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22.9.22

PORTUGAL. FUJA DAQUI !

 

Se é jovem fuja de Portugal


Já pagou a despesa dos bancos privados? Lembre-se, há um palavrão para labregos: ‘riscos sistémicos’. Pague e não faça perguntas, deixe isso aos especialistas. Repita: ‘a via do crescimento’ são cortes de pensões, salários e componentes sociais. Obedeça aos mercados. Quando ouvir a palavra ‘social’ significa que estão a dar 10, mas a tirar 20.

Quem manda são os mercados e a democracia é produto fora de prazo. Se em países que já não são soberanos acrescentarmos maus políticos mas espertos, só podemos avançar para formas renovadas de pobreza. Aprenda a suportar isto tudo, faça de conta que não é nada consigo, olhe, faça umas compritas e veja muita televisão.

Sabia que em sete anos vão vender a TAP pela segunda vez? Em 20 anos quantas vezes o Estado socialista venderá a TAP? Sabe que entretanto saíram do seu bolso perto de 4 mil milhões de euros? Esses milhões são vitais, num país tão pobre, para serviços e bens públicos de que as pessoas precisam. No país do faz de conta, tudo é uma fachada, menos as habilidades e o sarro da pobreza remediada.

Lembra-se dos ‘choques tecnológicos’, dos ‘simplex’, programas de informatização e digitalização e essa conversa toda. Foram – são – centenas de milhões de euros. Onde estão os resultados? Tretas.

Um exemplo, o jovem estudante em Lisboa com menos 23 anos que queira ter o passe para viajar nos transportes públicos necessita de comprovar a idade, que vive em Lisboa e está inscrito num estabelecimento de ensino. Ora, se esse jovem se apresentar nos guichets de atendimento com o comprovativo do domicílio fiscal, o cartão de cidadão e o certificado de matrícula, estes não são aceites como prova. No país dos biliões em computadores são necessários carimbos, fotocópias e filas de dias. Falta uma folha específica, onde depois de dois carimbos da universidade/escola, o impresso preenchido pelo aluno com o nome, a idade, o que estuda; depois de três dias em filas, terá acesso a esse transporte gratuito. O cartão de cidadão e o documento da escola não servem.

Diz-me um amigo, Portugal é para espertos e para os do partido: «Em Portugal digitalizou-se a burocracia, dando milhões às consultoras, mas não se digitalizam os processos, eliminando a maior parte deles, pois senão como é que a imensidão do aparelho prestaria vassalagem aos mestres?... Não existem repartições de Finanças em Inglaterra… foram eliminadas e tudo funciona com um profissionalismo e eficiência incríveis!».

Some os milhões de exemplos lusos de como cada um de nós perde dezenas de dias por ano em burocracia inútil e funcionalismo público redundante e terá a soma de anos do nosso atraso. Lembre-se, um funcionário público que trabalhe bem ou mal, ganha o mesmo, os critérios de promoção são os critérios portugueses….

Neste país os jovens saem de casa só aos 35 anos – quem sai – e ganharão menos de 900 euros, mas um T1 custa 400 mil euros e um carro em segunda mão 18 mil euros.

Qualquer pai tem uma obrigação fundamental, se ama verdadeiramente os seus filhos e estes não são de uma juventude partidária, de convencê-los a sair deste buraco que nos torna pequeninos e pobres.

 Sair é fundamental, significa esperança e futuro, não irão para o paraíso, mas não viverão nesta podridão dourada a sol.

Vejo o rosto dos socialistas a rirem-se no parlamento e os seus irmãos social-democratas a espreitarem e a esperarem a sua vez.

7.9.22

FOGO DA SERRA DE SINTRA. A TRAGÉDIA DE HÁ 56 ANOS.

 
O grande Incêndio da Serra de Sintra de 1966 foi o mais grave incêndio ocorrido na serra de Sintra, totalizando 50 quilómetros quadrados de área ardida. Um simples descuido, na zona da Lagoa Azul, esteve na sua origem, segundo investigação da Polícia Judiciária.

O grande Incêndio da Serra de Sintra foi no dia 6 de Setembro de 1966. Em Setembro de 1966, a serra de Sintra era motivo de notícia, nos jornais nacionais e estrangeiros. Não pela sumptuosidade do seu património histórico-natural, mas antes, devido à violência com que o fogo a devastava e às circunstâncias dramáticas em que haviam morrido, durante os trabalhos de extinção, 25 militares do Regimento de Artilharia Anti-Aérea Fixa de Queluz (RAAF).

