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28.11.17

LOBOS e as BESTAS " HUMANAS."

Atropelam lobo ibérico e posam com ele como troféu

O Serviço de Proteção da Natureza (Seprona) espanhol já anunciou que será aberta uma investigação para averiguar o que se passou.

Atropelam lobo ibérico e posam com ele como troféu
Foi através da sua página do Facebook que a Associação para a Conservação do Lobo Ibérico (ASCEL) denunciou que "alguns trabalhadores públicos" tinham tirado fotografias com um lobo ibérico que, alegadamente, tinham atropelado.

 Ainda não se sabe se o atropelamento foi acidental ou não.

Segundo o jornal espanhol ABC, os trabalhadores fazem parte de uma equipa que trabalha para a Câmara de Castela e Leão.

 O Serviço de Proteção da Natureza do país vizinho (Seprona) já anunciou, entretanto, a abertura de um inquérito para esclarecer as circunstâncias e para tomar futuras medidas legais.





A Associação partilhou a imagem polémica onde denuncia o caso e aproveita para questionar as razões para o homem em questão ter tirado aquela fotografia. "Troça privada/pública?", "recordação pessoal?", "uma selfie bem disposta?", pode ler-se.

Lançaram também questões sobre o excesso de velocidade e a falta de precaução com que se conduz em zonas florestais com animais, apelando, por fim, a que se partilhe a fotografia, de forma a que estes atropelamentos "não voltem a acontecer na medida do possível".

28 -11 -2017

19.11.17

T. A. P. ACIDENTE NA ILHA DA MADEIRA

Um dos maiores desastres aéreos em solo português aconteceu há 40 anos

O maior desastre aéreo da TAP e um dos maiores desastres aéreos ocorridos em solo português aconteceu há 40 anos, no dia 19 de Novembro de 1977. O voo TP425 da companhia aérea portuguesa não conseguiu travar na pista a tempo de evitar uma queda fatal para 131 das 164 pessoas a bordo.

Um dos maiores desastres aéreos em solo português aconteceu há 40 anos


Na noite de sábado de 19 de Novembro de 1977, o voo TAP Portugal 425 despenhou-se no Funchal, na ilha da Madeira, com 156 passageiros e oito tripulantes a bordo. Morreram 131 pessoas, incluindo seis dos oito tripulantes.
O comandante do Boeing 727-200, João da Costa Lontrão, tentou por duas vezes aterrar na difícil pista do Funchal mas por duas vezes desistiu. Era uma noite chuvosa, com ventos instáveis e equacionou-se divergir o voo para o aeroporto de Las Palmas, na Gran Canaria. Não sem antes tentar uma terceira vez.
O aparelho despenhou-se no final da pista número 24 do aeroporto de Santa Catarina às 21h48. O trem de aterragem só tocou na pista 323 metros depois do ponto de toque de segurança e, devido à água que se acumulou no solo, não conseguiu travar. Derrapou para fora da pista e caiu na praia, junto ao mar, dividindo-se em dois, entre uma ponte de pedra e a água.

Notícias ao MinutoPrimeira página do Diário Popular
 
Quatro décadas depois, restam as homenagens e a memória dos familiares e amigos das vítimas. Entre as 131 vítimas mortais do acidente, estava João Melo e a família, Lurdes, a esposa, e Mafalda, a filha do casal, ainda criança.
O Notícias ao Minuto falou com Dulce Trindade André, afilhada do casal, que residia em Cascais e com quem Dulce chegou a morar. Agora com 50 anos, Dulce era uma criança de 10 anos na altura e refere que a memória que guarda do acidente é mais sentimental do que exacta.
Algumas coisas ficaram para sempre, a Mafalda na véspera da viagem agarrar-se à avó para não a deixar viajar com os pais é uma delas“Coincidiu com os anos do meu pai, o acidente foi no dia em que o meu pai fazia anos. Lembro-me da tristeza que foi terem perdido os amigos. Lembro-me mais das emoções do que propriamente dos pormenores”, começou por contar-nos Dulce.
Os pais de Dulce e a família de João Melo, na altura um homem com pouco mais de 30 anos, mantinham uma amizade próxima, tendo Dulce, inclusive, chegado a morar com os padrinhos. No dia do acidente, no entanto, estava em França com os pais e a trágica notícia só chegou dias mais tarde via carta. De todas as memórias que guarda dos padrinhos, recorda com pesar um momento contado pela avó de Mafalda, já em Portugal.


