local.

Veja o vídeo onde a NASA mostra a cratera Jezero

“Quando os cientistas observam um local como a cratera de Jezero, eles veem uma promessa, certo? Mas quando eu olho para Jezero, vejo perigo. Há perigo em toda parte”, disse Al Chen, que está encarregado da equipa de entrada, descida e pouso no Laboratório de Propulsão a Jato da NASA em Pasadena, Califórnia.

Os penhascos íngremes, poços profundos e montanhas podem prejudicar ou condenar a ação do ‘Perseverance’, após a descida pela atmosférica que está prevista durar sete minutos.

Devido aos atrasos de comunicação, o ‘rover’ estará por conta própria, e não poderá contar com o apoio dos controladores de voo.

8.2.21

A Caça


CENAS DE CAÇA (1670).
Pormenor de painel de azulejos (158 x 286cm), fabrico de Lisboa.
 Museu de Lamego.

 
A necessidade de sobreviver levou o homem primitivo a caçar, isto é, a perseguir outras espécies animais, com a finalidade de os abater e consumir na alimentação. Provavelmente o homem terá começado por caçar sem armas, às quais terá começado a recorrer em certo estágio da sua evolução. E naturalmente com a evolução do homem, vão evoluindo igualmente as armas usadas na caça. Estas classificam-se em:
- Armas de arremesso de mão: o dardo, a azagaia e o arpão.
- Armarremesso de engenho: as de  a funda, o arco, a besta e a zarabatana.
- Armas de choque: o cajado, a moca, o machado, o punhal, a faca, a espada, o sabre e a lança.
- Armas de choque e arremesso de mão: o machado, o punhal e a lança.
- Armas de fogo: mosquete de pederneira, espingarda, pistola, revólver, etc.
Na caça, o homem pode também utilizar armadilhas diversas, tais como gaiolas, laços e redes. Pode igualmente ser auxiliado pelo cavalo em quer se faz transportar ou por animais como o cão e o furão, assim como por aves de rapina como o falcão e o açor, usados na caça de altanaria.
A caça é um tema que tem sido profusamente abordado na arte. Começando na arte rupestre e marcando presença assinalável nas iluminuras dos livros de horas medievais e renascentistas, a caça é um tema que foi também bastante retratado nos painéis azulejares portugueses de composição figurativa do século XVIII, com os quais ilustramos o presente post. Nesses painéis os caçadores trajam à moda do século, destacando-se o uso do chapéu tricórnio. A caça é efectuada a pé ou a cavalo, com recurso a lança ou mosquete de pederneira e o auxílio de cães.
O contexto da caça nos séculos XVII-XVIII está registado no adagiário português referido por autores das época, em alguma da bibliografia indicada ([1], [2], [4]), com o qual termino o presente post:
- A galgo velho deita-lhe a lebre e não coelho.
- A lebre é de quem a levanta e o coelho de quem o mata.
- A pássaro dormente, tarde entra o cevo no ventre.
- À porta de caçador, nunca grande monturo.
- Andar com furão morto à caça.
- Aquela ave é má, que em seu ninho suja.
- As folósas querem dar nos grous.
- Às vezes, corre mais o Demo que a lebre.
- Bem sabe a rola em que mão pousa.
- Bom cão de caça, até à morte dá ao rabo.
- Caça, guerra e amores, por um prazer muitas dores.
- Caçar e comer, começo quer.
- Cão azeiteiro, nunca bom coelheiro.
- Com este cajado mataste já outro coelho.
- De casta lhe vem ao galgo ter o rabo longo.
- De má mata, nunca boa caça.
- Do gavião maneiro se faz o çafaro; e do çafaro o maneiro, segundo a têmpora do cetreiro.
- Em Dezembro, a uma lebre galgos cento.
- Em Janeiro, nem galgo lebreiro, nem açor perdigueiro.
- Galgo, comprá-lo e não creá-Io.
- Galgo, que muitas lebres levanta, nenhuma mata.
- Gavião temporão, Santa Marinha na mão.
- Inda que a garça voe alta, o falcão a mata.
- Ir à guerra, nem caçar, não se deve aconselhar.
- Levantas a lebre, para que outrem medre.
- Mal haja o caçador doido, que gasta a vida com um pássaro.
- Mentiras de caçadores são as maiores.
- Metes os cães à moita, arredaste-a fora.
- Não cava de coração, senão o dono do furão.
- Não crie cão quem lhe não sobeje pão.
- Não é regra certa, caçar com besta.
- Não levantes lebre, que outrem leve.
- Nem de cada malha peixe, nem de cada mata feixe.
- Nunca bom gavião de francelho, que vem à mão.
- O açor e o falcão, na mão.
- O galgo, à larga, lebre mata.
- Porfia mata caça.
- Porfia mata veado, e não besteiro cansado.
- Quando o lobo vai por seu pé, não come o que quer.
- Quem pássaro há-de tomar, não o há-de enxotar.
- Quem quiser caça, vá á praça.
- Se assim corres como bebes, vamo-nos às lebres.
- Se caçares, não te gabes; e, se não caçares, não te enfades.
- Se esta cotovia mato, três me faltam para quatro.
- Sede de caçador, e fome de pescador.
- Tenho-te no laço, pombo torcaz.