No grande Incêndio da Serra de Sintra o fogo lavrou – com intensidade brutal – entre os dias 6 e 12 de Setembro. As chamas irromperam na Quinta da Penha Longa, alastrando à Quinta de Vale Flor, Lagoa Azul e Capuchos.

Em diversos momentos, a situação apresentou-se incontrolável, sendo favorecida por elevadas temperaturas e constantes mudanças de vento forte. Vários pontos de referência de Sintra estiveram sob risco elevado, caso do Palácio de Seteais, Palácio de Monserrate e Parque da Pena, entre outros.

A própria localidade de S. Pedro de Sintra chegou a correr perigo. A presença, no ar, de corpos incandescentes, originou focos de incêndio noutros pontos do concelho – Albarraque, Cacém, Colares, Gouveia, Magoito, Mucifal, Pinhal da Nazaré, Praia Grande e Praia das Maçãs – obrigando à dispersão dos meios de combate.

Foram mobilizados todos os corpos de bombeiros do distrito de Lisboa, aos quais se juntaram, ainda, por absoluta necessidade de reforços, pessoal e material de Caldas da Rainha, Elvas e Leiria. Também várias forças militares e militarizadas integraram o dispositivo de luta contra o fogo. Ao todo, estiveram no terreno, mais de quatro mil homens em acção.

A Lagoa Azul e o largo do Palácio Nacional de Sintra foram, em termos estratégicos, os locais escolhidos para concentração dos meios de combate. “Sintra: uma vila ocupada”, escrevia o jornal Diário de Notícias, em 10 de Setembro de 1966, ao legendar uma foto que registava o abastecimento de veículos de bombeiros e militares, defronte do vulgarmente designado “Palácio da Vila”.

O actual edifício do Museu do Brinquedo, ao tempo quartel-sede dos Bombeiros Voluntários de Sintra, acolheu o “quartel-general de combate e alerta”. Toda a região de Sintra ficou envolta numa enorme nuvem de fumo – negro e espesso – sendo visível a vários quilómetros de distância.

À noite, um “medonho clarão”, que se avistava de Lisboa e arredores, fez convergir, diariamente, muitas pessoas a Sintra, para assistirem, de perto, ao gigantesco incêndio. Enquanto uns tinham a atenção centrada no rasto de destruição, outros combatiam o fogo até à exaustão, com todos os meios ao seu alcance.

Serviu para amenizar o cansaço, a corrente de solidariedade desencadeada pelas gentes de Sintra. Por exemplo, conforme destacado pela imprensa, “restaurantes, cafés e pensões serviram, gratuitamente, alimentos a bombeiros e soldados”.

Combate eficaz apesar da falta de meios

Em 1966, ao contrário de outros países, não existiam, em Portugal, meios aéreos para o combate a incêndios. Por outro lado, os veículos de bombeiros não dispunham de tracção às quatro rodas e muito menos de depósitos de grande capacidade e de bombas de grande débito.

Muitas das frentes de incêndio foram debeladas com recurso, entre outras técnicas, ao batimento do fogo, quer com ramos de árvores, quer com material sapador, saldando-se num trabalho deveras penoso e extenuante.

Calcule-se, portanto, as difíceis condições enfrentadas pelo pessoal combatente, na presença de altas temperaturas, agravadas pelas características dos uniformes utilizados na época, com destaque para o capacete de latão e botas de borracha.

Apesar das condições de extrema adversidade e da ausência de meios, incluindo sistema de telecomunicações, bombeiros e militares defenderam, com êxito, o património edificado de Sintra e evitaram que o fogo atingisse maior número de área arborizada.

A abundância de mato ressequido constituiu um dos maiores inimigos enfrentados pelos bombeiros e, por sua vez, representou um dos maiores amigos da combustão.

Na altura, havia sido determinada a proibição de apanhar mato na serra. Como tal, a falta de limpeza dos terrenos foi um dos factores considerados na avaliação das causas da rápida propagação do incêndio. A este respeito, importa referir que o conceito de prevenção, mesmo ao nível da antiga Direcção-Geral dos Serviços Florestais e Aquícolas, não tinha as incidências dos dias de hoje.

Vegetação rara da serra sofreu danos bastante consideráveis, antevendo os técnicos, desde logo, a difícil probabilidade do seu florescimento. Os parques da Pena e de Monserrate salvaram-se, ao contrário da Tapada do Mouco, onde os prejuízos atingiram quase a totalidade da sua área. Os terrenos de particulares foram os mais castigados.

