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28.2.20

AO SABOR DO DESTINO.

POR MARES DESCONHECIDOS  ( Foto de J.P.L. )
Esta minha aguarela foi imaginada  tendo em conta os tempos em que os marinheiros de antanho efectivavam as grandes viagens por mares desconhecidos.

Aguarela
Autor. J.P.L.

23.2.20

SVALBARD GLOBAL SEED VAULT - BANCO DE SEMENTES GLOBAL





Svalbard Global Seed Vault

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
 
 
Svalbard Global Seed Vault
Svalbard seed vault IMG 8893.JPG
Entrada no silo em
27 de setembro de 2012.
 
Tipo
Banco de sementes, instalação (d), abrigo (en), estrutura subterrânea (en)Visualizar e editar dados no Wikidata
Concepção
 
 
Data



O Silo Global de Sementes de Svalbard (em norueguês: Svalbard globale frøhvelv), é um gigantesco silo para sementes construído em 2008[1] próximo da localidade de Longyearbyen, no arquipélago Ártico de Svalbard, a cerca de 1300 km ao sul do polo norte.


O governo norueguês financiou inteiramente a construção do cofre de aproximadamente 45 milhões de kr (US$ 8,8 milhões em 2008).[2]

 O armazenamento de sementes no cofre é gratuito para os usuários finais; A Noruega e a Crop Trust pagam os custos operacionais.

 O financiamento primário para a Trust vem de organizações como a Fundação Bill & Melinda Gates e de vários governos em todo o mundo.[3]

 

 

História

O Nordic Gene Bank (NGB) armazena, desde 1984, o germoplasma de plantas nórdicas através de sementes congeladas numa mina de carvão abandonada em Svalbard. Em janeiro de 2008, o Nordic Gene Bank fundiu-se com outros dois grupos nórdicos de conservação para formar a NordGen.[4]

  O silo foi oficialmente inaugurado em 26 de fevereiro de 2008,[5] embora as primeiras sementes tenham chegado um mês antes.[6]

 Cinco por cento das sementes no cofre, cerca de 18.000 amostras com 500 sementes cada, vieram do Centre for Genetic Resources of the Netherlands (CGN), parte da Universidade de Wageningen, Holanda.[7]
 
Como parte do primeiro aniversário do silo, mais de 90.000 amostras de sementes de culturas alimentares foram armazenadas, elevando o número total de amostras de sementes para 400.000.[8]
 
Entre as novas sementes estão incluídas 32 variedades de batatas dos bancos de genes nacionais da Irlanda e 20.000 novas amostras do Serviço de Pesquisa Agrícola dos EUA.[9]

Outras amostras de sementes vieram do Canadá e da Suíça, bem como pesquisadores internacionais de sementes da Colômbia, México e Síria.[10]

  Esta remessa de 4 toneladas (3,9 toneladas de comprimento; 4,4 toneladas de tonelada curta) elevou o número total de sementes armazenadas no cofre para mais de 20 milhões.[11]

 A partir deste momento, o cofre continha amostras de aproximadamente um terço das variedades de alimentos mais importantes do mundo. Também como parte do aniversário, especialistas em produção de alimentos e mudanças climáticas se reuniram para uma conferência de três dias em Longyearbyen.[12]
 
O escultor japonês Mitsuaki Tanabe (田辺光彰) apresentou um trabalho para o cofre chamado "The Seed 2009 / Momi In-Situ Conservation".[13] Em 2010, uma delegação de sete congressistas dos EUA entregou uma série de diferentes variedades de pimenta.[14]

 
Em 2013, aproximadamente um terço da diversidade de gêneros armazenada em bancos de genes em todo o mundo estavam no silo.[15]
 
Em outubro de 2016, o cofre experimentou um grau anormalmente grande de intrusão de água devido a temperaturas acima da média e chuvas fortes.

