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28.7.19

SANTINI A CASA DOS GELADOS MAIS FAMOSOS DE CASCAIS

 Este livro conta-nos e mostra-nos a história de uma família que elegeu a nossa terra como um local a tornar conhecido mundialmente. E assim foi.

(... ) " 1949, Agosto 26
 Finalmente instala-se na praia do Tamariz no Estoril, com a Gelataria Santini, tendo oferecido todos os gelados no dias da inauguração, que passariam a custar 1$ 50 o cone. A família Santini vivia no piso superior, cedendo por diversas ocasiões a sua casa para vestiário do traje de banho das famílias reais, que na época frequentavam o Estoril (... )




26.7.19

RABIRRUIVO - PRETO

 Esta pequena ave, surgiu numa destas manhãs
de Julho, ante o meu olhar algo admirado. ( Afinal estamos no Verão ). Trata-se de um juvenil. Por ali andavam os pais. Não os incomodei, limitando-me a obter a foto que aqui junto.
















16.7.19

M H 370. TRANSPORTAVA ALGO IMPRÓPRIO ?

Avião MH 370 levava uma carga misteriosa de 89 quilos 


 Avião M H 370 levava uma carga misteriosa de 89 quilos.
 
Os peritos franceses que continuam a investigar o desaparecimento do voo MH370 descobriram que foi adicionada carga misteriosa de 89 quilos ao avião antes da sua descolagem.


A revelação foi feita ao jornal Le Parisien por Ghyslain Wattrelos, um engenheiro francês que perdeu a esposa e dois filhos na tragédia, em 2014, e que tem reunido esforços para apurar a verdade sobre o que aconteceu.

Segundo Wattrelos, esta carga surge num novo relatório sobre a bagagem e os passageiros do MH370.
Sabemos que há várias contradições nas listas de passageiros, por exemplo na lista de colocação de passageiros. Também sabemos que há uma misteriosa carga de 89 quilos foi acrescentada ao avião antes deste descolar”, afirmou.
O engenheiro francês diz que isto tanto pode significar “incompetência” como “manipulação”. “Tudo é possível”, vincou.

O voo MH370, da Malaysia Airlines, fazia a ligação entre Kuala Lumpur, na Malásia, e Pequim, na China, quando desapareceu dos radares, a 14 de março de 2014. O avião, um Boeing 777 levava 239 pessoas a bordo.

Foram realizadas buscas extensas no Oceano Índico, mas o avião não chegou a ser detetado. Vários destroços foram encontrados ao largo da África do Sul e de Madagáscar.

As autoridades malaias não conseguiram determinar a razão que levou o avião a fazer um desvio na sua rota.

Entre as várias teorias que existem sobre o que aconteceu, uma das hipóteses é a de que o avião tenha sido sequestrado.

No mês passado, o especialista em segurança de aviação Tim Termini afirmou em declarações ao Channel 5 que é muito provável que tenha havido um sequestro. De acordo com este perito, o aparelho pode ter sido sequestrado por um membro da tripulação, por um passageiro, por um passageiro clandestino ou através de um aparelho informático no exterior.

12.7.19

LIVROS A METRO ( Status Symbol )

(...) " O livro mobiliário é o que, embora possa ser lido, não se destina propriamente à leitura. Compra-se, coloca-se numa estante para compor um canto da salinha em que se recebem os amigos As revistas de móveis e decorações consideram essa presença absolutamente indispensável no arranjo do lar.
   E, em certas profissões ou a partir de certa situação social, o simples canto com livros não se considera suficiente; é necessário uma parede completa, ou até um gabinete de madeiras escuras todo forrado de lombadas. São coisas que fazem parte daquilo a que os sociólogos chamam um status symbol.
 É, aliás, uma prática já antiga, à qual se referia a conhecida expressão " comprar livros a metro ".

 Mas essa conduta, que autrora se tinha por inconfessável ou pelo menos ninguém se atrevia a confessar, é agora objecto de uma exploração editorial sistemática.

 As edições de " obras completas em numerosos volumes luxuosamente encadernados ( porque também as coisas aqui se inverteram; antigamente o livro encadernava-se porque valia, hoje vale porque se encadernou ), as enciclopédias de lombadas douradas, muitas vezes escritas em língua que o comprador não domina, as assinaturas do clube do livro, que envia todos os meses para casa do leitor o livro que se encarrega de escolher por ele -

 tudo isso são modalidades modernas e insinuantes do tal antigo " comprar livros a metro ".


   Mas talvez o caso mais extremo, e por isso mesmo mais expressivo, assumido pelo fenómeno do livro mobiliário, se possa encontrar no facto de alguns fabricantes de móveis de luxo decorarem pequenos armários destinados a servir de bar, ou a esconder a televisão, o rádio ou simplesmente o quadro da electricidade, com lombadas de livros antigos, por vezes velhos volumes do século XVIII.

 A lombada é cortada cerce e grudada à madeira.

   É um vandalismo que revolta, mas que é útil por nos revelar a tendência levada às suas últimas consequências; se a função do livro mobiliário é apenas a de ser visto, não se deve desperdiçar espaço com a parte do livro que não servia senão para ler. " (...) *


* Outras Maneiras de Ver
Temas portugueses.
Pro. Dr. José Hermano Saraiva
Ano de 1979
  

7.7.19

A ALDEIA FANTASMA

 

" VILA FANTASMA " NA CHINA, EM QUE NUMA NOITE DESAPARECERAM TODOS OS SEUS HABITANTES. 