A Serra de luto

Grande parte da serra perdeu a sua beleza e viu-se convertida num horizonte negro, como a significar um manto de luto. Luto, também, pela perda de 25 vidas humanas. Tudo aconteceu na noite de 7 de Setembro, em baixo do Alto do Monge, junto das minas de água, numa altura em que o fogo atingiu o seu máximo.

Um grupo de militares do RAAF que operava no local, sem preparação adequada para o combate a incêndios, deixou-se cercar pelas chamas. A detecção dos seus corpos carbonizados – diz quem testemunhou a tragédia – foi “chocante”.

Desejada por todos, só a queda de chuva permitiu a extinção do incêndio. No dia 12, às sete da manhã, chegava finalmente a solução para um problema que parecera não ter fim: a chuva caía sobre Sintra. Apesar disso, numa medida de prevenção, alguns meios dos bombeiros permaneceram vigilantes no local, de modo a fazer face a inevitáveis reacendimentos. Somente, no dia 25, foram dadas por concluídas todas as operações.

O grande Incêndio da Serra de Sintra de 1966 foi o mais grave incêndio ocorrido na serra de Sintra, totalizando 50 quilómetros quadrados de área ardida. Um simples descuido, na zona da Lagoa Azul, esteve na sua origem, segundo investigação da Polícia Judiciária.

A experiência vivida pelos bombeiros, na serra de Sintra, suscitou um conjunto de reflexões, no domínio organizativo da prevenção e do combate, cuja essência permanece actual e continua a alimentar, repetidamente, no país, na época de Verão, o debate sobre o flagelo dos incêndios florestais.

Ao estudo do assunto, privilegiando uma visão sistémica e nacional, dedicaram-se dois comandantes de bombeiros do concelho de Sintra: Mário Ferreira Lage (BV S. Pedro de Sintra) e José Maria de Magalhães Ferraz (BV Algueirão-Mem Martins).

Já em 1966, à semelhança do que se verifica nos nossos dias, era defendido um trabalho a montante e interligado entre várias entidades intervenientes na problemática dos incêndios florestais.

Vinte anos depois na Serra de Sintra

20 anos depois do grande Incêndio da Serra de Sintra, em 1986, por ocasião do 20.º aniversário do grande fogo na serra de Sintra, os nove corpos de bombeiros do concelho de Sintra (Agualva-Cacém, Algueirão-Mem Martins, Almoçageme, Belas, Colares, Montelavar, Queluz, S. Pedro de Sintra e Sintra), em articulação com a Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP), decidiram evocar a efeméride, promovendo para o efeito um conjunto de actividades que vieram a cumprir-se nos dias 6 e 7 de Setembro.

No primeiro dia, a respectiva programação compreendeu a inauguração de uma exposição retrospectiva do sinistro, na Sala das Galés do Palácio Nacional de Sintra, a inauguração da Mostra Filatélica do Selo Alusivo ao Bombeiro, na Praça da República, n.º 20, e um colóquio subordinado ao tema “Prevenção e Protecção Contra Incêndios na Serra de Sintra”, na Sala da Nau do Palácio Valenças.

No dia 7, concelebrou-se no Alto do Monge uma missa por intenção dos militares que perderam a vida durante o incêndio, a qual foi presidida pelo padre Vítor Melícias, na qualidade capelão da LBP, e transmitida em directo pela Radiodifusão Portuguesa.

À tarde, com um percurso compreendido entre a Avenida dos Combatentes da Grande Guerra e o Terreiro Rainha D. Amélia, realizou-se um desfile dos corpos de bombeiros que intervieram em 1966, cujo comando das forças em parada esteve a cargo do prestigiado comandante Artur Lage, dos Bombeiros Voluntários de Agualva-Cacém.

A assisitir ao desfile, que foi seguido de uma cerimónia evocativa, no Terreiro Rainha D. Amélia, defronte do Palácio Nacional de Sintra, esteve o ministro de Estado e da Administração Interna, Eurico de Melo, que tomou assento na tribuna de honra, entre outras entidades.

Antes, porém, em Junho de 1970, integrada nas Festas do Concelho de Sintra, ocorreu no mesmo local a cerimónia de imposição de medalhas de Abnegação e Serviços Distintos de Mérito Florestal aos corpos de bombeiros que combateram o incêndio, bem como ao RAFF, Legião Portuguesa e Cruz Vermelha Portuguesa.