Embora seja comum que um pouco de água penetre no túnel de entrada de 100 metros / 328 pés durante os meses mais quentes de primavera, neste caso a água invadiu 15 metros / 49 pés do túnel antes de congelar.[16]

 A abóbada foi projetada para a intrusão de água e, como tal, as sementes não estavam em risco. Como resultado, no entanto, a agência norueguesa de obras públicas Statsbygg planeja fazer melhorias para prevenir qualquer intrusão no futuro, incluindo impermeabilizar as paredes do túnel, remover fontes de calor e escavar valas de drenagem externas.[17]

 
Para o 10º aniversário do silo, em 26 de fevereiro de 2018, uma remessa de 70.000 amostras foi entregue às instalações, elevando o número de amostras recebidas para mais de um milhão (sem contar as retiradas).[18]

  Neste momento, o número total de amostras mantidas no cofre era de 967.216, representando mais de 13.000 anos de história agrícola.[19]

 

Construção

O silo foi projetado pelo arquiteto Peter W. Søderman [20] e construído no Monte Spitsein, em Esvalbarde, e é uma estrutura inteiramente subterrânea.

O arquipélago de Esvalbardesitua-se a 1000 km ao norte da Noruega continental, e foi escolhido por ser um lugar a salvo das possíveis alterações climáticas causadas pelo aquecimento global e/ou quaisquer outras causas.

Em 19 de junho de 2006 os primeiros-ministros da Noruega, Suécia, Finlândia, Dinamarca e Islândia participaram em uma cerimônia de inicio das construções, "colocando a primeira pedra". As obras foram concluídas e o silo foi inaugurando em 26 de fevereiro de 2008.[1]
 
O silo tem capacidade para abrigar três milhões de sementes. O restante será preservado através de coleções de plantas vivas ou em laboratório. O "cofre" é aberto apenas quatro vezes por ano.[21]

  As câmaras estarão a −18 °C, e se por alguma razão o sistema elétrico de refrigeração falhar, o montante de gelo e neve que naturalmente recobre o silo–o permafrost–manterá as sementes entre −4 °C e −6 °C.


 

Obra de arte

 

 
Instalação de arte iluminada sobre a entrada do cofre


Ao longo da cobertura do silo e de sua fachada exposta existe uma instalação luminosa chamada Perpetual Repercussion, realizada pela artista norueguesa Dyveke Sanne, que marca a localização do cofre à distância.[22]

 Na Noruega, projetos financiados pelo governo que excedem certo orçamento devem conter uma obra de arte.

 A KORO (Kunst i offentlige rom)[23] [24] agência governamental norueguesa responsável por administrar arte em lugares públicos, entrou em contato com a artista para instalar uma obra luminosa que ressaltasse a importância e a beleza da aurora boreal.

 A cobertura e a entrada do cofre são cobertas por placas de aço inoxidável de alta reflexibilidade. No verão, a instalação reflete as luzes polares enquanto que, no inverno, uma rede de cerca de 200 cabos de fibra óptica dá à instalação uma cor esverdeada.[25]
 

Primeira retirada

 

Em setembro de 2015, houve a primeira retirada de sementes para repor um banco genético de Aleppo, na Síria, e que foi parcialmente danificado por conta da guerra civil no país.[26]

 

Prémios e honras

 

O Silo Global de Sementes foi classificado como número 6 nas Melhores Invenções de 2008 da Revista Time.[27] Ele recebeu o Norwegian Lighting Prize em 2009.[28]

 

Capacidade

 

Ano Espécies Total de amostras Ref.
2008 (Fev) 268 000 [29]
2010 500 000
2013 (Fev) 774 601 [30]
2014 (Fev) 820 619 [31]
2015 (Mai) 4 000 840 000 [32][33]
2016 (Out) 880 000 [34]
2017 (Fev) 930 821 [35]
2018 (Nov) 983 524 [36]

 

Referências

 


  1. «Svalbard Global Seed Vault - Crop Trust». web.archive.org. 2 de janeiro de 2019. Consultado em 16 de julho de 2019

 

 

Ligações externas


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  • Conheça o cofre que garantirá alimentos para o mundo em caso de catástrofe global Jornal Gazeta do Povo - set/2015
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  •  
  •  










  • Jornal Expresso




    Portugal vai voltar a enviar sementes para o Banco Mundial de Sementes, em Svalbard, no Círculo Polar Ártico, parte da Noruega. É uma forma de garantir que, em caso de catástrofe, há sementes preservadas para garantir a sustentabilidade e a biodiversidade. 