Notícias ao MinutoJoão, Lurdes e Mafalda
“A Mafalda viajava muito e adorava viajar de avião com os pais. Na véspera dessa viagem é que estava muito renitente em ir”, relata Dulce, recordando como a avó da criança contou que, na véspera do voo, a menina não queria ir com os pais para a Madeira.
“Algumas coisas ficaram para sempre, a Mafalda na véspera da viagem agarrar-se à avó para não a deixar viajar com os pais é uma delas”, partilha.

Corpos do comandante e do copiloto nunca foram encontrados
 
O voo tinha origem em Bruxelas com destino ao Funchal, tendo efetuado uma escala intermédia em Lisboa, de onde partiu com 164 pessoas a bordo. A aeronave ficou quase totalmente destruída devido à explosão e consequente incêndio, excetuando a secção da cauda, que permaneceu sobre a ponte.


Notícias ao MinutoFotografia do avião Boeing 727 em Palma de Maiorca, em 1976
 
“De um total de 164 pessoas a bordo sobreviveram 33, morreram 122 e desapareceram nove, presumivelmente mortos”, pode ler-se no relatório final da Direção-geral de Aeronáutica Civil, atual Autoridade Nacional da Aviação Civil (ANAC).


O relatório final da comissão de inquérito aberta ao acidente apontou como causa provável “a impossibilidade de desacelerar a aeronave até à paragem do comprimento da pista, devido, provavelmente, aos seguintes factores: condições meteorológicas muito desfavoráveis no momento da aterragem, existência possível de condições para hidroplanagem, velocidade de aterragem de mais de 19 nós, aterragem comprida motivada por um longo ‘flare’ e correção direcional brusca após toque na pista”.
A existência de hidroplanagem, ou seja, as rodas do avião terem deslizado por causa da água na pista, foi refutada por alguns sobreviventes e testemunhas, dizendo, até, que houve uma travagem antes da queda. A TAP, na altura, apontou também, através de relatório interno, as más condições da pista, incluindo as condições de escoamento de água, algo que não foi mencionado no relatório oficial.


Notícias ao MinutoAeroporto da Madeira nos anos 70
 

João Lontrão, o comandante, na altura com 34 anos, e o copiloto, Miguel Guimarães Leal, estavam ao serviço há mais de 13 horas, faziam o quinto voo do dia, sendo o cansaço também apontado como uma possível causa. Os corpos do comandante e do copiloto nunca foram encontrados, assim como os de outras sete vítimas.
O período de horas máximo de voo para pilotos foi entretanto alterado de 17 horas para 13 horas. Os 1.600 metros da pista número 24 foram também ampliados por duas vezes, na sequência do acidente.

17.11.17

O " CASAL VENTOSO " DE CASCAIS

 Recentemente, numa consulta por uns mapas aqui da região, encontrei esta denominação para um recanto quase no centro da Vila de Cascais.
   Obtive estas fotografias, um destes dias, as quais constituem para mim uma recordação de um belo passeio a pé que fiz nesse dia. Prossegui, depois, pelo recentemente inaugurado, Trilho da Ribeira das Vinhas até Alvide e daí até ao Cobre.

Quinta do Casal Ventoso ( Foto de J.P. L )

Quinta do Casal Ventoso ( Foto de J.P.L. )
Trilho da Ribeira das Vinhas. ( Foto de J.P.L. )

Como podemos observar de Ribeira só o nome. Água nem vê-la. Uma tristeza em  finais de Novembro. Ano de 2017

15.11.17

LAGOA DA VELA

A Terceira Dimensão: Lagoa da Vela: A Lagoa da Vela é uma das 5 lagoas do concelho da Figueira da Foz e faz parte do sistema de lagoas dulçaquícolas de Quiaios , Bom Sucesso ...

Obs: Estas duas fotos são meramente elucidativas. Não deixe de visitar o blogue deste meu amigo onde encontrará locais menos " deprimentes ".

Antes do fogo

Depois do fogo


Localização
Coordenadas 40° 16' 30.5" N 8° 47' 29.2" O
Localização Bom-Sucesso,
País Portugal Portugal
Localidades mais próximas Figueira da Foz
Características
Tipo Zonas húmidas Costeiras
Área * 70 hectares km²
Profundidade média 1,5 m
Bacia hidrográfica Rio Mondego
Efluentes Oceano Atlântico
* Os valores do perímetro, área e volume podem ser imprecisos devido às estimativas envolvidas, podendo não estar normalizadas.