 



Na China, na província de Shaanxi, uma vez existiu uma cidade de tamanho médio e uma vila onde, em 1987, desapareceu misteriosamente. A estranha história desta aldeia, cujo nome nunca foi mencionado, na época, foi mantida em segredo e foi proibido mencionar nas notícias, mas em 2010, ela apareceu nas redes sociais chinesas e fez muito barulho.

É relatado que todos os moradores desapareceram numa única noite, homens, mulheres, crianças, bebês e homens velhos e até mesmo todos os animais e gatos e cães. Todos os seus pertences ficaram intactos, inclusive refeições nas mesas das suas casas.

Ainda mais assustador é que por uma semana, mais ou menos, o misterioso desaparecimento de milhares de pessoas na área viram luzes estranhas no céu e um OVNI na forma de um disco clássico.

 Uma das testemunhas da aldeia vizinha relatou ter visto no céu o objecto revolvendo a aldeia devastada, eram “oito luzes muito brilhantes”.

Para este objecto o céu de repente começou a ficar escuro e então o objeto emitiu um clarão roxo brilhante, foi quando se ouviu o som de uma forte explosão e então o objecto voou para norte.

De acordo com o canal de TV chinês NTDTV, muitos camiões do exército foram vistos nas estradas que levavam à aldeia. Os militares bloquearam todas as entradas e qualquer pessoa na direção da mesma.

De acordo com uma versão, os aldeões foram secretamente transferidos em camiões do exército para outro local. No entanto, mesmo neste caso, a razão para tal a evacuação apressada dos aldeões é desconhecida.


Todas as tentativas de um canal de notícias cobrir o evento falhou, já que foi publicada uma diretriz secreta do governo  proibindo relatos sobre este incidente.

Há uma outra teoria de que próximo da aldeia estava localizada nas montanhas uma base nuclear secreta.

Outra hipótese liga ao OVNI e o terem surgido os  militares e, de acordo com ela, as pessoas foram evacuadas para impedi-las de ver aviões experimentais, que voavam no céu e pareciam um OVNI.

 Agora a aldeia abandonada caiu em desuso e coberta de arbustos.

 Moradores de outras aldeias locais  chamam-na de "aldeia fantasma".

Como relatado anteriormente  em "Factos", as observações do Pentágono para OVNIS, verificou-se que os objectos desconhecidos se movem sem motores e asas.


SOCIEDADE PORTUGUESA PARA O ESTUDO DAS AVES


Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves

A Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves é uma organização não governamental de ambiente e associação científica portuguesa fundada em 1993 que promove o estudo e a conservação das aves em Portugal. Com sede em Lisboa a sociedade possui cerca de 3.200 membros e representa a BirdLife International em Portugal.


A S.P.E.A.  entregou uma petição com mais de 4.000 assinaturas de cidadãos na Assembleia da República, apelando à proibição do fabrico, posse e venda de armadilhas para aves.




A petição  #ArmadilhasNÃO  pede aos deputados que proíbam todos estes actos, uma vez que “permitem a captura ilegal de aves”, anunciou a SPEA em comunicado. Estima-se que anualmente morrem entre 40.000 a 180.000 aves em Portugal.

A legislação portuguesa protege essas espécies há duas décadas, mas todos os anos “dezenas de milhares de aves são capturadas ou abatidas em Portugal, quer para serem vendidas como animais de companhia, consumidas como petisco ou simplesmente mortas”, alerta a associação.

No entanto, na maior parte das vezes, os culpados destes crimes não são punidos, uma vez que são “difíceis de detectar e investigar.”


 Ver a imagem de origem


Por outro lado, apesar de ser proibida a captura e a morte de aves selvagens, a verdade é que essa mesma proibição não existe para os meios usados nesses crimes – como é o caso das armadilhas.
“Não chega proibir que [as aves] sejam capturadas: é necessário proibir também os meios que permitem capturá-las”, sublinha Joaquim Teodósio, coordenador do Departamento de Conservação Terrestre da SPEA, lembrando que estes animais “controlam pragas” e “são cruciais para manter a saúde dos nossos campos”.

Em causa estão meios que “matam indiscriminadamente” qualquer ave que tenha o azar de neles cair. Por exemplo? As armadilhas de mola, as redes e ainda uma cola artesanal para apanhar pássaros em árvores, sebes ou no cimo de canas, conhecida como “visgo”.


Proibir a apanha de formigas  de asa


Ver a imagem de origem
FORMIGA De ASA



A petição pede também que a lei passe a proibir a apanha de formigas d’asa, que são utilizadas apenas nestas situações, servindo como isco nas armadilhas de mola.


 Normalmente chamadas de esparrelas ou costelos, estas são armadilhas de arame nas quais os pássaros morrem logo que são apanhados.

“As aves das zonas agrícolas estão a diminuir a um ritmo alarmante por toda a Europa e os dados disponíveis indicam que em Portugal vamos pelo mesmo caminho”, avisa o mesmo responsável, citado no comunicado. “É urgente garantir que sejam realmente protegidas e acabar com esta chacina ilegal.”

Ao longo dos últimos anos, houve vários casos de apreensões de armadilhas no momento em que estavam a ser usadas ilegalmente.

 Em Novembro passado, por exemplo, foram apreendidas 32 armadilhas que estavam a ser utilizadas no Algarve, incluindo três que já tinham aves mortas: um pisco-de-peito-ruivo e duas toutinegras-de-barrete-preto.