      Alguns dos tipos de milho guardados no Banco de Germoplasma Vegetal, em Braga

      Fecham-se as caixas azuis, verificam-se os rótulos, colam-se os autocolantes com a bandeira portuguesa. Proveniência: Banco de Germoplasma Vegetal, Portugal.

     Destino: Banco Mundial de Sementes, Svalbard, Noruega. Lá longe, na última cidade habitada do norte do mundo, estão conservadas entre rocha gelada, dentro de um bunker de betão, quase um milhão de sementes que asseguram parte da biodiversidade vegetal de quase todos os países do mundo. Portugal já depositou sementes em Svalbard duas vezes - no dia 25 de fevereiro vai depositar mais uma encomenda de 972 amostras.

    Já lá estão centenas de sementes de feijão, fava e milho. Segue agora mais milho (780 amostras), mais feijão (60 amostras) e uma coleção preciosa de trigo (92 amostras), cuja primeira semente foi recolhida em 1930.

     “É muito interessante ver o interesse dos agricultores, muitos deles novos, nestas sementes ancestrais. Há muitos chefes que nos visitam, jovens interessados em começar a sua própria produção biológica, padarias que querem incluir estas sementes no fabrico”, diz a diretora do centro, Ana Maria Barata, e engenheira responsável pela alquimia genética que aqui se passa todos os dias.

     Há um dizer antigo, herdado de quem cultiva a terra e recuperado pela engenheira: “Quem tem sementes, tem o poder. A nossa alimentação depende do que temos aqui guardado”.

    © Expresso Estamos a poucos quilómetros do centro de Braga, num dos maiores bancos de sementes do mundo. Apenas 10% dos cerca de 1750 bancos mundiais de armazenamento de sements têm mais de 10 mil amostras, aqui há perto de 48 mil, provenientes de cerca de 120 espécies diferentes. Só de milho existem mais de 2.000 amostras, outras 1.700 são de feijão.

    Em caixinhas pequenas, na sala de limpeza e separação de sementes, vemos feijão preto, feijão branco com pintas castanhas - “papo de rola”-, feijão-frade, feijão pequenino e com vários tons de castanho - “feijão carica” -, feijão castanho com a casca brilhante - “feijão farrobo”.

     Logo ao lado está o milho, a semente mais importante deste centro - e a mais importante do país já que, em caso de emergência climática, guerra ou catástrofe natural, Portugal é responsável pelo fornecimento de sementes de milho para a replantação das culturas de todos os países da bacia mediterrânea.

    “O nosso milho tem características que se adaptam perfeitamente a vários climas. Não foi melhorado geneticamente para tal, é mais robusto já de origem”, explica a engenheira.

     O milho de Tavira é gordo e de um amarelo forte, o milho negro é mais pequeno e tem a ponta vermelha. Há milho totalmente branco, parece pintado - “milho branco pérola”, e milho “normal” aqui com a etiqueta de “milho de pipoca”. Aqui trabalha-se com coisas vivas - o trabalho germina e cresce e isso vê-se: ao microscópio, em tubos de ensaio ou na terra.


    Amélia Coutinho é uma das primeiras pessoas a ver as sementes, depois de recolhidas junto dos agricultores que se disponibilizam para receber os representantes do banco e doar alguma da diversidade das suas terras. Está a separar sementes de cenoura silvestre: com um cartão coloca de um lado as viáveis e mais longe a matéria não-viva e as que estão estragadas.

     “Está a ver estes pauzinhos? Esses não são precisos, o que é preciso é o que lá vem agarrado. Há 45 anos que faço este trabalho, é preciso conhecer bem cada semente e é preciso uma enorme minúcia”. O banco abriu em 1976, e no início o foco era apenas a conservação das várias espécies de milho, agora há quase tudo: alho, pereiras, macieiras couves, linho, cevada, ervilha.

    Depois da limpeza segue-se a secagem, a embalagem e a conservação num enorme frigorífico com constante temperatura negativa. Em paralelo, as engenheiras do banco vão também fazendo controlos periódicos de viabilidade das sementes, através de um processo de germinação para ver se as sementes estão em bom estado ou é preciso regressar à terra para recolher exemplares mais fecundos.