13.11.17

CAMARÃO JAPONÊS. CONFIRMADO NO RIO TEJO

CONFIRMADO NO ESTUÁRIO DO TEJO

camarão japonês2017-11-13 (IPMA)

Camarão japonês (Marsupenaeus (Penaeus) japonicus) confirmado no estuário do Tejo.

Desde o ano 2000 que o IPMA / IPMAR previa o estabelecimento do camarão japonês no Estuário do Tejo por ter sido objeto de cultivo experimental nessa área na década de 80 do século passado.
Com esta nota, confirmamos a ocorrência e estabelecimento do camarão japonês no estuário do Tejo, estando a ser capturado pela pesca artesanal, como demonstra a foto.
O IPMA encontra-se a preparar um artigo científico para assinalar este registo.
Este é um camarão com interesse comercial sendo objeto de pesca no Oceano Índico e Pacífico, como o Japão, onde também é produzido em aquacultura.
 A sua introdução na Europa ocorreu através do Canal do Suez para o Mediterrâneo mas também de modo intencional para a sua utilização em aquacultura em França e Espanha.

11.11.17

A CAÇA na opinião de MIGUEL SOUSA TAVARES



Miguel Sousa Tavares

Advogado
 
Miguel Andresen de Sousa Tavares é um jornalista, editor, escritor e comentador político português. Os seus artigos de opinião são, frequentemente, polémicos.

"Dantes, aos primeiros sinais de Outono, eu entrava em depressão.

 Mais do que a chegada do Outono, o que me deprimia era o fim do Verão, pois que sempre fui devoto dessa verdade enunciada por Rilke: "só o Verão vale a pena".

 Imaginar um longo ano pela frente sem as praias e os banhos de mar, sem as noites quentes nos terraços e pátios, as noites em que o luar atravessa a sombra dos pinheiros e vem pousar no chão do quarto onde dormimos de janela aberta, a maresia trazida pelo vento de sueste nas manhãs marítimas, as frutas de Verão nos mercados, o peixe fresco brilhando ainda com luminosidades de prata, as vozes que se transmitem ao longe, dobrando esquinas e ruelas do que resta dos nossos souks em aldeias ou até em Lisboa, tudo isso, imaginar um ano inteiro sem tudo isso, deixava-me irremediavelmente triste e desamparado, como se as marés de equinócio tivessem varrido todas as possibilidades de alegria, todos os dias felizes.

 Se o Verão morria assim, eu morria também com ele, de cada vez.

Mas, há uns anos, tudo mudou.

 Alguns amigos começaram a levar-me à caça e eu descobri que, além do mar, também havia a terra, e depois do Verão havia o Outono: foi uma descoberta tardia, mas decisiva, como se tivesse descoberto uma quinta estação do ano e, mais do que isso, um novo pretexto para a felicidade.

 Rapidamente tomei a minha decisão e resolvi tornar-me caçador.

 Comecei pelo princípio, passo por passo, e são muitos: as aulas e o exame para obtenção da carta de caçador, aprendendo coisas para mim inteiramente desconhecidas, como o ciclo de vida e hábitos dos animais, modalidades de caça, princípios de balística, como criar e treinar cães de caça, etc.; depois, atravessei todo o imenso processo burocrático para a concessão de licença de porte de arma, escolhi as armas (que ainda hoje são as mesmas), experimentei vários tipos e marcas de cartuchos até perceber com quais me dava melhor e fiz um mínimo de aulas de tiro; finalmente, experimentei dois cães - um tão bom, que mo roubaram, o outro tão mau que foi dispensado e hoje é um urbano-depressivo, cheio de doenças e tiques de personalidade.

Muito embora o campo não me fosse propriamente estranho, eu não sabia como eram os campos de caça.

 Não fazia ideia do mundo novo, primordial e deslumbrante, que iria encontrar.

 Não imaginava as manhãs de geada ou de orvalho suspenso nos arbustos e nos ramos das árvores, as manhãs de frio polar ou as de chuva e lama, onde nos enterramos até à alma e maldizemos a decisão de ter saído da cama - que logo depois bendizemos, assim que os primeiros raios de sol rompem as nuvens e o frio ou que a primeira peça de caça tomba no chão.

 Não imaginava as longas caminhadas por cabeços ou planícies, por leitos secos de rios ou através da água, o cheiro a esteva e a giesta, ou as longas emboscadas, atento a todos os ruídos, ao simples agitar de uma folha, adivinhando a presença próxima dos animais antes de os ver.