Em breve, a nova petição deverá ser discutida pelos deputados da Assembleia da República, esperando-se que isso se traduza em alterações legislativas que ajudem a diminuir esta ameaça para as aves selvagens, conclui a SPEA.

Recorde aqui uma análise dos resultados do Censo de Aves Comuns, sobre o facto de haver cada vez menos rolas-bravas, abelharucos e pardais em Portugal.




3.7.19

SEIS MISTÉRIOS POR RESOLVER

1. Esferas gigantes na Costa Rica
6 Grandes mistérios indecifráveis da humanidade

Em 1930, diversos trabalhadores estavam limpando uma área na selva da Costa Rica para dar lugar a uma plantação de bananas, quando de repente se depararam com essas pedras perfeitamente esféricas. Os descobridores achavam que havia ouro dentro delas, e então explodiram algumas com dinamite, mas não havia nada além de pura rocha.
6 Grandes mistérios indecifráveis da humanidade

Ninguém tem ideia de quem criou essas esferas, muito menos sabem de sua utilidade. Há uma teoria de que simbolizam corpos celestes, mas outras pessoas sugerem que eles poderiam ter servido para marcar fronteiras.
2. A bateria de Bagdad
6 Grandes mistérios indecifráveis da humanidade

Ainda na década de 1930, mas em Bagdad, Iraque, arqueólogos encontraram uma longa jarra com uma haste de ferro, um cilindro de cobre e outra barra de ferro dentro dele. Especialistas concluíram que este artefato era uma bateria mesopotâmica que produzia uma corrente elétrica de 1 volt. Alguns sugerem que esta bateria foi usada para galvanoplastia de ouro, mas isso é apenas uma suposição. Outro mistério ainda não descoberto é por que esta tecnologia caiu em desuso por tanto tempo até o desenvolvimento de outras fontes de energia.
3. O Manuscrito Voynich
6 Grandes mistérios indecifráveis da humanidade

O Manuscrito Voynich é o livro mais indecifrável do mundo. Para começar, ninguém sabe quem o escreveu, onde e por quê, muito menos identificar o idioma. Ninguém sabe do que se trata, até mesmo as várias imagens e símbolos.
6 Grandes mistérios indecifráveis da humanidade

Na história da literatura, vários escritores usaram códigos dos quais apenas algumas poucas pessoas podiam entender, mas alguns deles foram decifrados por (como os diários de Samuel Pepys). No entanto, este livro, ao que tudo indica, vai permanecer indecifrável para sempre, a menos que você ou alguém quebre a cabeça para encontrar a descoberta.
4. Estatuetas Incas Douradas
6 Grandes mistérios indecifráveis da humanidade

Estas estatuetas douradas foram criadas por Incas, mas até hoje ninguém sabe qual a utilidade delas. O curioso sobre os animais misteriosos é que eles parecem ser feitos para fins de aeronáutica, uma teoria testada em 1996 por dois construtores alemães de aeronaves modelo, Peter Belting e Algund Eeboom.
6 Grandes mistérios indecifráveis da humanidade

O que eles fizeram foi construir réplicas de escala com motores e um sistema de rádio controle, e então testaram para ver se daria certo. Eles ficaram encantados ao ver que voavam perfeitamente, e que poderiam permanecer no ar e até realizar manobras mesmo com os motores desligados. No entanto, o uso dessas estatuetas no período Inca ainda é desconhecido.
5. O Disco Genético
6 Grandes mistérios indecifráveis da humanidade

Este antigo disco de 6 mil anos foi descoberto na Colômbia pelo professor Jamie Gutierrez. É feita de uma rocha basáltica resistente chamada lydite. Seus símbolos misteriosos retratam, em ordem, uma sequência do nascimento humano. Começa com imagens de uma relação, e posteriormente a roda mostra o espermatozoide, o óvulo, o óvulo fecundado e os vários estágios do desenvolvimento fetal. Como isso poderia ter sido possível tantos anos antes da invenção do microscópio? Impossível dizer. Alguns tentaram dizer que o disco é uma fraude, mas não há nenhuma prova sobre isso também.
6. A Máquina de Anticítera
 6 Grandes mistérios indecifráveis da humanidade

Até hoje, este é considerado o mais antigo computador analógico na história da humanidade, criado há milhares de anos, muito antes da invenção do relógio. Foi feito entre os anos de 150 e 100 antes de Cristo (a.C.). Foi descoberto em um naufrágio na ilha de Antikythera, na Grécia, em 1901.
6 Grandes mistérios indecifráveis da humanidade

Especialistas acreditam que a máquina foi usada para prever posições astronómicas e eventos importantes da história, como eclipses solares e o surgimento das Olimpíadas. Embora o mecanismo seja um trabalho de génio, aparentemente a teoria grega não era suficientemente adequada para ajudar a produzir uma máquina tão precisa. Ainda assim, é impressionante pensar que os gregos estavam avançando na construção de máquinas, mesmo que este conhecimento tenha sido totalmente perdido, e os cientistas que vieram posteriormente tiveram que começar de novo a partir do zero.*

Fonte. Tudo por EMail

1.7.19

PERDIZES


O vento agita o milheiral  ( Foto de J.P.L. )
           

( Foto de J.P.L. )

( Foto de J.P.L. )

( Foto de J.P.L. )
* Acrilico S / Platex
**  Óleo S/ Tela
Autor dos quadros . J.P.L.

GUERRA DO VIETNAME

Fotografia        
 
Nota. As fotografias foram excluídas aqui do meu blogue por respeito aos direitos de autor.