BIBLIOGRAFIA
[1] - BLUTEAU, Raphael. Vocabulario Portuguez e Latino. Vol. I a X. Officina de Pascoal da Sylva. Coimbra, 1712-1728.
[2] - DELICADO, António. Adagios portuguezes reduzidos a lugares communs / pello lecenciado Antonio Delicado, Prior da Parrochial Igreja de Nossa Senhora da charidade, termo da cidade de Euora. Officina de Domingos Lopes Rosa. Lisboa, 1651.
[3] - EDITORIAL ENCICLOPÉDIA. Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira. Editorial Enciclopédia, Limitada. Lisboa, s/d.
[4] - ROLAND, Francisco. ADAGIOS, PROVERBIOS, RIFÃOS E ANEXINS DA LINGUA PORTUGUEZA. Tirados dos melhores Autores Nacionais, e recopilados por ordem Alfabética por F.R.I.L.E.L. Typographia Rollandiana. Lisboa, 1780.

Hernâni Matos

CENA DE CAÇA (1670).
Painel de azulejos (154 x 286cm), fabrico de Lisboa.
Museu de Lamego.
CENA DE CAÇA (1670).
Pormenor da metade esquerda de painel de azulejos (154 x 286cm), fabrico de Lisboa.
Museu de Lamego. 
CENA DE CAÇA (1670).
 Pormenor da metade direita de painel de azulejos (154 x 286cm), fabrico de Lisboa.
 Museu de Lamego. 
CENA DE CAÇA (1670-75).
Painel de azulejos (166 x 517 cm), fabrico de Lisboa.
Museu Nacional do Azulejo. 
CAÇA AO LEOPARDO (3º quartel do séc. XVII).
 Painel de azulejos (150 x 189,5 cm), fabrico de Lisboa.
Museu Nacional do Azulejo, Lisboa. 
FRONTAL DE ALTAR / EMBLEMA CARMELITA E CENA DE CAÇA (c. 1670).
Painel de azulejos (95 x 156 cm), fabrico de Lisboa.
 Museu Nacional de Machado de Castro. 
CENA DE CAÇA (c. 1680).
Pormenor central de painel de azulejos (166 x 517 cm), fabrico de Lisboa.
 Museu Nacional do Azulejo, Lisboa. 
CENA DE CAÇA (1750 – 1760).
Painel de azulejos/silhar (83 x 167,5 cm), fabrico da Real Fábrica de Louça (Rato?), Lisboa.
Museu Nacional do Azulejo, Lisboa.
CENA DE CAÇA (séc. XVIII).
Painel de azulejos da Igreja de São José dos Carpinteiros, Lisboa.
CENA DE CAÇA (séc. XVIII).
Painel de azulejos da Igreja de São José dos Carpinteiros, Lisboa.
CENA DE CAÇA (séc. XVIII).
Painel de azulejos da Igreja de São José dos Carpinteiros, Lisboa.
CENA DE CAÇA (séc. XVIII).