 As esperas silenciosas à beira de um riacho, molhando a cara na água cristalina, aproveitando para colher poejos ou beldroegas tardias, aproveitando para pensar na vida, no essencial, no que verdadeiramente importa. A sós, com os três maiores luxos que um homem pode ter: espaço, tempo e silêncio. Porque aqui não há multidões nem urbanizações turísticas, não há pressa nem vozearia de conversas inúteis.

E não sabia que os 'selvagens dos caçadores' (que os há, como em tudo o resto), também conseguem, outras vezes, reunir um grupo de amigos que tudo pode separar à partida, mas que finalmente se encontram unidos por essa paixão primitiva e talvez inexplicável da caça.

 Gosto especialmente dos jantares que antecedem as manhãs de caça, das conversas soltas e sem pressa, das anedotas que dão a volta e regressam no final da época.

 Há quem imagine que as conversas dos caçadores são sobre futebol, mulheres e política.

 Pois lamento desiludi-los: são sobre armas, cartuchos, cães, viagens, o estado dos campos e das culturas e as memórias antigas de 'lances' de caça, umas vezes inventadas, outras reais, que cada um guarda consigo e a que só a um outro caçador vale a pena contar.

E gosto muito das pequenas pensões ou hotéizinhos manhosos de província, onde se joga cartas à lareira do salão (a inevitável 'sueca') e onde os quartos têm pesados armários antigos de madeira e uma casa de banho 'moderna' enxertada no meio do quarto, com o polibã para poupar espaço. 

Gosto de passar em revista e preparar todo o 'material' de véspera: verificar se as armas estão bem limpas, se os cartuchos escolhidos são os melhores para o que se vai caçar, se a roupa e tudo o resto estão preparados para não perder tempo de manhã, em que cada minuto conta.

 E depois é tentar adormecer cedo - o que nem sempre é fácil, porque a adrenalina e a excitação já começam a fazer-se sentir. E, se o sono vier cedo, hei-de adormecer feliz, pensando que no dia seguinte vou à caça, enquanto tantos outros, lá na cidade, vão gastar a noite e a madrugada em bares, discotecas, festas e concertos onde se atropelam para atrair as atenções dos fotógrafos das revistas sociais. 

E,quando eles, se calhar, ainda nem vão no primeiro sono, já eu estou sentado à mesa (trôpego de sono, é verdade) para algum extraordinário pequeno-almoço, como, por exemplo, açorda alentejana com ovo e bacalhau.

"Ah", dirão vocês agora, "e o prazer sádico em matar animais - disso não fala?".


 Falo sim, para dizer que não existe tal coisa como o prazer de matar.

 Existe, sim, o prazer de acertar, que é uma consequência lógica do prazer de atirar. 

Nenhum caçador gosta de errar o tiro ou, pior ainda, de errar parcialmente e deixar um animal ferido, em vez de morto redondo.

 É por isso que a ética exige que, no caso da caça grossa, que pode resistir muito tempo a um ferimento, o caçador vá atrás da peça ferida até lhe poder dar o chamado tiro de misericórdia.

 E é por isso, também, que nenhum caçador que se preze atira a uma ave que não esteja em voo ou a um coelho ou uma lebre que não esteja em corrida. 

Claro que há caçadores que o fazem, mas eu não caço com eles e os meus amigos também não. Também não caçamos o que não comemos e fazemos questão de saber cozinhar uma canja de pombo, uma perdiz de escabeche ou um arroz de tordos.

 E de nos sentarmos todos à mesa, terminada a 'jornada', e ficarmos à conversa pela noite adentro, moídos de cansaço e de felicidade tranquila, de bem com a consciência, de bem com a natureza e as suas leis, em paz contra as imperfeições do mundo, as suas falsidades e fúteis aparências.

E se me deu para escrever este texto é, não só porque abriu a época de caça, mas também por outras duas razões.

 Uma, porque amanhã, diz a lei, é 'período de reflexão' e eu mantenho a tradição de não falar de política antes de eleições.

 Outra, porque a caça é um grande tema de reflexão e uma grande escola de vida e de valores - de companheirismo, de fairplay, de conhecimento e respeito pela natureza, de paciência, persistência, de reaprendizagem de coisas primordiais e evidentes por si mesmas.

 E, por isso, antes que a multidão politicamente correcta da nova doutrina urbana e 'civilizacional' queira julgar como selvagens a caça e os caçadores, ou mesmo bani-los face à lei, convinha que a sua arrogante ignorância ficasse a saber que falam do que não sabem e não percebem, e que, para infelicidade sua, jamais entenderão."



Texto da autoria de Miguel Sousa Tavares, publicado na edição do Expresso de 9 de Outubro de 2009