Guerra do Vietname

Eddie Adams e Nick Ut mostraram o erro daquela guerra. E John Filo revelou que a América também já era capaz de matar os próprios filhos.

Marco Santos a 16/12/2007



A noite da madrugada de 30 de Janeiro de 1968 marcava o início de uma data sagrada para os vietnamitas: os festejos do Novo Ano Lunar. Muitos dos efectivos do exército do Vietname do Sul tinham sido autorizados a comemorá-la fora dos quartéis.
Foi precisamente nessa noite que duas grandes forças de combate – os Vietcongs e o Exército do Vietname do Norte – lançaram em simultâneo um ataque surpresa em todo o país. Esta operação de grande escala ficou conhecida como Ofensiva Tet. Foram atacadas mais de 100 vilas e cidades, incluindo 36 capitais de província e a própria capital, Saigão.
Embora os americanos tenham sido apanhados de surpresa pelo amplitude do ataque, os serviços secretos já tinham detectado grandes movimentações de tropas inimigas. Esperavam uma ofensiva apenas contra Khe Sanh, no sul do país, onde se encontrava uma base de Marines, mas não uma ofensiva simultânea em todo o território.
Quando as tropas norte-vietnamitas atacaram Saigão, 27 batalhões dos Estados Unidos estavam estacionados na capital. A operação não foi, assim, o sucesso militar que se esperava: entre 30 de Janeiro de 1968 e 8 de Junho do mesmo ano, período oficial de duração da Ofensiva Tet, 58 mil soldados norte-vietnamitas perderam a vida sem que Saigão tivesse sido capturada ou os americanos expulsos.
Mesmo assim, algumas regiões e cidades do Interior caíram irremediavelmente nas mãos do Exército do Vietname do Norte.
Os efeitos psicológicos deste ataque entre a opinião-pública norte-americana – outro dos objectivos dos estrategas norte-vietnamitas – foram importantes.
As imagens iniciais da Ofensiva Tet difundidas pelos media marcaram a forma como o povo encarava a presença dos seus filhos e soldados naquele território hostil, desconhecido e distante. De pouco adiantou à administração do então presidente Lyndon Johnsson insistir que a Ofensiva Tet acabara por ser uma grande derrota dos comunistas.

1 Execução de um prisioneiro Vietkong



Eddie Adams, 1968

O efeito das imagens iniciais de desnorte americano poderia ter sido atenuado com o passar do tempo e a acção da propaganda militar – mas a 1 de Fevereiro de 1968, no terceiro dia da Ofensiva Tet, quando a confusão ainda reinava em Saigão, um fotógrafo captou uma imagem que haveria de ter um efeito ainda mais devastador entre o povo americano.

Naquele dia, duas armas foram disparadas ao mesmo tempo: uma pistola e uma máquina fotográfica.
A bala disparada à queima-roupa perfurou o cérebro de um prisioneiro vietcong e a foto capturou o momento exacto da execução.

Há duas personagens desta tragédia: Nguyen Ngoc Loam, coronel, nomeado chefe da Polícia Nacional da República do Vietname, e um oficial vietcong capturado, o capitão Nguyen Van Lém, o mesmo nome próprio que o seu assassino.

«Penso que Buda me perdoará por isto»

 

Nesta foto já não existe vida, nem no carrasco nem na sua vítima: a câmara de Eddie Adams transforma-os em monumentos que recordam à Humanidade a brutalidade selvagem de uma guerra sem honra.

De um lado, o braço esticado do carrasco, os músculos tensos, a mão agarrando a pistola com tanta força como se receasse falhar o alvo e cobrir de ridículo o seu poder de deus da vingança; do outro, um jovem, mãos atadas nas costas, magro, pequeno, indefeso. De um lado, um rosto inexpressivo, frio, o rosto da morte; do outro, um homem a quem não é permitido, sequer, um gesto instintivo de defesa.

O operador de câmara da NBC, Vo Suu, filma a sequência: o tiro, o fumo, a queda, o sangue jorrando da cabeça do oficial vietcong. Eddie Adams, o fotógrafo, recordará mais tarde que a sua única vontade é sair dali, afastar-se, mas, ao mesmo tempo, numa familiar combinação de horror pessoal e triunfo profissional, tem consciência da extraordinária foto que acabou de tirar. A foto acabou por ganhar um Prémio Pulitzer.

Nguyen Ngoc Loam, o assassino, mantém-se calmo quando fala aos repórteres: «Ele matou muitos de nós e dos vossos também» – justifica-se ao operador de câmara, que ainda não virara as costas. – «Penso que Buda me perdoará por isto».

É um criminoso de guerra, mas tanto o Vietname do Sul como as autoridades americanas não fazem caso da situação: alguns oficiais americanos protestam contra a execução sumária, mas Nguyen continua ao serviço do exército sul-vietnamita, onde fortalece a reputação de homem de grande coragem e sagacidade em batalha. A sua carreira de guerreiro termina três meses mais tarde, quando uma granada inimiga lhe destrói a perna direita.

É enviado para um hospital na Austrália para receber tratamento, mas os protestos contra a sua presença são tão veementes que acaba por ser transferido para os Estados Unidos, para um centro médico militar em Washington, o Walter Reed. Alguns senadores no congresso americano protestam, mas nada acontece.

De volta a Saigão, Nguyen é afastado do exército – tiveram de amputar-lhe a perna direita – e regressa à vida civil. Em 1975, quando os vietkongs estão às portas da capital e se inicia a evacuação, os americanos recusam-se a ajudá-lo. Acaba por fugir com a família num avião sul-vietnamita e regressa aos Estados Unidos.