Painel de azulejos. Igreja de Vilar de Frades, Barcelos. 
CENA DE CAÇA (séc. XVIII).
Painel de azulejos, Palácio Biscainhos, Braga. 
CENA DE CAÇA (séc. XVIII).
Painel de azulejos, Sé, Porto.
CENA DE CAÇA (Séc. XVIII).
Painel de azulejos nos claustros do Mosteiro de S. Vicente de Fora, Lisboa.
CENA DE CAÇA (séc. XVIII). Painel de azulejos.
Convento de Nossa Senhora da Conceição dos Congregados de S. Filipe Nery,
actual edifício dos Paços do Concelho de Estremoz.
 CENA DE CAÇA (séc. XVIII).
 Painel de azulejos da Igreja da Ordem Terceira Secular de São Francisco da Bahia.
CENA DE CAÇA (séc. XVIII).
 Painel de azulejos do Palácio do Marquês de Marialva, Lisboa.
 Museu do Açude, Rio de Janeiro. 
 CENA DE CAÇA (séc. XVIII).
 Painel de azulejos da Capela Dourada, Recife.
 CENA DE CAÇA (1881).
 Azulejo (12 x 33 cm) da autoria de D. Fernando de Sax Coburgo.
 Palácio Nacional de Mafra.
 CENA DE CAÇA (1881).
Azulejo (12 x 33 cm) da autoria de D. Fernando de Sax Coburgo.
Palácio Nacional de Mafra.

 CENA DE CAÇA (1881).
Azulejo (12 x 33 cm) da autoria de D. Fernando de Sax Coburgo.
Palácio Nacional de Mafra.

CENA DE CAÇA (1881).
Azulejo (12 x 33 cm) da autoria de D. Fernando de Sax Coburgo.
Palácio Nacional de Mafra.

 Fonte de toda esta informação: http://dotempodaoutrasenhora.blogspot.com

7.2.21

 

Perdigueiro português

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
 
Perdigueiro Português
Perdigueiro Português
Nome original Perdigueiro Português
País de origem Portugal Portugal
Características
Peso do macho 20-27 kg
Peso da fêmea 16-22 kg
Altura do macho 52-60 cm na cernelha
Altura da fêmea 48-56 cm na cernelha
Classificação e padrões
Federação Cinológica Internacional
Grupo 7 - Cães de Parar ou Cães Apontadores
Seção 1 - Cães apontadores continentais
Estalão #187 de 4 de novembro de 2008

Perdigueiro português[1][2] é uma raça de cães de caça nativa de Portugal. É uma das várias raças de cães classificadas como “perdigueiro” por ser usada principalmente na caça da perdiz. É um cão de parar por excelência e utilizado na caça de altanaria.

Origem

Detalhe cabeça de um Perdigueiro Português.