    O crescimento populacional mundial, que se prevê que vá atingir 9 mil milhões em 2050, exige mais alimentos, maior produção, maiores rendimentos. Em simultâneo, a urbanização está a roubar espaço ao cultivo, ao mesmo tempo que gigantes monoculturas, muitas vezes de sementes geneticamente modificadas, vão tirando hectares às pequenas plantações onde estas sementes mais antigas, mas economicamente menos apelativas, podiam sobreviver.

    Se a isto juntarmos o desafio ambiental das alterações climáticas, é fácil ver porque é que a biodiversidade está ameaçada. Maria do Céu Albuquerque, ministra da Agricultura, veio fechar as caixas que seguem para a Noruega - e traçou as prioridades para a legislatura nesta matéria: “Estamos a criar condições para a biodiversidade mundial e para garantir que as nossas próprias espécies originais não se perdem”.

    A sustentabilidade e as alterações climáticas, dois assuntos que vão ocupar as páginas do Expresso nos próximos 100 dias, são, garante a ministra, uma preocupação: “As alterações climáticas vão causar cada vez mais desastres naturais que podem levar à perda desta biodiversidade. No caso de haver um problema, este germoplasma vegetal pode ser disponibilizado para podermos continuar a ter uma alimentação segura”.


    Segundo a lista de espécies vegetais “Plant List”, as plantas correspondem a 80% da dieta humana. Há 350 mil espécies vegetais reconhecidas, 30 mil das quais são comestíveis, sendo 7.000 cultivadas ou colhidas na natureza como alimento.

     Mas 95% das calorias que consumimos provêm de apenas de apenas 30 dessas espécies - e 60% dessas estão concentradas no milho, trigo, arroz, o trigo e batata.

     Se não preservamos várias espécies de cada um destes alimentos, capazes de resistir a “maus tratos” climáticos, episódios como uma praga de insectos, um ano de seca extrema ou a subida do nível das águas do mar a alimentação de milhões de pessoas pode estar em risco - principalmente se se alimentarem de um número muito reduzido de tipos de vegetais ou tubérculos.

     A grande fome de 1845, na Irlanda, por escassez de batata, é um exemplo dos perigos da monocultura.



    22.2.20

    POMBOS TORCAZES, TORDOS, GALINHOLAS ENTRE OUTRAS AVES



    A 13ª Conferência das Partes (COP13) da Convenção para as Espécies Migradoras de Animais Selvagens, em Gandhinagar (Índia) vai debater a integração de 10 novas espécies, incluindo o sisão-europeu.

    Na COP13, que terminará a 22 de Fevereiro, serão tomadas decisões sobre como melhor proteger as espécies migradoras num mundo em rápida mudança.

    Entre elas está a integração de 10 novas espécies a ser protegidas pela Convenção para as Espécies Migradoras (CMS, sigla em inglês), incluindo o elefante asiático, o jaguar, o sisão europeu, a abetarda indiana e o tubarão de ponta branca oceânico.

    A proposta do sisão-europeu foi apresentada pela União Europeia, por iniciativa do Governo espanhol. “O sisão-europeu é uma espécie ligada a meios agrícolas que sofreu uma regressão significativa devido à intensificação da agricultura e à supressão de algumas práticas tradicionais”, segundo o Ministério espanhol para a Transição Ecológica e Desafio Demográfico, citado pela agência de notícias Europa Press.

    Além disso serão propostos planos de conservação para 14 espécies, a implementar entre 2021 e 2023, e será defendida a necessidade de iniciativas para combater o abate ilegal de aves migradoras.

    Só na região do Mediterrâneo estima-se que por ano sejam mortas 25 milhões de aves.

    Esta é a segunda maior ameaça à conservação das aves migradoras depois da perda de habitat, segundo a ONU.

    O planeta arrisca-se a perder um milhão de espécies, incluindo espécies migradoras, se nada for feito, alertou em Maio do ano passado um relatório do Painel Intergovernamental sobre a Biodiversidade e Serviços dos Ecossistemas (IPBES). Segundo a ONU, as espécies migradoras têm inúmeros benefícios para os humanos, incluindo a dispersão de sementes, a polinização, o controlo de pragas e até o turismo.