Quando a sua presença é conhecida, alguns movimentos civis tentam deportá-lo, afirmando tratar-se de um criminoso de guerra, mas, mais uma vez, nada acontece. Fica a viver no norte da Virgínia e abre uma pizzaria. O negócio corre bem e sem sobressaltos até 1991, mas entra em declínio quando é reconhecido como o carrasco da foto tirada por Eddie Adams. Há quem escreva nas paredes da pizzaria: «Sabemos quem tu és».

O cancro mina-o e ele afasta-se. Acaba por morrer em Julho de 1998.

Nunca foi condenado pelo crime que cometeu, embora tenha dado entrevistas onde procurou justificar o seu acto. Ele afirma que o oficial vietcong era um terrorista que tinha estado envolvido no assassínio de oficiais sul-vietnamitas e respectivas famílias – daí a execução.

Ao princípio, ordenara a um oficial subalterno que matasse o prisioneiro. Perante a hesitação do outro, encarregou-se ele próprio de executar a sentença. «Se eu hesitasse não estaria a cumprir o meu dever – e os homens não me seguiriam».

Até hoje não se sabe se Nguyen Van Lém esteve envolvido nos massacres que aconteceram. 34 corpos haviam sido descobertos em Saigão no dia anterior, tanto de oficiais da polícia como das respectivas mulheres e filhos, mas nunca se provou o envolvimento do oficial vietcong – fosse ou não responsável, a verdade é que nunca lhe foi dada a oportunidade de se defender num tribunal militar. Outras fontes – norte-vietnamitas – afirmam que Lém não era um operacional, a sua acção era sobretudo política.

O vídeo mostrando a sequência completa dos acontecimentos passou inúmeras vezes nas televisões e chocou a América. E quando a foto de Eddie Adams foi publicada na primeira página dos jornais americanos, mudou a forma como o povo americano encarava a guerra. A foto não era apenas a imagem de um crime, mas o espelho da guerra do Vietname: selvagem e gratuita, como o acto do chefe da polícia Nguyen Ngoc Loam.

Ao princípio a maioria dos americanos apoiara a guerra, pois tratava-se de ajudar inocentes sul-vietnamitas a libertar-se do jugo comunista do Norte; depois daquele foto, tornara-se muito mais difícil descobrir onde estavam afinal esses inocentes.


2 A América dispara sobre os próprios filhos



4 de Maio de 1970 é o dia em que muitos americanos descobrem que a América é capaz de assassinar os seus próprios filhos.

John Filo, estudante de fotografia, capta a imagem de Jeffrey Miller, 20 anos, estudante como ele, morto pela Guarda Nacional durante um protesto não-autorizado contra a decisão de Nixon de enviar tropas para o Cambodja. Há mais três mortos e nove feridos nesse dia, todos estudantes.

O ângulo em que a foto é tirada poupa-nos à visão do rosto desfeito de Miller, atingido com uma bala em cheio na boca. Como recordará o fotógrafo 30 anos depois à CNN, «era como se alguém tivesse despejado um balde de sangue na rua.» Podemos ver, e só isso é suficiente, a expressão de uma rapariga, Mary Ann Vecchio, que corre para ajudar Jeffrey e grita por socorro, horrorizada com o que vê. O seu ângulo de visão completa a fotografia.

E para fechar este retrato de uma América à deriva, saber-se-á poucos dias depois que a rapariga não é estudante na Universidade, tem apenas 14 anos e fugiu de casa dos pais em Miami vestida com uma T-shirt que diz Slave.

 

«Não te preocupes, mãe. Ninguém me vai partir a cabeça»

 

A 4 de Maio de 2000, a mãe de Jeffrey Miller escreve uma crónica para o Seattle Times em que nos explica como o mundo se tornou mais pobre desde que o filho foi morto. Liga três pontos cruciais da vida de Jeffrey para explicar porque razão «nunca poderia ter resistido ao apelo daquela manifestação».

Primeiro ponto: Jeffrey tem oito anos. Sem o conhecimento da mãe, envia um artigo à revista Ebony preocupado com a situação social dos negros na América. Ela sabe-o três semanas depois quando, em resposta ao artigo de Jeffrey, recebe um telefonema de alguém da revista que partiu do princípio de que o filho é negro. Dizem-lhe então que o rapaz está destinado a ser um grande líder da comunidade afro-americana.

Segundo: aos 16, escreve um poema chamado Where Does It End?, onde expressa o seu horror perante «uma guerra sem propósito», o conflito no Vietname.

Terceiro: aos 20, telefona a informá-la de que vai participar na manifestação de 4 de Maio contra a invasão do Cambodja. Tranquiliza-a: «Não te preocupes, mãe. Posso vir a ser preso, mas de certeza que não me vão partir a cabeça».

Mary Ann Vecchio está em fuga da casa dos pais. Não é claro porque razão saiu da Florida e se meteu à boleia pela América: esses tempos recorda-os apenas com uma frase: «Tinha 14 anos e era uma fugitiva».

Quis o destino que se encontrasse perto de Kent a 4 de Maio e que tivesse decidido juntar-se aos manifestantes. Tê-lo-á feito por influência de Sandra Lee Scheuer e Alan Canfora, dois estudantes da Universidade de quem se tornara amiga. Sandra também morre nesse dia.

A foto de John Filo tornou o seu rosto conhecido em toda a América. Na sequência da publicação dessa foto, o Governador da Florida, Claude Kirk, chegou a afirmar que Mary Ann era uma «dissidente comunista».