O Perdigueiro Português surgiu a partir do Perdigueiro Peninsular,[3] antiga raça de cães ibérica, estando a sua presença documentada desde século X, a sua primeira aparição na arte é numa lápide sepulcral visigótico-moçárabe da Igreja de S. João Baptista de Tomar[4]. A sua evolução resultou de vários factores como, adaptação ao clima, tipo de caça, terreno e selecção introduzida através da especificidade cultural portuguesa. No século XIV, era criado nos canis reais e era utilizado na caça de altaria, sendo conhecido como podengo de mostra, evidenciando já a possibilidade de parar perante a caça. No século XVI (reinado de D.Sebastião) é comum (ainda que proibido) o seu uso pelas classes populares. A constante sangria em braços de trabalho provocada pelas descobertas, o abandono dos campos, a fome e a mudança de hábitos, levaram a população a recorrer mais à caça como alimento e consequentemente à utilização do cão de mostra, que lhe estava "vedado" por causar, mercê das suas excelentes qualidades, graves danos nos interesses venatórios da casa real e da nobreza[4]. No século XVIII, muitas famílias inglesas estabeleceram presença na região do Porto no negócio da produção de vinho e tomaram contacto com a raça sendo levado para Inglaterra onde desempenhou um papel importante na origem do pointer inglês. Nos fins do Séc.XIX sofreu algum declínio, mercê de convulsões sociais graves e de novos gostos e contactos com o exterior, que davam projecção a raças estrangeiras então em moda. Mas continua a estar representado em objectos de arte (Jarra pintada à mão por D.Fernando II de Saxe-Coburgo, Pena-Sintra), pintura do Rei D.Luis e dos principes trajando de caça no Palácio da Ajuda, Lisboa), pintura de uma jornada de caça de um inglês no Douro (Quinta de Gatão, Douro) ou em cerâmica artística da Real Fábrica do Rato (Palácio Pimenta, Lisboa)[4]. Foi somente em 1920 que alguns criadores fizeram um esforço para salvar a raça, localizando alguns dos cães no inacessível norte de Portugal. O livro português de pedigree foi então estabelecido em 1932 e o padrão da raça em 1938.[3] Durante pelo menos mil anos, este cão teve sempre a mesma cabeça quadrada, orelhas triangulares e aspecto compacto.

Livros e DVD's

Também a sua divulgação, por vezes bastante mais limitada do que deveria, tem sido alvo do interesse de alguns não só em Portugal como no estrangeiro, sob a forma de livros, revistas, filmes, vídeos e DVDs, com carácter mais ou menos regular. São algumas dessas imagens que temos tido a ocasião de colectar ou registar ao longo dos anos, que deixamos à consideração e conhecimento do leitor.[5]

Livros

  • Estudo sobre o Perdigueiro Português - Leopoldo Machado Carmona - I CNT - Lisboa, 1937
  • O Perdigueiro Português - Domingos Barroso - Ed. Gazeta das Aldeias - Porto, 1945, 1962, 1990
  • O Perdigueiro Português - Manuel Correia - Ed. Tempos Livres - Lisboa, 1981
  • Ensino do Perdigueiro - Moisés Nascimento Costa - Porto Editora - Porto, 1984
  • Perdigueiro Português - Jorge Rodrigues - Ed. Inapa - Lisboa, 1993
  • Ainda o Perdigueiro Português - Domingos Barroso - Ed. SPS - Aveiro, 1994

DVD/VHS

  • O Perdigueiro Português, Ed. Calibre 12, Lisboa, 2000

Aparência e comportamento

Perdigueiro Português com 11 anos

O Perdigueiro Português é um cão extremamente meigo e afectivo, dotado de grande capacidade de entrega e muito resistente. É calmo, bastante sociável e um pouco petulante em relação aos outros cães. Trabalha com vivacidade e persistência e é curioso por natureza. Mantém sempre o contacto com o seu caçador.[3]

Movimenta-se com passada fácil e é garboso. É polivalente nas suas função e muito adaptável aos variados terrenos, climas e tipos de caça.[2]

Apresenta-se em proporções médias, rectilíneo, tipo bracóide, robusto mas de conformação harmónica aliada a manifesta elasticidade de movimentos.[2]

A cabeça é proporcionada em relação ao corpo, bem conformada e harmónica; aparenta ser grande no conjunto. Um pouco grossa, no entanto não é ossuda nem empastada e possui pele flácida e fina.[2]

A pelagem é curta e grossa na maioria dos cães, sendo de textura aveludada nas orelhas e na face.[2]

De cor amarela nas variedades clara, comum e escura, unicolor ou malhada de branco na cabeça, pescoço, peito e calçado.[2]