    “Numa altura em que enfrentamos uma crise sem precedentes de perda de espécies, 2020 é um ano importante para fazermos mais na conservação das espécies e dos ecossistemas e para avançarmos na direcção do desenvolvimento sustentável”, disse Joyce Msuya, directora-executiva do Programa das Nações Unidas para o Ambiente (PNUA). “Precisamos aproveitar cada oportunidade e esta COP é um marco crítico para permitir à biodiversidade florescer neste planeta”, acrescentou.

    Um novo relatório que será apresentado durante a COP13 indica que, apesar de alguns casos de sucesso, as populações da maioria das espécies migradoras incluídas na Convenção está em declínio.
    “A COP13 acontece num momento crítico para a conservação da vida selvagem, com tendências continuadas para a perda de habitats e declínio de espécies”, comentou, em comunicado, Amy Fraenkel, secretária-executiva da Convenção para as Espécies Migradoras.

     “A conferência vai acionar medidas necessárias para proteger melhor as espécies migradoras que dependem de cooperação multilateral para sobreviver.”

    Esta conferência inaugura o “super ano” para a natureza, que irá incluir uma cimeira da ONU em Setembro e culminará com a Conferência da ONU para a Diversidade Biológica em Outubro na China, onde será adoptada a nova estratégia mundial para a próxima década, pós-2020.

    A grande prioridade da Convenção para as Espécies Migradoras para essa estratégia é o conceito de “conectividade ecológica” e o apelo para a protecção e restauro de áreas geográficas importantes que, juntas, suportam as espécies migradoras durante as diferentes fases dos seus ciclos de vida, como a reprodução e a alimentação.

    1.  

       

      Migração de animais

      Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
       
      Gansos-da-neve em migração para norte no Squaw Creek National Wildlife Refuge, Missouri, Estados Unidos.


      A migração de animais é uma migração referente a um movimento direcional em massa pelo qual os animais se dirigem de um local a outro.

       O termo descreve desde o movimento de um enxame de gafanhotos até pequenos movimentos de organismos intertidais  indo e vindo duas vezes por dia, seguindo o movimento das marés, em níveis preferenciais de exposição ou imersão nas ondas[1]. As migrações ocorrem quase sempre de regiões com baixa quantidade de recursos para áreas mais produtivas, incluindo para os jovens[2].

      No contexto de migrações globais, podemos dividir o deslocamento dos animais em dois grupos: navegação vetorial e navegação verdadeira.

       A navegação vetorial é caracterizada pela capacidade do animal em manter uma orientação pré-determinada para alcançar um objetivo migratório, durante um certo tempo e uma certa distância. Já a navegação verdadeira é caracterizada pela capacidade do animal de alcançar uma determinada localização, ainda que esteja fora dos padrões normais de deslocamento do animal.[3]
      As migrações podem ser temporárias, quando a população regressa ao seu biótopo de origem, ou permanentes, quando a população se instala indefinidamente no novo biótipo.

       Migrações temporárias são conhecidas em muitas espécies de animais e podem ter periodicidades muito diferentes, desde as migrações diárias, normalmente verticais do plâncton na coluna de água (ver biologia marinha), anuais como as das andorinhas e de outras aves e de muitos animais terrestres, ou plurianuais como as das enguias e de outros peixes.

       Outros exemplos de migração temporárias: Durante o dia os fitoplâctons, em lagos, encontra-se em zonas mais próximas da superfície da água em função da luz necessária para a fotossíntese; os caranguejos migram segundo os movimentos das marés, pois se alimentam de matéria orgânica que é transportada pelas ondas[4].


      Em alguns casos, movem-se por falta de comida, geralmente causada pelo inverno. Pássaros sempre migram de lugares frios para quentes. A mais longa rota de migração conhecida é a da Gaivina do Ártico Sterna paradisaea, também conhecida como andorinha-do-mar ártico[5] que migra do Ártico para o Antártico e retorna todo ano, experimentando somente os verões polares[5].


      Baleias, borboletas, vespas e roedores também fazem migrações. A migração periódica dos gafanhotos é um grande fenômeno, retratado desde os tempos bíblicos.

       

      Migração de peixes


      A migração de peixes pode acontecer devido à diferentes condições e recursos. O principal motivo desse deslocamento é para acasalamento e reprodução, a chamada migração gamética. No entanto, os peixes podem migrar devido ao clima, alimento, “autopreservação”, osmorregulação, entre outros.