Nas três semanas que se seguiram entrou «na clandestinidade». Concordou vender a sua história a um jornalista a troco de um bilhete de autocarro para a Califórnia, mas foi presa pela polícia quando se preparava para embarcar e enviada de volta à casa dos pais. Agora diz que «entrou de boleia na História».

John Filo conheceu-a apenas em 1995, 25 anos depois de a ter fotografado. Encontraram-se no Emerson College em Boston numa conferência organizada pelo colégio sobre os acontecimentos na Universidade. Ela é agora uma mulher casada que diz só ter recomeçado a viver quando saiu com Joe Gillum da casa dos pais para se tornar a senhora Gillium e abandonar em definitivo o apelido Vecchio.

«Sempre me preocupei com esta pessoa» – afirmou então John Filo. «Coloquei uma criança sob um microscópio durante muito, muito tempo e agora sinto-me feliz por ela estar também feliz.»
John Filo, o estudante de fotografia, tem outras motivações no campus: é assombrado pela percepção de que 4 de Maio pode vir ser o dia em que conseguirá captar o que Henri Cartier-Bresson designa como «momento decisivo».

Filo deambula junto aos colegas desde o dia 1 de Maio sem conseguir tirar uma fotografia que capte o momento histórico que se vive. Está prestes a desistir quando o tiroteio começa. Ao princípio julga serem tiros de pólvora seca e deixa-se ficar em pé, a fotografar.
Depois percebe que são tiros de munição real quando o silvo de uma bala quase lhe queima a orelha. Desiste de fotografar, atrapalha-se, olha para todos os lados, sem saber para onde ir. É o único que não está abrigado.
Olha para a sua esquerda e vê Jeffrey, estendido no chão, o corpo em pequenas convulsões até se imobilizar por completo. O sangue escorre-lhe pela cabeça como se estivesse a ser despejado por um balde. Entra em pânico e começa a fugir.

«Que estás tu a fazer?» – diz-lhe então a voz do fotógrafo dentro da sua cabeça. «É para isto que tu estás aqui». Volta e aponta a máquina. Apercebe-se então de Mary Ann, correndo em pânico para junto do corpo do rapaz e gritando «Meu Deus!».

Clique. A América está a matar os seus próprios filhos – e está a ser fotografada enquanto o faz.
O estudante de fotografia ganha o seu momento decisivo e o prémio mais importante de todos, o Pulitzer.

Cronologia dos acontecimentos


 Sexta, 1 de Maio
  Dias antes o presidente Nixon anunciara o envio de tropas para o Cambodja, aumentando a escala das operações no Vietname e a indignação entre os americanos – na sua maioria jovens – que estão contra a guerra.

Estudantes da Universidade de Kent organizam uma manifestação contra «a invasão de um país soberano sem uma declaração de guerra formal ou a autorização do Congresso americano». Os estudantes protestam contra «a violação dos nossos direitos constitucionais» e «os abusos de poder» do presidente Nixon, apostado em «perpetuar a barbárie nacional».

 Uma cópia da Constituição Americana é enterrada nos terrenos da Universidade para simbolizar «o seu assassínio».
À noite, na cidade de Kent, adensam-se os protestos: uma multidão invade as ruas e dirige-se para o centro, partindo alguns vidros das lojas pelo caminho.

 À manifestação junta-se gente que nada tem a ver com a Universidade. Muitos já beberam demais. O Mayor de Kent entra em pânico e vê nos protestos sinais de uma sublevação radical e solicita o auxílio do Governador do Estado de Columbia.

 A Guarda Nacional é enviada para dispersar os manifestantes com gás lacrimogéneo.
  Às duas e meia da manhã, a situação está controlada.


Sábado, 2 de Maio
  Às oito da noite, 100 manifestantes cercam um edifício da Universidade que serve de camarata aos oficiais de reserva do Exército que se encontram em treinos militares. A associação à guerra que se trava no Vietname é instantânea. Alguns deitam fogo ao edifício. As chamas espalham-se tão rapidamente que os bombeiros não conseguem controlá-las. A Guarda Nacional volta a intervir, dispersando os estudantes e ficando a guardar um edifício reduzido a cinzas.




Domingo, 3 de Maio
No campus da Universidade, ocupado pelos soldados da Guarda Nacional, tudo está calmo. Mas às nove da noite uma multidão de estudantes volta a reunir-se na cidade. Os soldados lançam mais gás lacrimogéneo. Os estudantes refugiam-se na intersecção das ruas East Main e Lincoln, bloqueando o trânsito e aumentando o caos. Às 11 da noite, a multidão torna-se mais hostil, lança pedras aos soldados e é novamente afastada. Há feridos nos dois lados.


Segunda, 4 de Maio
 É dia de aulas na Universidade. A confrontação da noite anterior provocou ressentimento em ambos os lados da barricada: os estudantes estão determinados em manter uma manifestação convocada para aquele dia, entretanto proibida, os soldados estão determinados em impedi-la.



Ao entardecer, 200 estudantes encontram-se já reunidos em desafio directo às autoridades. À ordem de dispersão, respondem com cânticos, insultos e pedras. Mais gás lacrimogéneo é lançado mas, desta vez, pouco efeito provoca: está muito vento naquela tarde.