Nos machos, a altura na cernelha é de 52 a 60 centímetros, o peso é de 20 a 27 quilos. Nas fêmeas, a altura é de 48 a 56 centímetros e o peso é de 16 a 22 quilos.[2][3]

4.2.21

GALINHOLA

 

GALINHOLA

A galinhola é uma ave que voa muito bem, atravessando com a maior facilidade por entre ramadas de árvores ou bastios sem tocar em parte alguma. Acelera ou retarda o voo, voltando para a direita ou esquerda, subindo ou descendo com a maior das facilidades; mas nunca o fará durante o dia por sua livre vontade. *

* Pequeno extrato do livro de D.Jorge Frederico DÁvillez ( Visconde de Reguengo ) " Caça de Arribação " edição do autor em 1961

Quadro a  acrílico de minha autoria

1.2.21

Sismo de 31 de Janeiro de 2021

Sismo de 31 de janeiro a sul de Oeiras

Sismo 31 de janeiro a sul de Oeiras2021-02-01 (IPMA)

Geologia da Região: Sismo de 31 de janeiro de 2021, sul de Oeiras, magnitude 2.7.

Um sismo de magnitude 2.7 foi sentido, com maior intensidade na região dos concelhos de Oeiras e Cascais, e também Almada; o epicentro localizou-se a cerca de 10 km a sul de Oeiras, na zona do delta do Tejo.

A região a sul de Lisboa está afetada por fraturas profundas com duas orientações preferenciais: NNW-SSE, verticais e ~E-W inclinando para norte ou para sul com inclinações próximas de 40°. Estas falhas profundas têm origem muito antiga e desempenharam um papel importante na compartimentalização da margem continental Oeste Portuguesa durante a abertura do oceano Atlântico, no Jurássico (~200 milhões de anos). Há cerca de 15 milhões de anos foram reactivadas durante a formação das montanhas alpinas, que em Portugal se representam pela serras da Estrela, Arrábida, Montejunto e outras. Estas falhas tiveram ainda um papel muito importante no Cretácico Superior durante a instalação à superfície dos vulcões do Complexo Vulcânico de Lisboa e do granito da serra de Sintra (~80 milhões de anos), tendo servido como condutas para ascensão do magma.

Para compreender a estrutura profunda e o controlo tectónico dos episódios vulcânicos passados, e assim perceber a tectónica actual, realizaram-se estudos de perfis sísmicos de reflexão e levantamentos magnéticos.
Recentemente foi descoberto no delta submarino do rio Tejo, na região do sismo de 31/01/2021, um deslizamento de terras submarino com cerca de 10 km de comprimento, 4 de largura e 20 metros de espessura, apenas a cerca de 40 metros abaixo da superfície do mar e que terá ocorrido há cerca de 11 000 anos. Este grande deslizamento poderá estar relacionado com a actividade sísmica da região.

Lateralmente justaposto a este deslizamento encontra-se um depósito de gás nos sedimentos recentes. A origem deste gás é ainda desconhecida e encontra-se em fase de estudo pelo projecto TAGUSGAS (PTDC/CTA-GEO/031885/2017), uma parceria entre a Universidade de Évora, o IPMA e a EMEPC, financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia. Compreender a origem do gás, a sua relação com os deslizamentos e a sismicidade é importante para mitigar o risco de tsunami na região de Lisboa.

Portugal continental, em particular a região de Lisboa, é frequentemente afectado por sismicidade, geralmente de baixa magnitude, devido à sua localização próxima da fronteira entre as placas tectónicas Africana e Euroasiática, que se estende dos Açores a Gibraltar e através do Mediterrâneo.

Apesar de a maior parte da actividade se localizar no mar, existe alguma transferência de tensões para a região intraplaca, que tendencialmente se localiza em falhas ou em zonas de contraste litológico, por exemplo associado a intrusões magmáticas existentes na crosta.

 Fonte: I.P.M.A.