      Podemos dividir os peixes migratórios em 3 classes distintas: peixes oceanódromos, diádromos (anádromos, catádromos, anfídromos) e potamódromos.

      • oceanódromos: migram apenas em água salgada
      • diádromos: migram entre água doce e água salgada
        • anádromos: vivem a maior parte da vida na água salgada, mas se reproduzem na água doce
        • catádromos: vivem a maior parte da vida na água doce, mas se reproduzem na água salgada
        • anfídromos: migram entre água salgada e doce, porém não para se reproduzirem
      • potamódromos: migram apenas em água doce[6]
      •  
      •  
      Peixes são capazes de receber estímulos em 3 dimensões, uma vez que estão dentro da água. Assim, além da migração horizontal, mais conhecida, há a migração vertical dos peixes, mais especificamente, das larvas de peixes. A migração vertical ontogenética, normalmente, representa um mecanismo de retenção e maior estabelecimento de larvas em seu ambiente natal.

      No entanto, migrações verticais mais curtas podem estar relacionadas com o ciclo de migração vertical diário de plânctons; gradientes de salinidade e cloro; e ciclo de marés.

      Em ambientes marinhos, ou seja, para peixes oceanódromos ou diádromos na fase marinha, quando estão longe de um recife, os peixes são principalmente orientados pelo campo magnético, luz polarizada ou pelo sol.

      Aproximando-se um pouco, os peixes são capazes de se orientar por uma pressão acústica. Bem próximo ao recife, é possível que os peixes se orientem  também por sinais químicos de odor e por sinais acústicos.[7]
       
      Os rios são ambientes de água doce amplamente utilizados para a migração de peixes, por possuírem uma correnteza unidirecional.

       Diferentemente dos oceanos, os rios possuem uma pequena amplitude para migração horizontal e vertical, além de poderem mudar bastante durante o ano.

       Fisiologicamente, foram associados à migração os hormônios da tireóide e os corticosteróides, controlados por um sistema sensorial que recebe informações do ambiente externo.

       Os principais estímulos que influenciam na migração e nos mecanismos de navegação dos peixes em rios são: o fluxo de água, sua temperatura, luz (fotoperiodismo), correntes de vento, interações bióticas, campo magnético e diferentes odores.[8]
       
      Um mecanismo de navegação que aparece em ambos os casos de migração é através do campo magnético.

       Os peixes da subclasse Elasmobranchii possuem um eletrorreceptor muito sensível chamados de ampolas de Lorenzini.

       A movimentação dos elasmobrânquios no campo geomagnético gera correntes elétricas no sistema eletrossensível.

       Esse impulso acaba gerando diferentes campos elétricos dependendo da posição do peixe no campo magnético da terra, podendo ser utilizado pelo animal como mecanismo de navegação. Em peixes da infraclasse Teleostei, há uma hipótese de que o campo magnético da Terra pode ser percebido por meio de cristais de magnetita presentes no esqueleto desses animais.[9]
       

       

      Salmão

      O salmão é o peixe mais estudado quanto à migração e mecanismos de navegação, devido principalmente ao seu hábito anádromo e sua importância econômica. Salmões nascem em rios de água doce e, quando jovens, migram para o mar.

      No entanto, para a época reprodutiva, os salmões voltam para os rios, processo que é chamado de “homing”, ou seja, volta para casa.[3]

       
      O processo de “homing” começa no próprio oceano, com a deslocação dos peixes do mar aberto para uma parte mais próxima dos rios em que irão entrar. Neste momento, os salmões nadam com uma velocidade alta e apresentam uma trajetória muito bem direcionada.

       O mecanismo de navegação utilizado nesse momento é o campo magnético da Terra. Uma vez na foz do rio, há uma mudança brusca de ambiente, com variações de salinidade e temperatura. Uma vez já dentro do rio, os peixes tendem a se direcionar rio acima, procurando pela rota com menor gasto energético.

      O principal mecanismo de navegação nos rios é através do olfato. Estudos recentes propõem que o aprendizado dos salmões é um dos mecanismos utilizados para saber a localização do rio natal.[10]

       

      Migração de mamíferos

      A migração pode apresentar três causas: alimentação, reprodução e climatização. Os três fatores estão intimamente ligados, isto porque o clima influencia na produção de alimento e a as estações do ano determinam a época reprodutiva mais adequada para o acasalamento dos animais[11][12].