 A Guarda avança com as baionetas das espingardas em riste, obrigando os estudantes a recuar. Ninguém dispersa.
O lançamento de mais gás já não resolve a situação. Pedras continuam a voar sobre os soldados. Estes recuam. 28 formam uma linha e disparam entre 61 e 67 vezes durante 13 segundos contra a multidão em fúria. Não são tiros de pólvora seca, mas tiros de munição real. Quatro estudantes morrem. Nove ficam feridos. Um dos feridos ficará paralítico o resto da vida.

Alguns tentam dialogar com os soldados: «Porque é que vocês dispararam?» É o comandante da Guarda quem responde: «E vamos continuar a disparar se vocês não dispersarem.»

Este é o mesmo oficial que, minutos depois, se aproximará de Jeffrey Miller para examinar o corpo. O estudante morreu de barriga para baixo e o comandante da Guarda Nacional vira-o com a bota para examinar melhor os estragos. O desrespeito e a indiferença são tão evidentes que só a presença de dezenas de soldados impedirá que os outros estudantes o esfolem vivo.

Perto dali, muitos ainda resistem. Um grupo de 300 não arreda pé do campus e só a intervenção de alguns professores corajosos impede que os confrontos continuem e mais mortes ocorram. Os professores convencem os alunos a dispersar. A Universidade fecha por um período de tempo indeterminado e só abrirá depois das férias de Verão.

Duas versões da mesma foto



Bastou que alguém reparasse na ausência do poste sobre a cabeça de Mary Ann Vecchio na republicação efectuada em 1995 pela Life Magazine para que a revista fosse acusada de manipular imagens jornalísticas.

O próprio Editor fotográfico da Life foi forçado a escrever uma explicação.
Segundo David Friend, esta imagem manipulada tem sido publicada por várias revistas – exemplos: Time (6 de Novembro de 1972) People (2 de Maio de 1977), Time (17 de Janeiro de 1980) e People (30 de Abril de 1990) – sem que ninguém tivesse reparado na diferença crucial em relação ao original.

O que se passou foi que, provavelmente ainda em 1970, alguém trabalhando no arquivo Time-Life Picture Collection (e que até hoje permanece anónimo), decidiu ‘apagar’ a imagem do poste, na óbvia intenção de a melhorar e de lhe diminuir o ruído.

3 Danos colaterais: Kim Phuc e o Napalm

 8 de Junho de 1972. Um avião da Força Aérea Vietnamita bombardeia Trang Bang, uma população sul-vietnamita situada a 38 quilómetros de Saigão. Centenas de homens, mulheres e crianças morrem em consequência desse bombardeamento com napalm.


O ataque não ocorreu por engano: tratou-se de uma operação militar destinada a travar o avanço dos vietcongs sobre a capital e proteger a retaguarda dos soldados vietnamitas.

Os americanos não estiveram directamente envolvidos na operação: o processo de retirada de tropas do terreno ficará concluído a 12 de Agosto desse ano, embora a acção dos bombardeiros B-52 se tenha intensificado nesse período. Mais tarde, comentando as circunstâncias em que o ataque aconteceu, veteranos do Vietname afirmaram que os vietcongs tinham usado a população como escudo – daí os danos colaterais.

Das consequências deste ataque ficou-nos uma imagem que se tornaria uma das grandes fotografias da guerra, de todas as guerras: crianças inocentes – os tais «danos colaterais» – fugindo ao horror do napalm.

Talvez por parecer ainda mais frágil do que as outras, o olhar do fotógrafo vietnamita Nic Ut centra-se na menina de 9 anos de quem mais tarde se tornará amigo e protector, Kim Phuc. Vê-a correr na sua direcção, gritando «muito quente, muito quente», com as costas, os ombros e os braços queimados pelo napalm.

O rapaz que se vê a correr à frente dela, do lado esquerdo na foto, é o seu irmão mais velho, Phan Thanh Tam. Nic Ut tirará mais fotos deste episódio, incluindo uma em que a avó da menina foge com o neto ao colo, um bebé que não resistiu às queimaduras e acabou por morrer nos seus braços.
Caminhando na mesma estrada, os soldados parecem indiferentes ao sofrimento das crianças, o que torna a foto ainda mais reveladora de como a guerra também é capaz de despedaçar um ser humano por dentro.

«O homem que salvou a minha vida»


Nem todos se mostrarão indiferentes: como recordará a própria Kim Phouc à BBC, numa entrevista dada a 29 de Abril de 2005, um dos soldados deixa-se tocar pelo sofrimento da menina, dá-lhe de beber do seu cantil, deita-lhe água sobre as costas queimadas julgando assim que lhe aliviará a dor.
A família sobrevivente reúne-se à volta de Kim Phouc e do grupo de jornalistas.

Nic é vietnamita e o único capaz de comunicar com as pessoas que, desesperadas, pedem aos repórteres para as levar para o hospital. Nic sabe que as fotos que tirou são importantes e devem ser enviadas o mais rápido possível, mas acaba por concordar em levar a menina ao hospital de carro. Com ele seguem os dois irmãos, um tio e uma tia.

Dirigem-se ao hospital de Cu Chi, a meio caminho de Saigão. A rapariga grita de dores, pede água, diz sentir-se a morrer. Cada movimento do carro provoca-lhe dores imensas quando a pele queimada entra em contacto com o banco. O fotógrafo recordará mais tarde que a menina gritou até desmaiar.
Uma hora depois chegam ao hospital.
 A regra ali é a seguinte: tratar primeiro os doentes que os médicos consideram ter hipótese de sobreviver, deixar os casos mais graves para depois. A menina faz parte deste último grupo – por esta altura, já o fotógrafo está demasiado envolvido com o drama e recusa abandoná-la a uma morte certa.
Puxa dos galões de jornalista: conta aos médicos o drama que presenciou, diz-lhes que o rosto da menina que eles não querem tratar estará nos principais jornais.