      Nos mamíferos, a migração ocorre a partir de 3 vias de locomoção: natação (exemplo: baleias), voo (exemplo: morcegos) e corrida/marcha (exemplo: caribus, gnus)[13] .

       

      Baleias


      As baleias são conhecidas pela sua migração sazonal para a reprodução. Elas permanecem durante o verão nas águas frias do Hemisfério Norte e Sul se alimentando de ‘’krill’’ (pequenos crustáceos semelhantes aos camarões) para armazenar energia na forma de óleo e de gordura.

      É nesta época que as baleias grávidas nutrem seus filhotes ainda não nascidos[14].

      Próximo ao fim do verão, as baleias então migram para às águas quentes próximos aos trópicos e finalmente dão à luz os seus filhotes.

       Neste período pode haver ocorrência de acasalamento de algumas baleias. Assim, os filhotes crescem se alimentando do rico leite materno [12] e na primavera, tanto as baleias filhotes quanto as adultas realizam a migração reversa, voltando para às águas do Oceano Ártico ou do Antártico[14].

      Toda essa migração ocorre com pouca ou nenhuma alimentação, sendo a reserva energética anteriormente citada é utilizada para a realização de todas atividades necessárias neste processo migratório[14]. Devido a maior debilidade na migração reversa as baleias tendem a encalhar e serem fáceis alvos de predadores[15].

      Aparentemente, estas migrações são essencias para a sobrevivência dos filhotes baleias, já que os recém-nascidos não possuem uma camada isolante de óleo e não suportariam as águas frias dos polos do Ártico e Antártico[14].

      Por fim, estes mamíferos se orientam nas migrações a partir de sentidos olfativos, visuais e auditivos, além de temperatura da água e correntes oceânicas[12].


      Mecanismo de navegação de baleias


      As baleias utilizam o mecanismo chamado de ecolocalização, ou seja, orientação por ultra-som. A vantagem da utilização do som na água é que ele viaja cerca de 5 vezes mais rápido que no ar [16].Sons de baixa frequência são usados para orientação na coluna da água com relação aos objetos em volta deles, sendo portanto o mecanismo essencial durante as migrações[16]

      .É possível ainda que por viverem no mar, as baleias utilizassem o campo geomagnético da Terra para localizar sua posição através de um sistema de receptores sensíveis  ainda não muito conhecidos[16].

       

      Morcegos

      A migração de morcegos também ocorrem sazonalmente[13], podendo realizar isto através de voos que chegam a ser de longas distâncias, atravessando continentes inteiros ou oceanos[17]. A partir da utilização da emissão de ultra-sons como um verdadeiro sonar, as migrações ocorrem com o motivo a procura de alimentos[12].

      Mecanismo de navegação de morcegos
      Os morcegos também utilizam o mecanismo natural (ecolocalização) que aumenta a capacidade de detecção de objetos no espaço, sendo portanto, essencial para a locomoção.

       Este mecanismo funciona a partir de uma geração de ondas sonoras de alta frequência pelo animal, na altura do ultra-som[18].

      As ondas geradas se deslocam no meio atingindo algum obstáculo retornando ao animal que processa essas reflexões de ondas[19] recebidas e identificando a posição do obstáculo[18].

      Além disso, a conformação da orelha colabora com o recebimento das ondas, isto é, com a cavidade voltada para frente como se fossem duas parabólicas[18]. Existem ainda, morcegos com aparato associados aos pavilhões auditivos para auxílio na captação dos ecos durante o processo de ecolocalização[18].

      Envolvendo a Física, o mecanismo de ecolocalização engloba um conjunto de ações como recepções de ultra-som, reflexão de ondas sonoras, intensidade, altura, timbre, difração e efeito Doppler, sendo esta última muito presente no comportamento dos morcegos[18].


      Caribus e Gnus


      Os caribus são animais de grande porte e selvagens localizados na América do Norte.

       Estes realizam migrações sazonais pela tundra do Ártico a cada ano, com uma manada em busca de pastos mais propícios e alimentos frescos.