Acaba por convencê-los. Só quando se certifica de que a criança entrou na sala de operações é que abandona o hospital para enviar as fotos. Kim Phouc ficou internada no hospital 14 meses e fez 17 operações ao todo. O fotógrafo foi sempre visitá-la.

Meses depois de as fotos terem sido publicadas e o nome Nik Tut se tornar famoso em todo o mundo, o fotógrafo foi entrevistado para recordar as circunstâncias em que as imagens foram tiradas.
Nic contou tudo o que se passou, excepto a parte em que se meteu no carro e procurou salvar a vida de uma menina.

Só 28 anos depois do dia em que a fotografia foi tirada o mundo soube do papel do fotógrafo. E foi a própria Kim Phouc quem o revelou quando finalmente o conseguiu reencontrar, em Londres, durante uma audiência com a Rainha. Abraçando-o, apresentou-o como «o homem que salvou a minha vida».

Entrevistada pela CBS a 19 de Setembro de 2000, Kim Phouc dirá que, ao olhar para a foto, sente-se ainda como «se tudo aquilo tivesse sucedido ontem».
A conversão ao Cristianismo, afirma, ajudou-a a resolver os fantasmas do passado:
Eu fui uma vítima da guerra, fui uma vítima de muitas coisas. Mas penso que consegui uma vitória, pois entretanto aprendi a perdoar.
Kim Phouc julgou que nunca mais seria atraente aos olhos de um homem por causa da extensão das queimaduras nos ombros, nos braços e nas costas, mas hoje em dia é casada e mãe de dois filhos.
Fez as pazes com o mundo. Sempre recusou que a sua história e a foto fossem usadas para fins de propaganda política, tanto por vietnamitas como por americanos.

Fugiu do Vietname e refugiou-se no Canadá, onde ainda vive. É numerosas vezes chamada para contar a sua história às novas gerações.

Fundou a Kim Foundation, uma organização sem fins lucrativos que se dedica a ajudar crianças vítimas da guerra. É Embaixadora da UNESCO e a sua missão é levar uma mensagem de paz ao mundo.

The End


Numa luta mortal de seres contra seres da mesma espécie, a distanciação imposta aos soldados tem nas fardas o seu símbolo mais poderoso. Cada nação, ou grupo de nações, tem a sua própria farda – e vesti-la permite distanciar seres humanos e criar, de forma artificial, uma subespécie de homens mentalizados para destruir outras subespécies que também são criadas artificialmente.

Esta distanciação é conseguida à força da disciplina e de conceitos abstractos como «patriotismo» e «justiça» ou seja lá o que for que aos falcões da guerra der jeito inventar.
No caso da Guerra do Vietname, a palavra-chave foi «Democracia».

 A «Democracia» seria transportada em aviões e navios de guerra e servida a um povo sedento de Liberdade (outra palavra) e desejoso de se libertar do jugo comunista do Vietname do Norte.

Mas como dizia um soldado americano que combatia no Vietname, no filme Nascido Para Matar, de Stanley Kubrick, «Democracia é apenas uma palavra. Se andamos aqui a combater por uma palavra, então eu prefiro combater pela palavra ‘Foder’, que é a minha preferida.» Neste sentido, «Democracia» tem um significado tão dúbio e falacioso como a expressão «Danos colaterais».

O objectivo das fardas é colocar sucessivos obstáculos à nossa consciência moral que nos diz que o soldado inimigo é um ser humano como nós e que, noutras circunstâncias, não desejaremos matá-lo. Se nos recusarmos a usar fardas, visíveis ou invisíveis, é mais difícil que os Donald Rumsfeld deste mundo convençam os povos de que a guerra faz todo o sentido. Porque não faz. Não faz mesmo.

Talvez as fotos mais marcantes do Vietname sejam aquelas em que o fotógrafo consegue desfazer a ilusão da farda e das palavras vazias, e mostrar-nos um ser humano em vez do inimigo, retirando qualquer sentido que os falcões possam querer dar a uma guerra.

A célebre foto tirada a 8 de Junho de 1972 pelo vietnamita Nik Ut (prémio Pulitzer) mostra-nos que a guerra é sempre feita contra a Humanidade, a Humanidade dentro de nós: vemos crianças fugindo aterrorizadas das nuvens de Napalm e, ao mesmo tempo, um grupo de soldados que caminham na mesma estrada, parecendo indiferentes ao seu sofrimento.

A nossa compaixão é dirigida às crianças, mas o mais chocante deste foto é que poderíamos ter ocupado o lugar daqueles soldados, vítimas, como aqueles, do mesmo processo de distanciamento artificial entre seres humanos que age à sombra de uma guerra e a torna possível. Tanto pode ser induzido pela farda como pela distância física, como foi o caso do piloto do avião, impossibilitado de presenciar a tragédia individual que as suas bombas provocaram.

Tudo o que mina as nossas esperanças para o futuro da Humanidade se desenrola ali, naquela foto: crianças cujo instinto nos impele a proteger são mortas e, se sobrevivem, vêmo-las em pânico e em sofrimento, abandonadas; homens que em circunstâncias normais as protegeriam caminham com indiferença porque, como escreveu o escritor e ensaísta Edward Bond, se encontram «despedaçados por dentro» pela crueldade da guerra.