       A distância percorrida depende do tamanho da manada, pois quanto maior a manada mais longo será o trajeto feito durante a migração, sendo algumas podendo percorrer mais de 3,2 mil quilômetros por ano[17].

      Assim como os caribus, os gnus migram devido à renovação e sazonalidade dos pastos.

       As migrações acontecem em bandos, podendo chegar até 250 mil indivíduos e sem a existência de hierarquia ou líderes.

      Nem todo ano fazem o mesmo trajeto, mas eventualmente chegam a pastos recorrentes todos os anos. Ademais, a reprodução também está relacionada à migração,ou seja, quando os bandos chegam aos pastos novos após a migração, as fêmeas dão à luz juntas [13].

       

      Ver mais

       

      Referências Bibliográficas


    2. COLIN R. TOWNSEND, MICHAEL BEGON, JOHN L. HARPER (2006). Fundamentos em Ecologia. Porto Alegre: Artmed. 204 páginas

    3. COLIN R. TOWNSEND; MICHAEL BEGON, JOHN L. HARPER (2006). Fundamentos em Ecologia. Porto Alegre: Artmed. 207 páginas

    4. V.P. Bingman & K. Cheng (2005) Mechanisms of animal global navigation:comparative perspectives and enduring challenges, Ethology Ecology & Evolution, 17:4, 295-318

    5. COLIN R. TOWNSEND; MICHAEL BEGON, JOHN L. HARPER (2006). Fundamentos em Ecologia. Porto Alegre: Artmed. 207 páginas

    6. COLIN R. TOWNSEND, MICHAEL BEGON, JOHN L. HARPER (2006). Fundamentos em Ecologia. Porto Alegre: Artmed. 115 páginas

    7. Myers, G. S. (1949). Usage of anadromous, catadromous and allied terms for migratory fishes. Copeia, 1949(2), 89-97

    8. Staaterman, E., & Paris, C. B. (2013). Modelling larval fish navigation: the way forward. ICES Journal of Marine Science, 71(4), 918-924

    9. Northcote, T. G. (1984). Mechanisms of fish migration in rivers. In Mechanisms of migration in fishes (pp. 317-355). Springer, Boston, MA

    10. Krylov, V. V., Izyumov, Y. G., Izvekov, E. I., & Nepomnyashchikh, V. A. (2014). Magnetic fields and fish behavior. Biology Bulletin Reviews, 4(3), 222-231

    11. Berdahl, A., Westley, P. A., Levin, S. A., Couzin, I. D., & Quinn, T. P. (2016). A collective navigation hypothesis for homeward migration in anadromous salmonids. Fish and Fisheries, 17(2), 525-542

    12. RICARD, M. 1969. The mistery of animal migration. Editora Paladin, London, 205p

    13. ORR, R. T. 1986. Biologia dos Vertebrados. 5. ed. Livraria Roca, São Paulo, cap. 11.  

    14. MIGRAÇÃO. Migração em verterbrados: fatores causais, mecanismos e técnicas de     estudo. Disponível em: http://www.naturalhistory.com.br/discipl/12_TEXTO_Migracao_2013.pdf. Acesso: 14 de outubro de 2019.

    15. POUGH, F. H., HEISER, J. B. & McFARLAND, W. N. 1999. A Vida dos Vertebrados. 2. ed. Atheneu Editora, São Paulo, 798p.

    16. BENEDITTO, A. P. & RAMOS, R. M. 2001. Os cetáceos da bacia de Campos. Ciência Hoje. 29 (171): 66-69.

    17. SCHMIEGELOW, J. M. M. 1988. Comunicação. 2(2) págs. 27- 42

    18. PORTAL SÃO FRANCISCO. Migração de animais. Disponível em: https://www.portalsaofrancisco.com.br/animais/migracao-de-animais. Acesso em: 14 de outubro de 2019.

    19. CUNHA, L. P. A utilização da ecolocalização por morcegos. TCC - Departamento de Física - DEFIJI, Universidade Federal de Rondônia. RO, p. 24- 35. 2010

    20. HALLIDAY, David, RESNICK, Robert e WALKER, Jearl. 2003. Fundamentos de Física Volume dois. Rio de Janeiro : LTC - Livros Técnicos e Científicos Editora S.A., 2003.